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TransferRoom: o "Tinder" do futebol
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Coordenador do Esportes O POVO. Jornalista curioso sobre os bastidores do mundo da bola e apaixonado pelo jogo nas quatro linhas

TransferRoom: o "Tinder" do futebol

Empresa tem plataforma online para contatos entre mais de 800 clubes, inclusive Ceará e Fortaleza, e empresários de jogadores, além de promover encontros presenciais
TransferRoom realizou summit em Buenos Aires, na Argentina, com presenças de Ceará e Fortaleza (Foto: Toby Tande/TransferRoom)
Foto: Toby Tande/TransferRoom TransferRoom realizou summit em Buenos Aires, na Argentina, com presenças de Ceará e Fortaleza

Entrar em um aplicativo, criar um perfil, olhar as opções, dar match, conversar e marcar um encontro para engatar uma relação. Provavelmente você associou a descrição à rotina de uma pessoa solteira, mas ela também se aplica ao mundo do futebol, que tem o seu próprio "Tinder": o TransferRoom faz a ponte virtual entre clubes, agentes e jogadores para negociações e também tem eventos presenciais, onde conexões são criadas e podem gerar parcerias e transferências.

Em 2016, o dinamarquês Jonas Ankersen se deu conta da expansão do marketplace mundo afora e acreditou que poderia fazer algo similar no futebol. "Eu comecei a viajar pela Europa, visitando muitos clubes, tentando entender os pontos problemáticos e as necessidades nas transferências", explica à coluna, por e-mail.

Rapidamente, Jonas montou um diagnóstico: falta de transparência e acesso a informações confiáveis no mercado. O fundador e CEO da plataforma, que surgiu a partir da percepção destas lacunas, identificou que os clubes compradores não tinham muito acesso a quais jogadores estavam disponíveis, e as equipes vendedoras não sabiam qual perfil de atleta os compradores estavam procurando.

"Era muito comum não haver uma comunicação direta entre os tomadores de decisão. Os clubes tinham que envolver intermediários para fazer as negociações", relembra. A plataforma ajudou a dirimir o problema. Hoje, os mais de 800 clubes mundo fora (de 125 ligas diferentes, de 70 países) e cerca de 500 empresários de jogadores conseguem se comunicar por lá. Da Série A do Campeonato Brasileiro, 17 dos 20 times fazem parte, inclusive Ceará e Fortaleza.

E como funciona a dinâmica online para encontrar um atleta? "Por exemplo, um diretor esportivo entra no sistema e quer um lateral-direito que também possa jogar na zaga e é forte na bola aérea. O máximo que pode pagar pela compra ou pelo empréstimo, o maior valor de salário. E os usuários vão poder ver as especificações e apontar atletas que se encaixam nos critérios", discorre Jonas Ankersen, que diz que a própria plataforma também recomenda jogadores.

Jonas Ankersen é o fundador e CEO do TransferRoom(Foto: Karolis Gadliauskas/TransferRoom)
Foto: Karolis Gadliauskas/TransferRoom Jonas Ankersen é o fundador e CEO do TransferRoom

Além do "match" virtual, os personagens se encontram para trocar informações e criar networking. O TransferRoom promove três eventos presenciais por ano — o mais recente foi em Buenos Aires, na Argentina —, em que dirigentes e agentes participam de 25 reuniões cada. As conversas têm duração cronometrada de 15 minutos. "É para encorajar as pessoas a serem concisas e irem direto ao ponto", explica o empresário dinamarquês.

Ankersen estima que mais de 7.500 transferências foram facilitadas graças ao seu negócio. E cita algumas envolvendo clubes brasileiros, dentre elas a venda do atacante Pedro Raul, hoje no Ceará, do Vasco para o Toluca, do México. Ele esclarece que o TransferRoom não ganha comissão com as transações, recebe apenas pela inscrição para criação de conta na plataforma.

O CEO admite que já ouviu "interpretações bem-humoradas" sobre o negócio, inclusive a comparação com o Tinder. "Você pode dizer que nós somos o casamenteiro", sugere. O papel de matchmaker tem sido executado com sucesso e a intenção é ampliar a influência na indústria do futebol nos próximos anos. "Nosso objetivo é que a maioria das transferências um dia envolva o TransferRoom em algum ponto do processo", projeta.

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