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Adriano Oliveira: O Brasil está polarizado?
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Cientista político e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Autor de vários livros que abordam o comportamento do eleitor. Membro do Grupo de Pesquisa Comunicación Política e Comportamento Electoral en América Latina. Atualmente desenvolve pesquisas qualitativas e quantitativas de Opinião Pública

Adriano Oliveira: O Brasil está polarizado?

O lulismo, não canso de repetir, é fenômeno econômico identificado em uma pessoa. O bolsonarismo é fenômeno ideológico e moral identificado em uma pessoa.; O petismo não é necessariamente um fenômeno
Tipo Opinião
Adriano Oliveira, doutor em Ciência Política, professor da UFPE, fundador da Cenário Inteligência (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Adriano Oliveira, doutor em Ciência Política, professor da UFPE, fundador da Cenário Inteligência

Voltamos mais uma vez ao debate sobre polarização. Pesquisa divulgada pelo Datafolha em 5 de abril de 2023 revela que 30% dos votantes se dizem petistas e 23% bolsonaristas. Vejam, inicialmente, que existem duas definições diferentes. Elas não podem ser comparadas. Ser petista não significa ser lulista. O que a pesquisa faz é verificar o montante de petistas versus bolsonaristas. E não a frequência de lulistas versus bolsonaristas.

O lulismo, não canso de repetir, é fenômeno econômico identificado em uma pessoa. O bolsonarismo é fenômeno ideológico e moral identificado em uma pessoa. O petismo não é necessariamente um fenômeno. O PT, como variadas pesquisas revelam, é um partido político com muitos admiradores. Neste ponto, fica a dúvida: é o lulismo que incentiva a admiração ao petismo ou é o petismo que conduz a admiração ao lulismo? Obviamente, que o lulismo é muito maior do que o PT.

Identifico o tamanho do lulismo entre os votantes que aprovam (Ótimo/bom) o atual governo Lula. De acordo com o Datafolha, os adeptos do lulismo são hoje 38%. Confesso que este não é um indicador satisfatório. Todavia, serve para deixar claro que lulismo é diferente de petismo. Portanto, se é para verificar a polarização no ambiente eleitoral é necessário indagar sobre lulismo e bolsonarismo.

Às véspera da eleição do 2° turno da eleição presidencial, 44% dos votantes declararam que não votariam em Lula e 48% em Bolsonaro - Genial/Quaest. Rejeições próximas. Em razão disto, o resultado das urnas foi tão apertado. Com base exclusivamente nestes dados e do desempenho de Lula e Bolsonaro na última disputa presidencial é verdadeira a afirmação de que a eleição foi polarizada. Mas não é necessariamente correta a assertiva de que o Brasil está polarizado.

Se 30% são petistas e 23% bolsonaristas, onde estão o restante dos votantes? Em dezembro de 2021, 24% dos votantes (neutros) preferiam que nem Lula e nem Bolsonaro vencesse a eleição. 46% desejavam Lula e 24% Bolsonaro - Genial/Quaest. O Lula, em 2021, já era favorito para ganhar a disputa. Bolsonaro cresceu entre os votantes neutros, os quais, naquele momento, poderiam ser classificados como antilulistas e antipetistas. O tamanho real do bolsonarismo neste instante é semelhante ao apontado pelo Datafolha em sua última pesquisa: 23%. Conclusão: O Brasil não está polarizado. Todavia, Bolsonaro segue, ainda, como alternativa aos que não gostam de Lula e do PT.

 

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