Como as atitudes e valores humanos estão mudando em um mundo policríse?
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Adriana Schneider é CEO da Humanare by Cicclos, consultoria referência nacional em Gestão Humanizada e Certificada com Empresa B. É embaixadora do Capitalismo Consciente no Brasil. Membro ativa da Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento (ABTD), Grupo de Praticantes de Estruturas Libertadoras, Facilitadores do Thinking Environment, Teoria U (MIT), Comunicação Não Violenta (CNV). Psicóloga, pós-graduada em Educação pela PUC-Rio. Foi gerente de grupo de produtos de Educação Corporativa e Sustentabilidade do Senac Rio, gerente de Produtos Online da FGV e diretora de Relacionamento da Etalent.
Foto: Adriana Schneider
Marina Petrucci, CEO Ipsos em Portugal, palestra no Fórum Futuro ESG
“Uma policrise não é apenas uma situação em que você enfrenta múltiplas crises. É uma situação na qual o todo é ainda mais perigoso do que a soma das partes.”
Adam Tooze, Universidade de Columbia, NY
Esta semana participei do Fórum Futuro ESG, uma realização do Fibe (Fórum de Integração Brasil Europa) em parceria com a Vale em Lisboa, Portugal. Nele tive a oportunidade de assistir painéis com uma curadoria criteriosa, não só em conteúdo, mas também em representatividade de gênero, raça, idade, perspectivas culturais.
Neste artigo dividirei com vocês dados da pesquisa Global Trends 2023, que abrangeu 50 mercados, 87% da economia global e 70% da população global, a maior pesquisa já realizada pela Ipsos, apresentada por Marina Petrucci – CEO Ipsos em Portugal.
A pesquisa identificou 6 macro forças que impactam sociedades, mercados e pessoas. Elas atuam em um nível amplo, geram impactos de longo alcance dentro dos países para além das fronteiras, afetam as sociedades, os mercados e as pessoas e irão moldar a próxima década.
São elas:
ANTAGONISMO CLIMÁTICO - 80% sentem que estamos caminhando para um desastre ambiental, a menos que mudemos nossos hábitos rapidamente.
OBS: Há grande inovação na sustentabilidade, como reduções de emissões, menor uso de recursos e maior reutilização de recursos
A mudança climática tornou-se uma realidade visceral, tendo o ano passado o maior número de desastres relacionados ao clima na história. Há um debate desenfreado sobre quem é responsável pela mudança climática e como abordá-la: alguns consumidores estão mudando a forma como tomam decisões de compra de acordo com seu impacto ambiental, enquanto outros (Geração Z) estão colocando a responsabilidade diretamente nos ombros do governo, sistemas e corporações.
SAÚDE CONSCIENTE - 80% dos consumidores globais concordam que é preciso fazer mais para cuidar do bem-estar mental" e 86% que é preciso fazer mais para cuidar de si fisicamente".
OBS: As marcas estão reconhecendo oportunidades para promover e apoiar estilos de vida saudáveis
A saúde está se tornando mais holística, levando em conta múltiplos significados de bem-estar. A interconexão da saúde com outros sistemas também está sendo examinada, para começar a abordar as desigualdades.
DILEMAS DOS DADOS - 81% sentem que é inevitável que percamos alguma privacidade no futuro por causa e alguma nova funcionalidade tecnológica
OBS: O público continua preparado para compartilhar os seus dados, dentro dos limites
O anúncio assustadoramente preciso que aparece depois de uma conversa ou a rápida aceitação das configurações de cookies padrão em um site, levam ao questionamento de quem tem os nossos dados, o que estão fazendo com eles, o quanto as pessoas realmente se importam e o mais importante: elas estão dispostas a fazer algo sobre isso?
PICO DA GLOBALIZAÇÃO - 66% pensam que a globalização é "boa para o meu país"
OBS: A indústria ainda busca o equilíbrio entre global e local
O mundo continua dividido sobre os benefícios da globalização. Muitos analistas sentem que já atingimos o pico da globalização e estamos indo para um mundo onde políticas protecionistas, cadeias de abastecimento mais curtas e mais seguras e um maior foco na nacionalidade e na comunidade local criarão um cenário menor e menos globalizado.
REAÇÕES À INCERTEZA E À DESIGUALDADE - 60% gostaria que seu país fosse governado por um líder forte em vez do atual governo eleito
OBS: “A incerteza torna o planejamento futuro muito difícil para pessoas e empresas”
A incerteza tornou-se a única certeza. As pessoas em muitos mercados estão enfrentando instabilidade econômica à medida que as moedas mudam de valor, a inflação aumenta, as cadeias de suprimentos continuam a ser interrompidas e os governos mudam. A desigualdade financeira, que já era um motor de mudança, se agravou na pandemia. Em todos os cantos do mundo, as lutas para alcançar a paridade com base em gênero, raça, etnia e religião dominaram as manchetes.
PONTO DE INFLEXÃO DO CAPITALISMO - 74% dos cidadãos globais sentem que seu governo e serviços públicos farão muito pouco para ajudar as pessoas nos próximos anos
OBS: Novas formas de pensar estão surgindo sobre o papel das empresas, da economia e das instituições
Estamos vendo o afastamento da cultura de gerar lucro para o acionista a todo custo em direção a uma compreensão mais holística dos impactos humanos e ambientais do capitalismo. Os efeitos combinados da pandemia, da emergência climática e da crise do custo de vida podem estar impulsionando uma reavaliação de metas e prioridades individuais e coletivas.
BUSCA POR SIMPLICIDADE E SIGNIFICADO - 73% gostariam de diminuir o ritmo de sua vida
OBS: Vidas ocupadas e estressantes significam que as pessoas precisam de uma pausa
A pandemia resultou em um encolhimento forçado do mundo das pessoas. Foram embora o deslocamento diário, a vida social agitada e o malabarismo frenético dos compromissos. Mas assim como a sociedade parecia pronta para retomar de onde havia parado, ela foi abalada pelas forças gêmeas de uma crise de custo de vida e uma inegável emergência climática. Muitas pessoas estão reavaliando suas vidas, suas esperanças e ambições, seus padrões de gastos e em tornar a vida mais gratificante, do que era antes.
Estamos entrando em uma "nova desordem mundial". Já não podemos nos dar ao luxo de nos concentrarmos em uma única grande questão, porque há muitas questões interrelacionadas.
As pessoas têm valores, interesses e objetivos comuns. A maioria dos cidadãos do mundo (79%) pensam que as marcas podem ganhar dinheiro e apoiar boas causas. Uma parcela crescente de pessoas pagará mais por marcas que ajam de forma responsável (63%), e geralmente estamos na mesma página sobre o clima – 79% sentem que estamos caminhando para um desastre ambiental, a menos que mudemos nossos hábitos.
Corporações, governos e indivíduos têm um papel a desempenhar na solução dessas crises e ajudar as pessoas a lidar com eles. Mas a falta de confiança é uma barreira: 72% estão preocupados que os governos e os serviços públicos não cuidem dos cidadãos no futuro, e 54% não acreditam que líderes empresariais digam a verdade.
Nossos valores são amplamente compartilhados, embora, às vezes, também entrem em conflito dentro de nós mesmos ou de nossos grupos, nações e mercados, o que nos leva à nossa pergunta final: como marcas, governos e indivíduos podem trabalhar juntos para resolver todas essas questões e construir sobre a esperança e o otimismo aqui representados?
Em meio a esse cenário de desordem, há uma luz no fim do túnel: VOCÊ! Você importa mais do que imagina! Cada movimento seu tem o potencial de impactar o mundo!
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