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Mostra 'Brasileirismo' chega aos últimos dias na Casa do Barão de Camocim
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Mostra 'Brasileirismo' chega aos últimos dias na Casa do Barão de Camocim

Exposição "Brasileirismo", aberta na Casa do Barão de Camocim, promove reflexão sobre as raízes da identidade nacional
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Olavo Santos une história ao contidiano na exposição
Foto: Sal Filmes/divulgação Olavo Santos une história ao contidiano na exposição "Brasileirismo"

Brasileiro: "relativo ou pertencente à República Federativa do Brasil ou que é seu natural ou habitante". Assim define o dicionário a palavra que teve origem ainda no período de colonização do País para designar as pessoas que vinham para trabalhar na extração do pau-brasil.

Apesar do conceito já conhecido, foi a curiosidade pelo verdadeiro significado de ser brasileiro que fez o artista visual Olavo Santos questionar a essência cultural que molda a identidade dos habitantes do País e produzir as obras que compõem a exposição "Brasileirismo".

Aberta ao público, a mostra segue em exibição até o dia 28 de fevereiro na Casa do Barão de Camocim, localizado no Centro da Cidade. O artista cearense destaca que o estudo sobre o tema provoca o desejo de mudança das representações do País no campo artístico.

"Quando comecei a estudar arte e a pesquisar, eu percebi que o espaço em que eu estava inserido não existia, como se não houvesse muitas pessoas iguais a mim por ali, sabe? Isso me incomodava. Assim acabei pesquisando e tentando entender como isso também fazia parte do sentido de ser brasileiro", explica.

Em busca do rompimento com a perspectiva colonizadora, o artista explora o ponto de vista de como a negritude e os povos originários foram inseridos na sociedade que parece silenciá-los, e de se apropriar daquilo que seria das populações negras ou indígenas.

"Eu segui as referências afro-indígenas, porque os povos bantos da África acabam saindo daqueles locais devido à violência e às imposições que enfrentaram", contextualiza Olavo.

Ele segue a explicação: "quando chegam aqui, eles não conseguem trazer sua bagagem cultural, que entra como uma segregação dentro dos cultos que já existem. Para prosperar, ela acaba usufruindo desse conceito aceito, criando algo novo, mas basicamente escondido".

Sob os tons amarelados, amarronzados e esverdeados, a exposição reúne uma série de telas elaboradas com tinta acrílica e a óleo, feitas à mão, a partir de registros da cultura popular ou de memórias afetivas. Olavo Santos traz o peso da cultura cotidiana, promovendo a indentificação da arte com o público.

"Dentro disso (da história), começa a nascer a cultura brasileira. Essa nova cultura nasce do desejo das pessoas marginalizadas, daquelas que foram suprimidas de sua própria cultura, mas que criam algo novo. Isso gera o conceito brasileiro de ser", destaca o profissional.

Durante a pesquisa, ele se deparou com outras falas - como as do ator Abdias Nascimento, da ativista Lélia Gonzalez e da escritora Carolina Maria de Jesus -, que fortaleceram a busca por pontos sobre a verdadeira identidade do País, fugindo do discurso dominante.

"Isso tudo me ajudou a entender minha negritude e a refletir sobre como ver minha própria cultura de uma nova maneira. Porque, quando a gente não entende nossa cultura, nossa visão se torna muito colonial, e isso marginaliza a própria cultura", aponta.

Com curadoria do artista Diego de Santos, em colaboração com o designer M. Dias Preto, a exposição propõe oferecer uma experiência visual de redescobrimento da cultura brasileira. Ambos descrevem a arte de Olavo Santos como uma ferramenta de questionamento social e histórico.

Assim, como a essência brasileira traduzida nas pinturas do Olavo, o artista revela que desde criança via a arte como "válvula de escape". Diante da sua realidade e do bairro onde cresceu, ele buscou romper as expectativas e explorar seu viés artístico.

"A arte me perseguia, e, no momento em que percebi e comecei a estudar mais sobre arte e a me aprofundar. Essa é a minha essência. Não há como fugir disso. É uma sensação estranha, porque, quando você é chamado pela arte, ela se torna parte de você", destaca.

O artista autodidata e realizador de uma pesquisa voltada para a pintura também enfatiza o desejo de mudança por onde sua arte passa, democratizando o seu papel. Ele acredita que a arte deve desempenhar a função de agregar e destaca a importância de "Brasileirismo" como um aliado ao debate sobre as questões de raça, identidade e história.

"É algo muito forte por esse desejo de manter a cultura viva. Isso me atrai muito e ainda me move hoje. Quero que as pessoas se sintam orgulhosas de ser brasileiras, independentemente das adversidades", conclui Olavo Santos.

Exposicao Brasileirismo por Olavo Santos

  • Quando: até 28 de fevereiro. De terça-feira a sexta-feira, das 10h às 17 horas; e sábado, das 10h às 16 horas
  • Onde: Casa do Barão de Camocim (Rua General Sampaio, nº 1632, Centro)
  • Instagram: @sobrado154
  • Gratuito

 

Conheça o artista

Instagram: @olavosanttt

 

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