O grupo Comédia Cearense estreia neste sábado, 3, a montagem do clássico "O Beijo no Asfalto", de Nelson Rodrigues, no teatro Nadir Papi Saboya. A temporada segue com apresentações nos dias 3, 10, 24 e 31 de maio, às 20 horas.
Celebrando 68 anos de trajetória, o grupo traz aos palcos pela segunda vez a peça escrita em 1960. A primeira foi exibida em 1965 e contou com um elenco de peso para o teatro cearense, com participação de Aderbal Freire e Haroldo Serra, fundador da companhia.
O diretor da atual montagem, Hiroldo Serra, é filho de Haroldo. Ele relembra a conexão familiar com a obra: "Minha mãe, a Hiramisa Serra, que participava de todas as produções, não participou nessa porque estava grávida da pessoa que viria dirigir o espetáculo 60 anos depois - que sou eu", conta.
A peça aborda temas que seguem atuais, como machismo, moralismo, manipulação midiática, homofobia e abuso de autoridade. "Nelson Rodrigues é um autor atemporal", reforça o diretor.
Tudo começa com um gesto de compaixão: Arandir, vivido por Roberto Reial, ao ver um homem atropelado, atende seu último desejo e o beija. O ato, porém, ganha contornos de tragédia quando o jornalista sensacionalista Amado Ribeiro, interpretado por Luís Costa, transforma o caso em escândalo.
A nova encenação propõe uma leitura intensa e contemporânea da obra de Nelson Rodrigues e traz como um dos destaques a trilha sonora, executada ao vivo pelo pianista Ricardo Bacelar, que reforça a dramaticidade da cena.
A data de estreia também celebra a vida de um dos grupos de teatro mais antigos do Brasil. Criado em 1957, o coletivo montou mais de 190 montagens ao longo da trajetória.
"É o aniversário de 68 anos da Comédia Cearense. O grupo teatral mais antigo do Brasil em atividade e que nunca deixou de produzir, em um ano sequer, pelo menos dois espetáculos", destaca Hiroldo.
Integram o elenco Manoela Bacelar (Selminha), Márcia Sucupira (Dália), Roberto Reial (Arandir), entre outros artistas que prometem ao público uma interpretação visceral e marcante.
O Beijo no Asfalto