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Eleições de 2020: mulheres precisam mais do que cotas e vices
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Adailma Mendes é editora-chefe de Economia do O POVO. Já foi editora-executiva de Cidades e do estúdio de branded content e negócios, além de repórter de Economia

Eleições de 2020: mulheres precisam mais do que cotas e vices

 Mulheres justificando votos no Colégio Santo Inácio (Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES Mulheres justificando votos no Colégio Santo Inácio

A importância das mulheres na sociedade é inquestionável. Nós respondemos pela chefia de 45% dos lares do Brasil, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). No Ceará, ainda temos mais peso nas decisões dentro de casa - 47,1% das famílias contam com uma mulher como chefe. Quanto ao mercado de trabalho, apesar do aumento do desemprego principalmente entre nós na pandemia, ainda temos mais de 46% dos empregos formais.

O grau das nossas responsabilidades é claro, mas o olhar responsável para nós ainda tem muito que evoluir. Falta de programas direcionados a mulheres que cuidam só de suas famílias, subnotificação de casos de violência, cultura do machismo por todas as partes. Sem falar do agravamento desses pontos quando ainda se fala de mulheres negras - que no caso das que são chefes de família, 63% vivem com apenas R$ 420, valor considerado dentro da faixa de pobreza.

Tudo isso para falar que o maior rigor para cumprimento de cada partido ou coligação preenchendo no mínimo 30% de suas candidaturas por mulheres e ainda destinando recursos também com esse mínimo ou com valor proporcional ao número de postulantes é insuficiente. Não que para essas exigências se possa fazer pouco caso. De forma alguma. Os avanços são estratégicos para um melhor olhar para as mulheres em suas lutas diárias.

No entanto, dentro do próprio cenário eleitoral - que fortalece as cotas -, ainda temos apenas duas candidatas mulheres ao cargo máximo do executivo municipal de Fortaleza e quatro vices. Dos 22 nomes na disputa, prefeituráveis e vices, apenas seis são mulheres. Sem falar que 52,89% das pessoas aptas a votar no Ceará são eleitoras, dado contraditório à quantidade das que sobem nos palanques e ocupam o legislativo ou executivo. Das 2.176 cadeiras nas câmaras municipais no Estado, apenas 355 são ocupadas por vereadoras.

Se ainda estamos nessa luta de cotas, de mais vices mulheres que as principais candidatas, é dos homens que ainda temos que cobrar mais políticas públicas que olhem para as questões de gênero.

Não há como ignorar as diferenças que ainda existem entre homens e mulheres, tanto no ambiente público como privado.

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