Sofisticada e elegante — duas palavras que definem o trabalho de Fátima Castro, empresária da moda cearense. Começando a empreender no cenário com o bordado e outras peças artesanais, a mulher trouxe um novo olhar para a produção dessas indumentárias, atrelando a ela elegância em meio a simplicidade.
A trajetória dela é contada no livro "Fátima Castro, o estilo de uma mulher à frente do seu tempo", escrito pela designer Beatriz Castro, filha de Fátima. O lançamento da obra ocorre nesta quarta-feira, 2, a partir das 16 horas no espaço A Goiabeira - Casa de Criativos, localizado na Praia de Iracema.
"Tinha muita vontade de deixar um registro do trabalho dela. Ano passado faria 50 anos que ela tinha iniciado o ateliê, achei uma data simbólica e resolvi me debruçar para escrever sobre ela", aponta Beatriz, explicando o processo criativo.
Foi como um mergulho — a estilista imergiu no baú de memórias que guarda as lembranças da trajetória da mãe. Antes da moda, ela pontua, Fátima se dedicava ao Conselho Estadual de Educação, mas o amor sempre esteve na área dos sonhos e, com o apoio da avó de Beatriz, deixou para trás a carreira de 20 anos no serviço público e investiu no ateliê.
"Minha mãe faleceu em 2020 e, a partir desse momento, comecei a refletir sobre ela, a postura dela na vida; sobre o posicionamento dela como mulher no mundo — que é predominantemente masculino. E fui compreendendo que ela não era uma mulher comum para a época dela", destaca.
O primeiro ateliê de Fátima foi na garagem da casa mãe, sendo transferido em seguida para a própria casa. Com a notoriedade do trabalho, se tornou uma loja maior, para depois se tornar uma indústria com mais de 100 costureiras. A partir desse momento, Beatriz também assume o negócio, estando à frente na parte de criação.
Para a agora escritora, a mãe foi uma das primeiras pessoas a transformar uma roupa simples e corriqueira em uma peça mais sofisticada. "Ela trabalhava também com roupa de festa, porém basicamente era mais para o dia a dia, mas com um refinamento, um cuidado em termos (de escolha) do tecido, acabamento e bordado", pontua.
Essa postura observada na mãe inspirou o trabalho de Beatriz, que adentrou o universo da moda e montou o próprio ateliê e marca: Ethos. Atualmente, a loja se localiza onde funcionou o primeiro ateliê da mãe, na rua dos Tabajaras, Praia de Iracema.
"Foi com ela que aprendi que a simplicidade é tudo de bom, porque a mãezinha nunca fez roupas extremamente rebuscadas", arremata. A artista define a indumentária da marca própria como "básica", justificando que por produzir peças de forma manual, sempre opta por ir até onde pode.
"Esse fazer o que pode com o que você tem da melhor maneira possível, aprendi com minha mãe", completa. As peças que carregam detalhes com bordados, por exemplo, são feitas manualmente por ela.
A ideia, como dito anteriormente, é registrar o legado de Fátima, além de inspirar outras gerações de trabalho artesanal e autoral com a da empresária. "O legado dela é mostrar que você pode ter um estilo próprio utilizando valores que você acredita e correr o risco de colocar isso no mundo", arremata.
E conclui, celebrando: "Acho que ela deixa um exemplo muito forte de valorizarmos o que temos aqui. Valorizarmos as coisas que são valiosas da nossa cultura cearense, que o bordado é uma delas, o feito à mão é uma delas".
Lançamento "Fátima Castro, o estilo de uma mulher à frente do seu tempo"