Em cima de um palco bastante elevado, Millie Bobby Brown e os irmãos Anthony e Joe Russo observam impactados a recepção calorosa de quase 1.500 pessoas em um hangar em São Paulo (SP). Ao redor, uma estrutura que ia de decorações carnavalescas a grandes telas com projeções dinâmicas.
No ar, música essencialmente brasileira — e conectada à folia do Carnaval. Felizes, eles retribuem ao público o carinho transmitido. Enquanto os diretores de “Vingadores: Ultimato” destacam como os brasileiros representam sua maior base de fãs, a atriz ouve seu nome ser ovacionado e arrisca a falar em português: “Eu amo vocês”.
Realizada na última sexta-feira, 14, a festa Trio Electric State pode ser caracterizada como “elétrica” — não só por um trocadilho com o nome do novo filme, “The Electric State”, por eles estrelado, mas devido à animação e à pompa envolvidas. Afinal, até a “diva” — nas palavras da própria Millie Bobby Brown — Pabllo Vittar participou.
Para além de uma ação promocional, a iniciativa serviu para conectar fãs a nomes que marcam o audiovisual estrangeiro nos últimos anos. O evento fechado foi produzido pela Netflix para divulgar “The Electric State”, novo filme de ficção científica já disponível na plataforma. Protagonizado por Millie Bobby Brown (“Stranger Things”), o longa também tem no elenco nomes como Chris Pratt, Ke Huy Quan, Giancarlo Esposito e Stanley Tucci.
Ambientada em versão alternativa dos anos 1990 após revolta de robôs, a obra acompanha Michelle Greene, jovem órfã que se aventura pelo oeste americano em busca de seu irmão mais novo. Em sua companhia, um robô inspirado em um desenho animado e um contrabandista com seu fiel escudeiro.
Diante disso, o evento buscou misturar o universo retrofuturista com o Carnaval brasileiro. O Vida&Arte acompanhou in loco a convite da Netflix. Além de abadás, o local foi preenchido por música, leques, robô gigante e reverências aos astros da noite. Na festa, repertório incluiu faixas de nomes como Ivete Sangalo e BaianaSystem, bem como apresentação do bloco Cornucópia Desvairada.
Quem também roubou a cena foi um robô gigante que apareceu na multidão e mostrou “seu rebolado” de acordo com as músicas tocadas. Ao longo do evento, fãs e convidados se misturaram na pista pré-show, nas filas para pegar brindes e nos espaços interativos - como, por exemplo, o telão com Millie Bobby Brown.
Houve quem fosse ao local logo após o trabalho para vê-la, como as amigas Tamires e Jéssica Martins. “Vamos gritar muito quando ela aparecer”, disse Thamires. A presença da atriz também foi marcante para Isabelle Cunha, dubladora de Millie Bobby Brown no Brasil: “É muito gratificante, para mim, essa jornada com ela (de dublagem). Eu a acompanho desde criança, passando pela adolescência e agora na fase adulta”.
No palco, a intérprete de Eleven em “Stranger Things” anunciou Pabllo Vittar após falar sobre sua personagem e agradecer o carinho dos brasileiros: “Trouxe uma diva comigo. Por favor, aplausos para Pabllo Vittar!”. Ela, por sua vez, chamou Brown de “musa” e passou a comandar a festa, tocando hits como “Amor de Quê” e “Alibi”.
A agenda dos Irmãos Russo e de Millie Bobby Brown não se restringiu a festa. Na manhã de sexta-feira, 14, participaram de entrevistas com influenciadores e veículos de imprensa. O POVO foi um dos convidados e, em mesa-redonda, questionou aos diretores como percebiam a importância de discutir no filme temas como a relação humana com a tecnologia.
“Estamos à beira do avanço tecnológico mais profundo da história da humanidade, que vai acontecer nos próximos anos. Estamos preparados para isso? Não sei. Acho que todos sentimos um certo pavor existencial em relação a isso. Então, vale a pena falar sobre isso, porque a intenção do filme não é demonizar a tecnologia. Ela fez muitas coisas incríveis por nós. Na verdade, todos temos uma expectativa de vida mais longa graças à tecnologia. Mas, ao mesmo tempo, ela é muito perigosa. Faz coisas perigosas, e temos que aprender a mitigar esses perigos”, disse Joe Russo.
Ele complementou, destacando a relevância de pensar como crianças assimilam esses recursos: “É muito difícil chamar a atenção das pessoas hoje em dia. Talvez consigamos fazê-las focar por alguns minutos em uma história que levanta questões mais profundas sobre sua relação com a tecnologia. Você está em um equilíbrio saudável com ela ou em um equilíbrio infeliz? Porque, com base nos dados, a maioria da sociedade está em uma relação pouco saudável”.
Estrela de “The Electric State”, Millie Bobby Brown ponderou, entre outros assuntos, sobre a importância de mais histórias no audiovisual protagonizadas por mulheres, sua relação com o Brasil e como se sente ao interpretar personagens de épocas nas quais não viveu, visto que também atuou em obras como “Enola Holmes”.
“As pessoas gostam de assumir papéis que as deixam confortáveis, mas eu gosto de assumir papéis que parecem fora da minha zona de conforto, coisas que não conheço, porque isso me ensina e me educa. Eu não sei tudo sobre os anos 1990, ainda estou aprendendo. Então, para mim, mergulhar em uma história que não conheço, que não tenho familiaridade com a nostalgia dos anos 1990… é algo que gosto de fazer para aprender”, pontuou.
Batidores
Realizada no Hangar Campo de Marte, o Trio Electric State mobilizou não somente as estrelas do novo filme da Netflix, mas influenciadores e personalidades como a deputada federal Érika Hilton (Psol). No clima de Carnaval, os foliões de plantão podiam customizar seus abadás com brilhos, cortes personalizados e maquiagens. Para o evento, diversos setores foram acionados, como alimentação, segurança, equipe médica e bombeiros, representando estrutura relevante para a festa de lançamento.
The Electric State