O Cineteatro São Luiz recebe a mostra de encerramento da 3ª turma do curso extensivo de audiovisual do Centro Cultural Bom Jardim (CCBJ), com a exibição dos filmes de ficção "Pegada" e "Aya", além do documentário "A Magia do Audiovisual: Jornada CCBJ". O evento também conta com a exposição interativa "Curumin's".
A estreia acontece nesta quinta-feira, 8, a partir das 19 horas. As produções terão mais duas exibições: no dia 16 de maio, no Cinema do Dragão do Mar, e no dia 30 de maio, no Teatro Marcus Miranda, no CCBJ. As sessões extras terão debate com os realizadores, com classificação indicativa de 14 anos e entrada gratuita. Os filmes têm acessibilidade em Libras.
As produções exibidas foram desenvolvidas entre dezembro de 2024 e abril de 2025 pelos alunos da Escola de Cultura e Arte do CCBJ. O resultado é fruto de um processo extenso, com carga horária de 1.300 horas, realizado em parceria com a Universidade Federal do Ceará (UFC).
Segundo Elena Meirelles, coordenadora de formação do programa, a parceria com a Universidade começou em 2019. O projeto forma profissionais e pesquisadores do território do Bom Jardim junto ao curso de Cinema e Audiovisual do Instituto de Cultura e Arte (ICA-UFC).
A coordenadora também reflete sobre o impacto da formação no campo artístico e comunitário: "A Cidade tem ganhado realizadores do Bom Jardim e de outras periferias, engajados na criação audiovisual, profissionais preparados para atuar na cena cultural e com uma intervenção crítica e transformadora na sociedade", afirma.
Os filmes produzidos têm circulado por festivais e mostras com a proposta de carregar valor estético, poético e narrativo. "Pegada", por exemplo, mostra os segredos obscuros da vizinhança da personagem Dona Lúcia. Já "Aya" narra a história de Mia, jovem que entra em uma situação inquietante com o amigo Fábio. Já o documentário em exibição percorre a experiência dos participantes do curso extensivo do CCBJ. As obras também reafirmam a riqueza cultural de territórios e populações frequentemente estigmatizados.
O curso representou uma virada de chave na vida pessoal e profissional de alguns alunos, como foi o caso de Mirna Karina. Ela já havia cursado jornalismo e sempre teve interesse pelo cinema, mas, com o passar dos anos, esse sonho foi deixado de lado devido à rotina de trabalho.
Karina hesitou quando surgiu a oportunidade no CCBJ, pois precisava trabalhar. A oferta de bolsa-transporte, porém, foi decisiva para que ela pudesse transformar o desejo em realidade. "Se eu tivesse feito esse curso em outro centro cultural, mais distante da minha casa, em áreas elitizadas, talvez eu não conseguisse terminá-lo", reflete.
Ela destaca a importância de espaços culturais em áreas periféricas de Fortaleza: "O CCBJ precisa existir — e mais do que o CCBJ, precisamos de diversos centros culturais em Fortaleza, porque eles fazem a diferença na vida das pessoas. Hoje, meus sonhos dentro do audiovisual — e na vida — parecem possíveis. Não tenho nada além de gratidão", acrescenta.
LEIA TAMBÉM | Silva apresenta novo show em Fortaleza; veja data, valor e local
Para outros alunos, o curso pode representar um desafio logístico, já que acontece à noite e "concorre" com o cansaço do dia. No entanto, como destaca Nayana Santos, assistente de formação do programa desde 2019, eles seguem "com os desafios e também com a certeza de que estamos em um caminho de construção coletiva".
Para Henrique Gonzaga, coordenador da Escola de Cultura e Arte do CCBJ, realizar a estreia em um espaço tão simbólico como o Cineteatro São Luiz é uma maneira de festejar as conquistas. "É uma festa mesmo, é uma comemoração de muita luta. Luta dos profissionais, dos estudantes, do CCBJ, uma luta da categoria em si. Chegamos ao fim de mais um processo formativo em audiovisual. É dia de celebrar toda essa força, toda essa garra e toda essa trajetória", reforça em comunicado enviado à imprensa.
Mostra do Centro Cultural Bom Jardim
Sessões gratuitas