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Série "Paradise" cativa público com surpresas e personagens complexos
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Série "Paradise" cativa público com surpresas e personagens complexos

Primeira temporada da série "Paradise" cativa público com surpresas e personagens complexos em história que mistura crime político e ficção científica
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Xavier Collins, interpretado por Sterling K. Brown, é protagonista de
Foto: DISNEY PLUS/DIVULGAÇÃO Xavier Collins, interpretado por Sterling K. Brown, é protagonista de "Paradise"

Em um cenário com dezenas de séries de suspense e conspirações envolvendo assassinatos presidenciais, "Paradise" não demorou muito para conseguir repercussão positiva. Lançada em janeiro deste ano nos Estados Unidos pelo canal pago Hulu - no Brasil, está disponível no Disney Plus - o sucesso de audiência já garantiu renovação para uma segunda temporada e não é difícil entender os motivos, principalmente porque o público está pronto para novidades, ainda mais quando são bem feitas.

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O objetivo principal da história é surpreender e efetivamente nada é o que parece ser no texto de Dan Fogelman, o mesmo criador de "This Is Us", marcante série dramática, exibida de 2016 a 2022. Com oito episódios que misturam tensão política, ficção científica e tragédias familiares, "Paradise" está longe de ser uma série apenas na qual um crime precisa ser esclarecido. Na verdade, é bem mais complexa e cheia de camadas, entregando reviravoltas constantes.

Logo no início, somos apresentados a Xavier Collins, interpretado por Sterling K. Brown, não por acaso, um dos protagonistas de "This Is Us". Ele é um agente do serviço secreto norte-americano, pai solo de duas crianças, que tem a missão de proteger o presidente Cal Bradford. De cara, entretanto, o caos já está na tela. Com menos de dez minutos do primeiro episódio, Bradford é assassinado. Até aí, tudo parece seguir o caminho de uma série de suspense comum, mas a fórmula padrão logo é distorcida e o cenário fica realmente interessante.

A trama segue o caminho da busca pela verdade e, nele, Collins se torna suspeito, mas o que se desenrola vai muito além de um simples mistério de assassinato, a começar pelo momento pós-apocalíptico em que o mundo está inserido, buscando uma trilha de paz, mas na maioria das vezes cercado de mentiras (nada mais citarei sobre o assunto específico para não estragar as surpresas dos episódios).

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Apesar de coadjuvantes marcantes (Julianne Nicholson vai bem demais como a cínica multimilionária Sinatra e James Marsden faz um jovem e convincente presidente com perenes crises de consciência), é o personagem de Sterling K. Brown que brilha. Ele traz toda a carga emocional necessária para um agente que, ao mesmo tempo em que trabalha nas investigações, precisa lidar com traumas impactantes que o levaram até aquela situação. A cadeia de mistérios não surge apenas durante a busca pelo assassino, mas também dos interesses dos grupos mais poderosos da nova sociedade construída e do que vai sendo mostrado sobre o próprio Xavier, incluindo as escolhas que ele precisou fazer.

As cenas em flashback também são um trunfo de "Paradise". Elas não são usadas de forma superficial, pelo contrário, ajudam a aprofundar a história e a explicar o presente. Não há pontas soltas e a teia de revelações faz questão de não deixar nada sem explicação, você goste ou não do resultado. Assim, para quem tem receio de finais abertos, não há motivo para preocupações.

Outro ponto fundamental que vale ser destacado é o sétimo episódio da série. Ficamos diante de uma obra impressionante de ação, construída para impactar o mais blasé dos espectadores. É nele que o autor mostra exatamente como foi o dia em que o mundo que se conhecia sofre um impacto definitivo, se tornando um marco na temporada, com atuações tensas e emocionais de um elenco extremamente bem preparado e dirigido pelo quarteto Hanelle M. Culpepper, Glenn Ficarra, Stephen Williams e John Requa.

É também pela direção da série e intenção do autor que, apesar de todos os elementos de ficção científica e mistério político, a série nunca perde o foco no lado humano. A maneira como ela explora as relações familiares, as traições, os segredos e as escolhas difíceis que os personagens enfrentam é o que confere profundidade à trama e faz quem assiste sempre ficar se questionando sobre o que faria se estivesse em posição semelhante. E assim, "Paradise" vai muito além das aparências.

 

Paradise

 

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