A polarização política no Brasil é protagonista em qualquer área que se possa imaginar no cenário nacional. A guerra de dados e argumentos é constante entre os que defendem os governos mais recentes na República brasileira. Pesquisa comparativa realizada pelo AtlasIntel sobre os governos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) joga mais combustível na fogueira.
O levantamento mostra que a gestão do petista é pior, para o maior percentual do eleitorado, em quatro áreas: responsabilidade fiscal e controle de gastos; segurança pública; moradia; e facilidade para negócios e carga tributária.
Na maioria das áreas pesquisadas, porém, a avaliação do mandato de Lula é mais favorável. Em 11 das 16, o desempenho do atual governo é considerado melhor. Turismo, cultura e eventos, direitos humanos e igualdade racial, relações internacionais e indústria e energia são os saldos mais positivos para a gestão petista.
Comparação entre governos de Lula e Bolsonaro
Das quatros áreas com pior avaliação do governo Lula, “Facilidades para negócios e cargas tributárias” apresenta um percentual maior de insatisfação: 49% avaliam estar pior que a gestão de Bolsonaro, enquanto 38% avaliam que é melhor. Já para 13% está igual ou não sabem responder.
Com relação à “Responsabilidade fiscal e controle de gastos", o desempenho do governo Lula é pior para 52% dos respondentes da pesquisa. Em contrapartida, 43% avaliam que está melhor e 6% não souberam responder ou acham que está igual.
A “segurança” é outro ponto com avaliação negativa para o governo atual. Nessa área, 48% avaliam que está pior, enquanto 41% dizem que é melhor que o governo anterior. Quanto a “Moradia", a maioria entende que a gestão de Bolsonaro foi melhor, o equivalente a 43%. Já os que avaliam que o governo Lula está superior ao anterior somam 41%.
A avaliação setorial comparativa compreende 16 áreas avaliadas. Entre elas, o governo do presidente Lula é avaliado como melhor que o de Bolsonaro em 11, com ampla vantagem, no setor de “Turismo, cultura e eventos”, com 53% dos respondentes preferindo a gestão de Lula, enquanto 39% considera que está pior que a de Bolsonaro.
Além das quatro áreas em que a gestão Bolsonaro leva vantagem, há um empate: meio ambiente: 47% entendem que Lula é melhor, 47% preferem Bolsonaro e 6% acham igual ou não sabem.
Comparação entre governos Lula e Bolsonaro por área
A pesquisa também avaliou como foram recebidas 13 iniciativas do governo Lula de forte repercussão. A mais mal recebida foi a medida conhecida popularmente como “taxa das blusinhas”, decisão que cobra impostos sobre compras internacionais no valor até U$ 50,00.
No levantamento, 70% dos respondentes avaliam que a medida foi um erro da gestão petista. Nessa mesma categoria, 17% qualificam como acerto, enquanto 13% não souberam responder.
A fiscalização do Pix foi a segunda ação com pior avaliação. Foi considerada erro por 58% e acerto por 26%.
Outro momento mal avaliado foi o discurso, em fevereiro de 2024, em que Lula comparou as ações de Israel em Gaza com o Holocausto promovido por Aldof Hitler contra judeus na Alemanha nazista. Um total de 50% dos participantes da pesquisa qualificaram como erro, já 33% veem como acerto.
A retirada de garimpeiros de reservas indígenas e ambientais e o programa de renegociação de dívidas, Desenrola, são as medidas mais bem avaliadas, com 72% de pessoas que as consideram acerto. A isenção de Imposto de Renda para pessoas com renda mensal abaixo de R$ 5 mil aparece com 71%.
Onde Lula acertou e onde errou
Entre os maiores problemas do Brasil, a “Criminalidade e tráfico de drogas” ocupa o topo da lista de apontamentos. Para 57,8% dos respondentes, esse é um dos maiores problemas do País, seguido de “Corrupção”, com 49,4%, e de “Economia e inflação”, que totaliza 29,1%.
Desde outubro de 2024, a corrupção era líder entre as problemáticas. No levantamento anterior, em dezembro do mesmo ano, essa área era avaliada por 55% dos respondentes como o maior problema, mas foi superada, pela primeira vez, pela criminalidade.
No levantamento, “Extremismo e polarização política”, além de “Degradação do meio ambiente e aquecimento global”, acumulam 21,2% e 20,5%, respectivamente. Nessa seção, são apresentadas 20 opções de categorizações com problemas que o País enfrenta. Cada respondente pode marcar até três situações.
Maiores problemas do Brasil
O Índice de Polarização Social da pesquisa analisa possíveis tensões no tecido social e identifica causas que por inflar instabilidades ou mobilizações populares. Cinco dimensões integram a relação de polarizações: política, de classe, étnica, religiosa e urbano-rural.
São apresentados aos respondentes cinco níveis de conflitos que eles podem perceber em determinados grupos: muito forte; forte; algum conflito; pouco conflito; e nenhum conflito.
Na situação “Pessoas que apoiam partidos políticos diferentes”, 49% respondeu que percebe conflito “muito forte”, seguido de 26% que vê “conflito forte”. Ainda nessa categoria, 15% identificam “algum conflito”, enquanto “pouco conflito” e “nenhum conflito” apresentam 5%.
Iniciativa conjunta da AtlasIntel e da Bloomberg, que realiza levantamento de dados sociais, econômicos e políticos de cinco países da América Latina: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia e México.