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Temporada teatral em Fortaleza homenageia humorista Dercy Gonçalves
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Temporada teatral em Fortaleza homenageia humorista Dercy Gonçalves

Espetáculo "Nasci Pra Ser Dercy" homenageia a atriz e humorista Dercy Gonçalves e é apresentado em duas sessões em Fortaleza
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Monólogo
Foto: Heloisa Bortz/Divulgação Monólogo "Nasci Pra Ser Dercy" relembra trajetória da artista

O monólogo “Nasci Pra Ser Dercy”, criado em homenagem à atriz, humorista e cantora brasileira Dercy Gonçalves, é apresentado no Cineteatro São Luiz em Fortaleza neste fim de semana. A premiada peça ganha duas sessões, sendo uma neste sábado, 26, às 20 horas, e outra no domingo, 27, às 18 horas.

Os ingressos estão à venda por valores a partir de R$ 50. Estrelado por Grace Gianoukas e com voz em off de Miguel Falabella, o espetáculo revisita a trajetória de Dercy Gonçalves. O trabalho foi visto por mais de 40 mil pessoas em diferentes estados brasileiros e rendeu os prêmios Shell e APCA de Melhor Atriz para Grace Gianoukas, que interpreta Dercy Gonçalves.

O diretor Kiko Rieser venceu o Prêmio Bibi Ferreira (2023) na categoria Melhor Dramaturgia Original. A peça visa unir o apelo popular e o carisma da artista por meio de profunda pesquisa. Ela morreu em 2008, quando tinha 101 anos. O espetáculo mostra a importância da atriz para o teatro brasileiro e para a liberdade feminina.

"Mulher grandiosa e complexa"

O monólogo se inicia com uma atriz, Vera, entrando no estúdio para fazer teste para o papel de Dercy Gonçalves em um filme. Conforme interpreta suas falas, se revolta contra o roteiro, cheio de estereótipos. Vera conhecia a história real da artista pelo fato de sua mãe ser grande fã.

Assim, transformando-se em Dercy, a personagem começa a mostrar quem realmente foi essa mulher à frente de seu tempo. Uma atriz que se consagrou como vedete do Teatro de Revista e recriou a comédia brasileira. Como afirma o diretor Kiko Rieser em texto de divulgação à imprensa, “uma mulher grandiosa e complexa”.

Entre as principais mensagens destacadas pelo monólogo, ressalta-se a tentativa de mostrar a importância de “uma mulher que acabou um pouco apagada pela história”, como afirma o diretor Kiko Rieser. Ele enfatiza como é fundamental para qualquer cultura conhecer a própria história, pois só assim é possível entender nossa identidade como nação e povo.

Isso se aplica especialmente ao Brasil, que enfrenta “apagamentos da historiografia recente do País”. “Dercy Gonçalves é uma pessoa que acabou um bocado apagada e relegada a uma pecha muito redutora, como se fosse ‘uma velha louca que só falava palavrão’. Ela foi uma mulher extremamente importante, que abriu caminhos e revolucionou muita coisa. O legado dela está aí, especialmente na questão do que na época era chamado de emancipação feminina. Ela se impôs no teatro, no showbiz, na TV, em todos os lugares, criando seus próprios trabalhos”, argumenta.

Dercy Gonçalves: estilo brasileiro

Como aponta, Dercy Gonçalves quebrou vários paradigmas e instaurou no teatro um estilo brasileiro de representação, trazendo o palavrão, o improviso e a forma como as pessoas falavam na rua. Traços que seguem sendo utilizados até hoje. Assim, entender a história da atriz é “entender a nossa própria história”.

“Acho que é sempre importante esse resgate histórico. Dercy infelizmente acabou reduzida a esse estereótipo que deram. As pessoas não estudam a Dercy na universidade, não conhecem a importância que ela teve, só olham para essa caricatura que se faz dela. Acho fundamental resgatar todo esse estofo que ela tem”, opina.

A atriz Grace Gianoukas ressalta as qualidades da artista, como sua “genialidade, inteligência, empreendedorismo, coragem e força”. Foram pontos que chamaram sua atenção durante o processo de pesquisa para viver Dercy Gonçalves no monólogo. “Não há dúvidas de que ela foi uma das grandes mulheres deste País. Uma das grandes artistas criadoras do Brasil e responsável pela criação de um estilo de comédia brasileiro”, analisa.

Ao ser convidada para interpretá-la, Grace Gianoukas assistiu “a tudo que conseguiu” dela, tanto de atuações quanto de entrevistas. “Era muito importante descobrir e tentar decifrar quem era a pessoa por trás da persona”, revela. O desejo maior era não de imitá-la, mas, sim, de “trazer sua alma” para o palco.

A atriz garante ser uma “honra” participar da peça. Ela compreende como uma “missão” contar a história de Dercy Gonçalves, como se estivesse fazendo “uma justiça histórica para ela”. “Acho muito legal termos esse tempo e levar adiante a mensagem dessa mulher que cabe em muitos lugares, ou que não cabe em lugar nenhum, mas que é a própria imagem da liberdade”, finaliza.

Nasci Pra Ser Dercy

Quando: sábado, 26, às 20 horas, e domingo, 27, às 18 horas

Onde: Cineteatro São Luiz (rua Major Facundo, 500 - Centro)

Quanto: Plateia inferior - R$ 120 (inteira) e R$ 60 (meia)

Plateia superior - R$ 100 (inteira) e R$ 50 (meia)

Vendas: no site Sympla
e na bilheteria 

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