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Irlys Barreira lança o livro "Mulheres em ponto cruz" no Ideal Clube
Vida & Arte

Irlys Barreira lança o livro "Mulheres em ponto cruz" no Ideal Clube

Socióloga e psicanalista, Irlys Barreira, professora do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFC, estreia na ficção com a coletânea de contos "Mulheres em ponto cruz"
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Socióloga e psicanalista, Irlys Barreira é professora do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFC (Foto: GRUPO PRIMAVERA EDITORIAL/DIVULGAÇÃO)
Foto: GRUPO PRIMAVERA EDITORIAL/DIVULGAÇÃO Socióloga e psicanalista, Irlys Barreira é professora do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFC

Irromper os limites da vida e atracar no porto da ficção. O ponto de chegada é o livro de contos "Mulheres em ponto cruz", que a escritora, socióloga e psicanalista Irlys Barreira lança nesta quarta-feira, 12, às 20 horas, no Ideal Clube. O ponto de partida se deu por meio de uma longa trajetória como leitora de ficção e, durante a pandemia, através de um curso de escrita literária que a fez ficar frente a frente com o desejo e a "vocação" de contar histórias.

Na travessia, porém, é que Irlys se encontra com as 25 mulheres que compõem a coletânea de contos vencedora do edital Mulheres Literárias, do grupo Primavera Editorial. Ada, Adriana, Aglaíde, Bárbara, Denise, Ethel, Gilda, Madalena, Rosita, Veleda, Zenaide são algumas das personagens que fazem Irlys, aos poucos, desenvolver a liberdade criativa. "Queria me afastar da ideia de biografia, e embora escreva sobre histórias da minha infância, de coisas que observei, que vivi e que foram inspiração para minha escrita, trabalhei com elas a ideia de ficção".

A socióloga entra em cena e vai buscar no conceito de "tipo ideal", elaborado por Max Weber, uma possibilidade de ancoragem narrativa. "Max Weber diz o seguinte: para entender um fenômeno é importante que você exagere as suas características para que, quando contrapor com a normalidade, você possa dizer o que ele é, em que sentido ele se aproxima ou não (do normal)". Montando a caricatura das personagens, Irlys Barreira desvendou o cotidiano insubordinado de mulheres que exalam desejos de amor e liberdade e, ao mesmo tempo, são contraditórias, cheias de idas e vindas em suas idiossincrasias. "Essa caricatura me inspira a pensar que o ser humano é um pouco caricatura de si mesmo", afirma a escritora.

Ambientado na década de 1970, às vezes antes, algumas outras, depois, "Mulheres em ponto cruz" mergulha nas expectativas femininas, nas frustrações, no que está à flor da pele, mas também nas profundezas do silêncio, no humor e na tristeza. "Eu quis romper com a ideia de mulheres tradicionais e com a ideia de que o passado é muito diferente do presente, porque as estratégias de ser, as angústias e os problemas são muito perenes. Talvez mude a forma, mas essas mulheres do passado não eram tão subordinadas quanto parecem. Elas tinham a sua maneira de ser, tinham o seu silêncio, suas estratégias, suas angústias, seus medos, a vontade de ter alguém e a vontade de ser feliz".

Para a socióloga, as mulheres, ao longo da história, são as interlocutoras privilegiadas das transgressões e das interdições sociais. Da coletânea de contos "Mulheres em ponto Cruz" saem Adriana, que decide se vingar do marido infiel no mais absoluto silêncio; Almerinda, a adivinha da sua própria desgraça; Bárbara, que soube se despedir com dignidade diante do sonho desfeito; Veleda, cuja marca do vestido preto e sóbrio de viúva carpideira deixa escapar lágrimas demais no velório de um certo médico. "Esses são tipos ideais, no sentido weberiano, desse processo onde o social age muito fortemente. Tanto na proibição, como na regulação, enfim, as mulheres são muito vivas", pondera.

Segundo Irlys Barreira, seu processo de criação e escrita dos contos de "Mulheres" foi ainda mediado pela psicanálise. "Eu tomei, talvez, os personagens na sua construção agonística, vamos dizer assim, que é aquela em que o império do desejo está tensionado pela interdição da vida, seja a vida familiar, seja a vida mais ampla, a social", afirma a psicanalista.

Para ela, a própria categoria "desejo", um dos pilares da psicanálise, permite a existência de contradições, além da experiência de se ser vários ao mesmo tempo. O olhar psicanalítico, analisa a escritora, é que dotou de "pluralidade, própria da condição humana", as personagens do livro. "Foi esse olhar que tornou meus personagens incoerentes, eles fazem coisas imprevisíveis, mesmo estando em vidas tão reguladas". E complementa: "Me coloquei no lugar de uma psicanalista que escuta sem nenhuma preocupação em avaliar ou julgar, ou dar um final feliz (às narrativas), ou mesmo uma condição (específica) a cada uma delas. O mundo é paradoxal, a vida das pessoas é cheia de contradições, de incoerências, de desejos e de impossibilidades". Como revelam Eulália, Délia, Jacira, Maria das Dores, Margarida…

 

Capa do livro Mulheres em ponto cruz, de Irlys Barreira
Capa do livro Mulheres em ponto cruz, de Irlys Barreira

Mulheres em Ponto Cruz

Livro de Irlys Barreira

  • Disponível na plataforma Amazon e no site da Primavera Editorial
  • Quando: quarta-feira, 12, às 20 horas
  • Onde: Ideal Clube, salão Humberto Cavalcante (Avenida Monsenhor Tabosa, 1381 - Meireles)
  • Valor do livro: R$ 54,90

 

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