Diretamente do Pará, a banda Baile do Mestre Cupijó chega a Fortaleza para apresentar agenda entre esta quinta-feira, 24, e domingo, 27.
O grupo foi criado em 2017 para participar musicalmente do documentário "Mestre Cupijó e Seu Ritmo" (2019), mas o sucesso foi tão grande que o diretor e produtor musical João Cavalcante decidiu seguir com o projeto.
O Mestre Cupijó (1936-2012) nasceu em Cametá, no Pará, sendo considerado um ícone da música do estado. É devido ao trabalho dele que os ritmos siriá e banguê passaram a ser conhecidos nacionalmente. A obra do artista foi considerada Patrimônio Cultural Imaterial do Pará em 2023.
De acordo com João, Cupijó se destacou por criar um ritmo original que mistura elementos da cultura afro-indígena local com influências da música instrumental latina. "Com seis discos lançados, ele se tornou uma referência incontornável da música paraense, registrando em seus discos um legado que permanece vivo até hoje", define.
Para ele, a repercussão nacional do grupo tem grande impacto para a cultura do Pará e "é uma forma de manter viva a memória dos mestres da região", além de "criar novas possibilidades para essa música ganhar o mundo".
Saxofonista e também diretor musical da banda, Felipe Ricardo alimenta o diálogo sobre a importância de expandir os gêneros mencionados. "Nos sentimos muito honrados em poder proporcionar e levar a nossa cultura para o Brasil todo, País tão diverso e plural. Poder levar essa música para o maior número de cidades e estados é de maior honraria para a banda", diz.
Já o guitarrista Danilo Rosa pontua a influência da música cearense na paraense. "Poder fazer esse intercâmbio só aproxima mais a gente. Pela receptividade que os públicos têm conosco, acreditamos que conseguimos apresentar e marcar a memória de muitas pessoas", inclui.
Além dos shows - que traz saxofone, trombone, trompete, guitarra, baixo, vocais e percussão -, o Baile do Mestre Cupijó chega com duas oficinas ministradas pelo percussionista Rafael Barros, que proporciona aos alunos a vivência de práticas instrumentais para a compreensão da relevância histórico-cultural na música brasileira.
"A gente vai realizar uma oficina de percussão amazônica com o Rafael Barros, percussionista do Baile do Mestre Cupijó e um dos grandes nomes da percussão aqui na região. Ele vai guiar os participantes por ritmos como Siriá, Carimbó, Banguê e Samba de Cacete, mostrando não só as batidas e os instrumentos, mas também o contexto cultural por trás de cada um deles", detalha João.
O diretor e coordenador geral explica ainda que será um encontro "bem prático, com troca de saberes e experimentação sonora", destinado tanto para quem já toca quanto para quem está começando.
A oficina acontecerá nos dias 25 e 26 de abril, às 16 horas, na Caixa Cultural Fortaleza. "A ideia é que cada participante saia de lá com mais ritmo no corpo e mais Amazônia no coração", anuncia.
Apesar do destaque que os músicos dão às sonoridades criadas pelo Mestre Cupijó, as canções terão adaptações feitas pelo grupo, que busca trazer mais jovialidade para suas apresentações.
"Da mesma forma que o Cupijó atualizou a música da região dele, nós atualizamos a música do Mestre para nossa geração, trazendo um vigor e jovialidade que naturalmente são inerentes desse grupo", menciona Danilo.
Por fim, complementando Danilo, João revela: "Trazemos no som a base rítmica do siriá e do banguê, mas também dialogamos com outras referências da música amazônica, como o mambo e até o tecnobrega, em alguns momentos. O show é sempre uma celebração coletiva, com arranjos que respeitam o estilo de Mestre Cupijó, mas também o expandem. É música pra dançar, sentir e aprender".
Baile do Mestre Cupijo
Percussão com Rafael Barros