Tendo o Ceará como referência, o Chile fica no extremo oposto da América Latina. São mais de 6 mil quilômetros entre a Praça do Ferreira e a Praça das Armas, no Centro da capital Santiago. No entanto, a terra de Pablo Neruda tem sido uma das rotas mais procuradas por turistas brasileiros, incluindo cearenses. Segundo a subsecretaria de Turismo do Chile, o Brasil ocupou o segundo lugar em número de visitantes em 2024.
Para atender essa demanda, a Latam inaugurou três novas rotas entre Brasil e Chile no ano passado, uma delas sendo um voo direto saindo de Fortaleza - as outras de Brasília e Recife. São 7 horas e 30 minutos de voo que, entre as benesses da classe executiva, está o programa "Sabor à Brasileira", com cardápio assinado desde janeiro pelas chefs Nara Amaral (Brasil) e Lorna Muñoz (Chile). A convite da empresa aérea, o Vida&Arte conheceu a novo voo, onde foi servido Bobó de Camarão regado a vinhos - branco e tinto - chilenos.
Os vinhos chilenos estão entre os mais requisitados pelos apreciadores desta santa bebida, que é também responsável por toda uma rota turística atraente pelo país. Além do vinho, tem a gastronomia forte em frutos do mar; a história que passa pelos povos mapuches, Salvador Allende e Augusto Pinochet; a arquitetura que mistura o rústico, o moderno e o histórico; cenários marcados pela cordilheira dos Andes; parques, museus, galerias e festas ao som de reggaeton.
A seguir, seguem algumas atrações imperdíveis para quem for visitar o Chile.
*O jornalista viajou a convite da Latam.
Casas de Neruda
O Chile tem dois escritores premiados com o Nobel. A primeira, em 1945, foi Gabriela Mistral. O segundo, em 1971, foi para Pablo Neruda, reconhecido por obras como "Vinte Poemas de amor e uma canção desesperada" (1924), pela atuação política e por polêmicas envolvendo sua fama de burguês.
Apesar dessa imagem arranhada, o escritor-diplomata é um dos centros de atração de turistas, principalmente para suas casas que hoje são abertas para visitação. Em Santiago (La Chascona), Valparaiso (La Sebastiana) e Isla Negra, cada um desses museus guarda memórias e histórias. Suas coleções de garrafas e louças estão dispostas nas paredes. Uma garrafa com paisagem desenhada em areia colorida, presente do amigo baiano Jorge Amado, está entre muitos artefatos da casa de Isla Negra.
A casa, onde morou com Matilde Urrutia, era a preferida do escritor. Tanto que é lá que estão enterrados os corpos do poeta e de sua esposa. De frente para o mar, ele assumia ali sua paixão pela navegação.
Costanera center
Se do chão a vista para a cordilheira do Andes é impressionante, imagina estando 300 metros acima. Essa é a experiência que o Sky Costanera proporciona. O observatório panorâmico fica localizado no topo do Costanera Center, prédio mais alto de Santiago do Chile, e é um dos pontos turísticos mais famosos da capital. Localizada no bairro de Providência, a imensa torre se impõe na paisagem e é dividida entre salas comerciais e um shopping center nos primeiros andares. No topo, além da vista de tirar o fôlego, um restaurante com drinks, cardápio sofisticado e música ao vivo.
Cerro San Cristóbal
Para combinar belas paisagens e algo de tranquilidade, o Parque Metropolitano de Santiago é um prato cheio. Localizado no Cerro San Cristóbal, tem capela, zoológico e duas atrações principais: o funicular e o teleférico. O primeiro é um bondinho, também muito encontrado em Valparaíso, para subir até o topo da colina. E o segundo, com 4,8 quilômetros de percurso, une os bairros de Bella Vista e Providência. Explorar o parque a pé ou do alto é inesquecível. E mais: no topo do Cerro está o Santuário Imaculada Conceição com uma imagem de 22 metros.
Museus
Museus são sempre boas pedidas de passeios para turistas. Aqui vão três sugestões para quem estiver visitando o Chile. O Museu Histórico Nacional fica na Plaza das Armas e guarda artigos que vão desde os tempos pré-coloniais até a atualidade. O volume de informação é enorme e inclui diversos objetos, maquetes, peças de vestuário, tudo organizado em um prédio que já belo por si. Se o visitante tiver sorte, pode ser escolhido para subir até a torre que fica no topo da construção. Como as escadas são estreitas, não dá para subir um grande número de pessoas.
