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A realidade da eleição de 2026
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Cientista político e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Autor de vários livros que abordam o comportamento do eleitor. Membro do Grupo de Pesquisa Comunicación Política e Comportamento Electoral en América Latina. Atualmente desenvolve pesquisas qualitativas e quantitativas de Opinião Pública

A realidade da eleição de 2026

O aprova e o desaprova extraídos da pesquisa quantitativa seguirão confundindo os estrategistas e políticos em razão delas desprezarem o sentimento dos eleitores e os estados de medo ("menos pior") e de dúvidas do eleitor
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TSE - Tribunal Superior Eleitoral
Urna eletrônica (Foto: Antonio Augusto/Ascom/TSE)
Foto: Antonio Augusto/Ascom/TSE TSE - Tribunal Superior Eleitoral Urna eletrônica

Estamos chegando ao final do ano e mais próximo da eleição presidencial de 2026. Neste ano que finda, foram várias pesquisas sugerindo diversas “realidades” eleitorais. Dentre as quais, resumo em três. A primeira delas foi a de que o presidente Lula não seria reeleito. Isto aconteceu entre fevereiro a junho. Em seguida, a segunda “realidade”: O presidente Lula recupera popularidade e tende a ser reeleito. E a terceira, a qual é bem recente, foi que a atuação do crime organizado no Rio de Janeiro estancou a recuperação da popularidade do presidente.

Todas as três “realidades” construídas com base, exclusivamente, em pesquisas quantitativas, e em duas variáveis específicas: Intenção de voto e Avaliação da administração, ou seja, aprova e desaprova. A variável Intenção de voto não é preditor de votos. Os políticos e analistas que se baseiam exclusivamente nela, realizam previsões equivocadas. A intenção de voto quando analisada solitariamente só serve para provocar euforia e miopia.

O aprova e o desaprova extraídos da pesquisa quantitativa seguirão confundindo os estrategistas e políticos em razão delas desprezarem o sentimento dos eleitores e os estados de medo (“menos pior”) e de dúvidas do eleitor. Quando o analista só olha o número correspondente ao aprova e ao desaprova, ele só considera uma parte bem limitada do todo. Neste caso, quais as razões de cada sentimento?

A leitura de pesquisas requer compreensão profunda da conjuntura. Sem isto, a interpretação da pesquisa, inclusive qualitativa, será quase que profundamente equivocada. Se a inflação era um dos principais desafios do governo Lula, hoje, as pesquisas revelam que não é mais. Neste instante, de acordo com a pesquisa da Quaest (12/11/2025), a segurança pública é o grande desafio. Os problemas apontados pelas pesquisas são conjunturais. Isto significa que eles estão “quente” na opinião pública, mas não necessariamente estarão.

O ano de 2025 finda, conforme bem revela pesquisas qualitativas da Cenário Inteligência realizadas no decorrer deste ano, com as seguintes “realidades”, as quais devem prevalecer em 2026: 1) Calcificação da rejeição a Lula, o qual limita o crescimento da popularidade do presidente da República; 2) Desejo razoável de um candidato à presidente que não seja Lula e Bolsonaro; 3) Declínio da popularidade de Jair Bolsonaro em razão de que o eleitor tem informações de que ele não pode ser candidato; 4) Entre um candidato bolsonarizado e Lula, o segundo tem menor rejeição; 5) Lula segue a despertar sentimentos positivos em parcela do eleitorado; 6) Rejeição ao bolsonarismo e ao lulismo mais bem-estar econômico são fortes preditores de voto.

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