Cientista político e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Autor de vários livros que abordam o comportamento do eleitor. Membro do Grupo de Pesquisa Comunicación Política e Comportamento Electoral en América Latina. Atualmente desenvolve pesquisas qualitativas e quantitativas de Opinião Pública
Bolsonarismo e lulismo são fenômenos que se retroalimentam. A relação entre ambos é correlacionada e com observável casos de causalidade. O aumento da rejeição de um poderá motivar o crescimento da aceitação do outro
Foto: FCO FONTENELE (O POVO)/Richard Lourenço/Rede Câmara SP/Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Lula, Michelle Bolsonaro e Tarcísio de Freitas
O bolsonarismo tem eleitores convictos e densidade, por consequência, a defesa da anistia trará votos para os candidatos bolsonaristas que disputarão cadeiras nas assembleias legislativas e Câmara Federal. Em estados majoritariamente antilulistas, como Paraná e Santa Catarina, a luta pela anistia, e, claro, o bolsonarismo, poderá eleger governadores e senadores.
Especificamente na região Nordeste, a pauta do perdão elegerá deputados estaduais e federais. Contudo, a densidade do bolsonarismo é menor do que a do lulismo. Portanto, a anistia tende a não eleger grande números de senadores e governadores. O espaço eleitoral bolsonarista no Nordeste sofre grande disputa em virtude dele ser menor do que nas unidades federativas citadas. No reino do lulismo, o bolsonarismo é bom para conquistar cadeiras no Parlamento.
Nem todos os políticos que defendem a anistia desejam imediatamente votos. Querem reconstruir a história sem o bolsonarismo. Eles acreditam que para superar o lulismo, é necessário o bolsonarismo. A estratégia é incongruente, pois bolsonarismo e lulismo são fenômenos que se retroalimentam. A relação entre ambos é correlacionada e com observável casos de causalidade. O aumento da rejeição de um poderá motivar o crescimento da aceitação do outro.
Tarcísio de Freitas e seus apoiadores acreditam que só vencem o presidente Lula se conquistarem a benção de Bolsonaro. Quando olhamos para os sentimentos dos eleitores extraídos das pesquisas qualitativas é nítido e claro o aumento da rejeição ao bolsonarismo e o cansaço do lulismo.
No cenário que a oposição ao lulismo deseja criar, Tarcísio com o apoio de Bolsonaro, versus o presidente Lula, este é favorito a ser reeleito em razão de que tende a chegar em 2026 com rejeição menor do que a do ex-presidente. E o governador de São Paulo com o apoio de Bolsonaro conquistará rejeição.
Em algum momento da campanha presidencial, Tarcísio de Freitas, se for candidato, terá que falar mal do lulismo e de Bolsonaro em virtude de que descobrirá tardiamente que não poderá vencer com a marca "Jair Bolsonaro". Se isto acontecer, Tarcísio estará no pior dos mundos: Não terá o eleitor que queria (e quer) algo novo entre Lula e Bolsonaro e perderá o eleitor bolsonarista convicto.
A anistia é instrumento para a oposição ao lulismo, mas que o beneficia. A defesa intransigente dela traz votos para o presidente da República, pois afasta os seus defensores, como Tarcísio de Freitas, do eleitorado que busca alternativa entre Lula e Bolsonaro. A defesa do perdão coloca Lula e o PT no centro democrático.
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