Outro ponto interessante é o Parque Quinta Normal, que já oferece um passeio agradável pelo seu cenário. E é lá onde estão localizados diversos museus, incluindo os de arte contemporânea, história natural, ferroviário e infantil. Por fim, de tirar o fôlego é o Museu da Memória e dos Direitos Humanos. O foco é abordar o período ditatorial chileno, que foi de 1973 até 1990. As memórias foram preservadas em livros, jornais, documentos de época, vídeos, fotos, tudo ocupando um imenso prédio de linhas retas inaugurado em 2010.
Logo na entrada, uma imensa parede acumula fotos de dezenas de desaparecidos do período em que Augusto Pinochet esteve no poder. Mais à frente, uma lista de nomes de estrangeiros - incluindo brasileiros - que também sumiram enquanto estavam à época no Chile. Entre os espaços mais impactantes, uma cama de metal que, quando eletrificada, era usada como instrumento de tortura, e uma exposição de brinquedos e cartas feitos por crianças que tiveram seus pais presos.
La Casona Matetic
Saindo de Santiago, por cerca de 90 minutos, chega-se ao Vale do Rosário, onde está localizado o hotel botique La Casona Matetic. O local combina uma série de passeios com gastronomia de alta qualidade, vinhedos e uma hospedagem que prima pela exclusividade. Logo na chegada, os visitantes são recebidos em um salão colonial com mais de 100 anos cercado por móveis suntuosos e lareira, e uma taça de vinho de fabricação própria. A área como um todo transpira bom gosto, com imensos jardins, piscina, objetos de cerâmica e um lago com gansos.
Entre os passeios, está uma caminhada (mas também pode ser de bicicleta) guiada pelo vale conhecendo detalhes da fauna e da flora, com o risco de cruzar com alguma aranha nativa ou uma raposa, entre outros moradores da área. Um pouco mais distante, tem uma visita à vinícola Matetic, onde é possível conhecer todo o processo de fabricação dos vinhos da casa. Das plantações até o encerramento com degustação, há muito o que aprender sobre o tema. E, claro, uma das ofertas mais comuns da casa é o jantar harmonizado onde os enólogos indicam os melhores rótulos para degustar com pratos feitos a base de frutos do mar, peixes e carnes.
Mais informações:
turismo.matetic.com
Vinícola Santa Rita
Seguindo para o Valle del Maipo, a comunidade de Santa Rita vive em torno da produção de vinho. Fundada em 1880, a Vinícola Santa Rita é uma das mais antigas do Chile e integra um complexo turístico que conta com o Museu Andino, o café La Panadería, o restaurante Doña Paula e o Hotel Casa Real. Tudo está disposto em um terreno de 40 hectares que também abriga lagos, uma capela, esculturas e piscina. A dica é o "barcicleta", um bar sobre rodas onde o visitante toma vinho enquanto conhece o parque pedalando.
Projetado para ser a casa de veraneio do fundador da vinícola, o Hotel Casa Real já é uma atração em si. São 16 quartos, salões clássicos (que preservam os móveis do fim do século XIX), um terraço, tudo cercado por jardins. Neste terraço, é oferecida a degustação dos vinhos.
Onde comer
Ceviche, empanadas e chorrillana são alguns dos sabores típicos do Chile, feitos para serem degustados com vinho, pisco ou outro drink. Para quem quer provar essas ou outras opções, a dica é conhecer o Pátio Bella Vista, no bairro Providência. A galeria a céu aberto reúne diversas lojas de produtos diversos, mas tem como destaque a gastronomia. São vários restaurantes, desde grandes marcas de fast food até uma cozinha autoral, como o Tambo, dedicado à cozinha crioula peruana. Para quem preferir optar pelos frutos do mar, o Casa Las Cujas fica em dois endereços, no bairro Vitacura, em Santiago, e na Ilha de Cachagua. Com peixes e mariscos, o estabelecimento ainda oferece ambiente elegante, íntimo e agradável.