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30 anos de saudade: a trajetória vitoriosa e o legado de Ayrton Senna, do Brasil
Reportagem Seriada

30 anos de saudade: a trajetória vitoriosa e o legado de Ayrton Senna, do Brasil

Tricampeão mundial da Fórmula 1, piloto paulista empunhava a bandeira brasileira a cada vitória nas pistas, faleceu aos 34 anos, em 1º de maio de 1994, e deixou legado de maior segurança aos atletas da modalidade
Episódio 1

30 anos de saudade: a trajetória vitoriosa e o legado de Ayrton Senna, do Brasil

Tricampeão mundial da Fórmula 1, piloto paulista empunhava a bandeira brasileira a cada vitória nas pistas, faleceu aos 34 anos, em 1º de maio de 1994, e deixou legado de maior segurança aos atletas da modalidade
Episódio 1
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Ayrton Senna da Silva construiu uma dinastia e deixou um legado na história do automobilismo, sobretudo na Fórmula 1. Aclamado como “rei”, seja de Mônaco ou da chuva, o paulista atingiu o topo do esporte mundial, marcou gerações e virou herói de um país com mais de 215 milhões de habitantes.

Carregando a bandeira do Brasil em todas as vitórias, Senna conquistou três vezes o título da F-1, em 1988, 1990 e 1991, mas teve a carreira precocemente interrompida no auge, aos 34 anos, no dia 1° de maio de 1994, após se chocar contra um muro na Curva Tamburello, no Autódromo Enzo e Dino Ferrari, em Ímola, na Itália.

Antes do trágico acidente, Ayrton conseguiu implementar a cultura da Fórmula 1 no Brasil. Além disso, tornou-se ídolo geracional, ou seja, mesmo aqueles que não conseguiram acompanhar a trajetória vitoriosa têm o tricampeão mundial como referência. Ao longo de dez anos de carreira, Senna acumulou recordes que até hoje não foram superados, como o piloto com mais vitórias no GP de Mônaco.

Ayrton Senna agita a bandeira brasileira após vencer o Grande Prêmio da Europa em Donington Park em um McLaren Ford em 11 de abril de 1993 (Foto: PASCAL PAVANI / AFP)
Foto: PASCAL PAVANI / AFP Ayrton Senna agita a bandeira brasileira após vencer o Grande Prêmio da Europa em Donington Park em um McLaren Ford em 11 de abril de 1993

“Ayrton Senna é mais do que apenas um piloto tricampeão mundial da Fórmula 1. Seu legado vai para além do universo do automobilismo, tornando-se também um ícone como ser humano. O impacto causado por Senna fez com que ele se tornasse um exemplo de coragem, dedicação e superação. Se tornando inesquecível no imaginário das pessoas que o viram, fonte de inspiração para aqueles que não tiveram o mesmo privilégio, e imortal para todos”, disse Pedro Aguiar, estudante de Jornalismo e fã de Fórmula 1.

Senna atuou por quatro equipes na Fórmula 1: Toleman (1984), Lotus (1985–1987), McLaren (1988–1993) e Williams (1994). A performance na pista fazia com que os brasileiros parassem frente às TVs aos domingos para acompanhar o piloto em busca de mais uma vitória. À época, Ayrton travava duelos com o francês Alain Prost e o compatriota Nelson Piquet, o que engrandecia o espetáculo.

A conduta fora das pistas, prezando sempre pela evolução da Fórmula 1, era vista por companheiros de profissão e engrandecia Senna como um dos principais pilotos da época.

 

 

A evolução da Fórmula 1 a partir do acidente de Senna

O acidente de Ayrton Senna aconteceu no dia 1º de maio de 1994, às 9h12min (de Brasília). O brasileiro liderava o Grande Prêmio de San Marino no momento em que chocou o carro na curva Tamburello, a mais de 200 quilômetros por hora.

Para muitos que acompanhavam a corrida, o piloto faleceu no momento do acidente. As autoridades comunicaram oficialmente o falecimento de Ayrton Senna às 13h42min (de Brasília), após ter sido levado ao hospital Maggiore, em Bologna, na Itália.

O falecimento de Senna, porém, não foi caso isolado no GP de San Marino de 1994. O brasileiro, inclusive, queria que não houvesse a corrida, em virtude da morte do piloto austríaco Roland Ratzenberger, no dia anterior à batida de Ayrton. O automobilista da Simtek também se chocou contra um muro a mais de 300 km/h, durante o treino de qualificação para o Grande Prêmio.

O automobilista brasileiro Ayrton Senna em 1993(Foto: JEAN-LOUP GAUTREAU  AFP)
Foto: JEAN-LOUP GAUTREAU AFP O automobilista brasileiro Ayrton Senna em 1993

Na sexta-feira, 29 de maio de 1994, outro acidente aconteceu em Imola, desta vez envolvendo o brasileiro Rubens Barrichelo. Com lesões no nariz e no braço, após o carro capotar ao colidir com a barreira de pneus, o piloto não pôde competir.

Os acontecimentos na Itália, com destaque para o falecimento de Ayrton Senna, obrigaram a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) a investir na segurança dos carros e, consequentemente, dos pilotos. A modernização dos veículos, focados em trazer maior segurança aos automobilistas, era discutida pelo brasileiro em reuniões com os competidores da época.

