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'Capitão América: Admirável Mundo Novo' é um filme tecnicamente ruim
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'Capitão América: Admirável Mundo Novo' é um filme tecnicamente ruim

Com Anthony Mackie, "Capitão América: Admirável Mundo Novo" é um filme confuso e tecnicamente ruim
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Foto: . "Capitão América: Admirável Mundo Novo" chega aos cinemas brasileiros

Quatro anos após ser escolhido para substituir Steve Rogers (Chris Evans) como novo Capitão América, Sam Wilson (Anthony Mackie) finalmente aceitou empunhar o escudo e ser o novo símbolo dos Estados Unidos. Agora trabalhando para o governo, o herói deve enfrentar uma nova ameaça: alguém está coordenando ataques terroristas contra o presidente dos EUA, Thaddeus Ross (Harrison Ford).

A decisão da Marvel de substituir um de seus personagens mais populares por um homem negro também em seu universo cinematográfico - desde 2012 Sam é o Capitão América nas histórias em quadrinhos - é no mínimo ousada, ainda que estejamos numa época em que a diversidade se tornou um tipo de tendência.

No entanto, o estúdio não conseguiu sustentar o atrevimento a que se propôs, repetindo o erro de "As Marvels" (2023) em que o longa-metragem deixa de ser sobre o protagonista e passa a ser guiado por outros personagens coadjuvantes.

Assim, "Capitão América 4" é transformado em uma sequência de "O Incrível Hulk" (2008), com a performance de um "filme lado B". As refilmagens e adição de pessoas no elenco de última hora podem justificar o resultado medíocre da trama, que tinha potencial de ser mais.

Chega a ser lamentável que em uma era de longas como "Pantera Negra" (2018), "Homem-Aranha no Aranhaverso" (2018) e "Homem-Aranha através do Aranhaverso" (2023), o mais novo Capitão América tenha ganhado uma narrativa tão pobre.

O roteiro de Julius Onah, Dalan Musson, Malcolm Spellman, Peter Glanz, Rob Edwards é um dos fatores que colaboram para um enredo ruim. Ao decidirem trazer o Hulk Vermelho (Harrison Ford) como um algoz do patriota, a história acaba se perdendo.

O filme deixa de ser sobre a jornada de Sam com o escudo e as questões de raça que surgem ao defender um dos países que mais assassinam pessoas negras no mundo. Passa a ser sobre o momento em que Ross virará o Hulk e como será o embate contra um Capitão América não só diferente, mas mais fraco, já que Sam não teve acesso ao soro como Steve Rogers.

Capitão América: Soldado Invernal

E tudo bem, se essa fosse a premissa do título. Porém, a situação piora quando a trama não decide qual caminho quer seguir ao tentar mimetizar a mesma história de "Capitão América: Soldado Invernal". O espectador fica confuso sobre os rumos da produção.

Para além disso, a sonoplastia da obra é outro fator prejudicial à qualidade. Erros como a música estourada se sobrepondo à voz dos personagens se fazem presentes em diversas cenas.

Nem o CGI (as imagens geradas por computador) escapa da série de falhas do filme. Durante a luta entre o Hulk Vermelho e Sam, um dos momentos que deveria representar o clímax do filme, percebemos o contorno do novo Capitão América sobre o fundo de cenário.

Apesar de todos os descuidos do primeiro filme da Marvel de 2025, Anthony Mackie brilha como o novo futuro líder dos Vingadores. O ator repete o feito da série "Falcão e Soldado Invernal" (TFAWS), representando com maestria o super-herói e servindo boas coreografias de luta.

Carl Lumbly reprisa seu papel de TFAWS como Isaiah Bradley, o Capitão Esquecido, trazendo doses de drama interessantes e aprofundando um pouco o longa ao pautar o encarceramento de homens não-brancos.

Já o novo Falcão, Danny Ramirez, traz um alívio cômico desnecessário. A trama tenta de alguma forma mimetizar a química de Steve e Sam, mas falha ao trazer um personagem raso e cheio de piadas sem graça.

No fim, "Capitão América Admirável Mundo Novo" não é o pior filme do Universo Cinematográfico da Marvel (UCM). Não podemos esquecer dos terríveis "Homem-Formiga: Quantumania" (2024), "Thor: Amor e Trovão" (2022) e "Doutor Estranho: Multiverso da Loucura" (2022).

Infelizmente, o novo super-herói só escancara que quando a diversidade vai deixando de ser tendência, histórias sobre minorias perdem seu valor. 

Capitão América: Admirável Mundo Novo

 

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