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Não jogue dinheiro no lixo ao abastecer seu carro
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Boris Feldman é mineiro, formado em Engenharia e Comunicação. Foi engenheiro da fábrica de peças para motores Metal Leve e editor de diversos cadernos de automóveis. Escreve a coluna sobre o setor automotivo no O POVO e em diversos outros jornais pelo país. Também possui quadro sobre veículos na rádio O POVO/CBN

Não jogue dinheiro no lixo ao abastecer seu carro

Carros fazem fila para abastecer em posto de gasolina (Foto: SARA MAIA, em 30/01/2013)
Foto: SARA MAIA, em 30/01/2013 Carros fazem fila para abastecer em posto de gasolina

O motorista encontra no posto: gasolina comum, aditivada, premium, Podium (BR), Octapro (Ipiranga) e R (de Racing, da Shell). Se o carro é flex, etanol comum e aditivado. Com qual abastecer o tanque? Como não jogar dinheiro no lixo?

VALE A PENA?

Nacionais - Todos os modelos nacionais podem se abastecer com qualquer tipo de gasolina ou etanol disponível nos postos. No derivado do petróleo, recomenda-se usar a aditivada. Ou a comum, acrescentando-se o frasco de aditivo de acordo com as instruções do fabricante. Ao contrário da gasolina, o derivado da cana não precisa ser aditivado pois seu teor de carbono é muito baixo e não há perigo de se formarem depósitos carboníferos no interior do motor, prejudicando combustão e eficiência. (*)

Entre gasolina e etanol, depende do preço de ambos em cada cidade: se o etanol custar menos que 70% (**) da gasolina vale a pena usá-lo. O custo menor do litro compensa o maior consumo.

Importados - Modelos produzidos em outros países podem ser abastecidos com qualquer gasolina disponível no Brasil sem nenhum problema. Se for um carro normal, sem elevado desempenho, de qualquer procedência, a gasolina aditivada é suficiente. Para esportivos com motor de compressão mais elevada, como Porsche, Ferrari, Mercedes AMG, BMW "M", Audi RS, etc, recomenda-se a Premium, Podium (BR), Octapro (Ipiranga) ou "R" (Shell) para máximo rendimento.

Mesmo se o motorista abastece um carro de alto desempenho com a comum (ou aditivada), não há perigo para o motor. Apenas terá reduzido o desempenho, pois a central eletrônica se ajusta para compensar a menor octanagem.

DINHEIRO NO LIXO?

Abastecer qualquer carro nacional com gasolina do tipo premium, Podium, Octapro ou R, é desperdício, pois paga-se pela maior octanagem sem nenhuma vantagem em desempenho. Mais octanas só valem a pena nos motores com elevada taxa de compressão. Mas, mal não fazem (só para o bolso...).

Nenhum outro aditivo do tipo "booster", para gasolina ou etanol, que anuncia aumentar eficiência e desempenho e reduzir consumo, cumpre o que promete.

FIM DA ADULTERAÇÃO?

A gasolina comercializada no Brasil terá novo padrão de qualidade a partir de agosto, por determinação da ANP. Dentre as três novas exigências, a mais importante é a que estabelece densidade mínima de 715 kg/ m3. Em outras palavras, quanto deve pesar um litro de gasolina: 715 gramas.

Qual a importância da densidade?

Nossa gasolina está entre as melhores do mundo quando deixa a refinaria. Mas na bomba é outra história, pois é adulterada em postos desonestos.

Não havia um mínimo estabelecido para a densidade da gasolina, mas, quanto menor, maior o consumo. Como a maioria dos solventes utilizados para se adulterar a gasolina são mais leves (menor densidade), a exigência vai complicar a vida de quem "batiza" a gasolina com solventes.

Mas, como conferir - no posto - se a nova exigência será cumprida? Mergulhando na gasolina um densímetro calibrado entre 700 e 750 gramas por litro. Qualquer valor abaixo de 715 é prova de combustível adulterado.

(*) É impossível separar o joio do trigo no caso da gasolina aditivada pois ela não é controlada e nem fiscalizada pela ANP. Não existe um padrão, apenas que os aditivos devem ser detergentes/dispersantes para evitar a formação de depósitos carboníferos no motor. As empresas de petróleo apenas registram a fórmula na ANP. As fábricas não têm, portanto, condições de avaliar as diversas gasolinas aditivadas no mercado e preferem recomendar a comum para seus carros. A ANP tentou, há quatro anos, tornar compulsória uma aditivação mínima em toda nossa gasolina, mas não obteve êxito. Quanto ao etanol, seu baixo teor de carbono (apenas 1/3 da gasolina) torna desnecessária sua aditivação pois não forma depósitos carboníferos. Algumas empresas de petróleo oferecem o etanol aditivado com outros propósitos, de lubrificação, durabilidade etc.

(**) Este percentual varia de 70% até 75%, pois depende da diferença de consumo entre etanol e gasolina que cada motorista deve apurar em seu carro. O valor de 70% anunciado - e amplamente divulgado - quando surgiu o flex, é aproximado e nem sempre reflete a verdade pois não considera a evolução de motores e combustíveis.

 

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