Uma mudança significativa nos veículos da F-1 aconteceu em 2018, quando a FIA exigiu a implementação do “halo”. A proteção sustenta pressão de toneladas e pode evitar que o capacete dos pilotos colida com alguma superfície.

 

 

Senna e o simbolismo nacional

A trajetória de Ayrton Senna como piloto de Fórmula 1 o transformou em um dos maiores ídolos do esporte brasileiro. Não apenas pelas conquistas nas pistas, mas pela representatividade apresentada quando empunhava a bandeira do Brasil. Aquele singelo gesto carregava milhões de sentimentos, seus e dos próximos, como amor ao país e o desejo, a ambição de colocar o verde-e-amarelo no topo do pódio.

Não à toa, a despedida do automobilista reuniu milhões de pessoas. O falecimento de Senna é comentado, até hoje, como um dos episódios mais marcantes e trágicos da história do Brasil, pelo sentimentalismo presente.

O piloto brasileiro de F1 Ayrton Senna ajusta seu espelho retrovisor nos boxes em 1º de maio de 1994, antes do início do Grande Prêmio de San Marino  (Foto: JEAN-LOUP GAUTREAU / AFP )
Foto: JEAN-LOUP GAUTREAU / AFP O piloto brasileiro de F1 Ayrton Senna ajusta seu espelho retrovisor nos boxes em 1º de maio de 1994, antes do início do Grande Prêmio de San Marino

“Considero como trágico que da mesma forma que Ayrton Senna entrava nos lares brasileiros em dia de corrida, foi nesse mesmo ambiente que milhares viram os últimos momentos vivos dele. Sentados em frente ao sofá, famílias começaram o processo de dar adeus ao ídolo brasileiro. Ele não foi o primeiro e nem o último piloto a correr na Fórmula 1 sob a bandeira verde e amarela, mas Senna tinha uma mágica de, mesmo a quilômetros, manter viva a energia de que uma nação inteira seguia com ele”, avaliou Júlia Duarte, colunista de Fórmula 1 do O POVO.

No rol de esportistas brasileiros, Senna está ao lado do Rei Pelé, dos ex-tenistas Gustavo Kuerten e Maria Esther Bueno e do velejador Robert Scheidt, entre tantos outros atletas que obtiveram destaque e colocaram o País no topo do esporte mundial.

 

O campeão Ayrton Senna traduzido em números

 

 

Fora das pistas: as declarações marcantes de Senna

O foco e a determinação marcaram a trajetória de Ayrton Senna. O brasileiro, ao longo da carreira, buscava motivar, a partir de suas vivências, as pessoas a seguirem buscando seus objetivos. As principais declarações do automobilista, inclusive, sempre traziam palavras como “dedicação”, “trabalho”, “sucesso”.

A mentalidade do paulista ia além do objetivo da conquista. Senna prezava pelo desenvolvimento educacional de crianças para o futuro ser produtivo.

Uma das frases mais marcantes do piloto envolve acidente. “Acidentes são inesperados e indesejados, mas fazem parte da vida”, iniciou. “No momento em que você se senta num carro de corrida e está competindo para vencer, o segundo ou o terceiro lugar não satisfazem. Ou você se compromete com o objetivo da vitória ou não. Isso que dizer: ou você corre, ou não”, complementou.

Estátua do piloto Ayrton Senna em tamanho real é instalada no calçadão de Copacabana em dezembro de 2019(Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil Estátua do piloto Ayrton Senna em tamanho real é instalada no calçadão de Copacabana em dezembro de 2019

Ao conquistar o tricampeonato da Fórmula 1, Senna revelou não se sentir o maior ídolo do esporte brasileiro. “Para ser honesto, não me sinto o maior ídolo brasileiro. Não me sinto uma pessoa tão importante assim para merecer uma festa durante uma noite toda no Brasil”, disse.

Fato é que Ayrton Senna talvez tenha sido o esportista do País que gerou mais comoção entre os torcedores, independentemente do grau de ligação do público com a Fórmula 1.

 

Uma linha do tempo sobre a carreira de Ayrton Senna


 

Senna para acompanhar na telinha

A história de Ayrton Senna construída na Fórmula 1 é retratada em vários documentários e filmes. O primeiro deles foi lançado em 1998, intitulado como “Uma Estrela Chamada Ayrton Senna”, dirigido por Jean Claude Guiter. O projeto é uma cinebiografia, contando a história do piloto a partir de cenas reais e com entrevistas com pessoas que foram próximas ao automobilista.

Em 2010, um novo projeto para mostrar a trajetória de Senna foi lançado: o documentário "Senna: O Brasileiro, O Herói, O Campeão". A obra cinematográfica conta a história do paulista da infância até o trágico acidente em Ímola, na Itália.

 

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Nesta quarta-feira, 1º de maio de 2024, o Globoplay lança o documentário "Senna por Ayrton", com três episódios, que "conta essa trajetória através do olhar do protagonista, em primeira pessoa".

Há ainda uma série produzida pela plataforma de streaming Netflix. Não há data de lançamento confirmado, mas a produtora confirmou que será ainda em 2024 e que a produção terá seis episódios “sobre a trajetória de superação de Ayrton Senna, sua história de vida, conquistas, personalidade e suas relações pessoais”. O ator Gabriel Leone, de 30 anos, será o protagonista.

No Episódio 2 da série, você vai ler sobre as polêmicas, as grandes corridas e rivalidade nas pistas

 

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