Coordenador do Esportes O POVO. Jornalista curioso sobre os bastidores do mundo da bola e apaixonado pelo jogo nas quatro linhas
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No início da semana, o Bahia, melhor clube nordestino no Brasileirão, deu mais um passo que indica um salto de patamar na Região: a construção de um novo centro de treinamento, que custará cerca de R$ 300 milhões, terá 12 campos e um miniestádio, além de hotel para os atletas. A virada de chave do Esquadrão em investimentos maiores ocorreu a partir da venda da SAF para o City Football Group.
O clube de Salvador (BA), que dividiu os holofotes do Nordeste e disputou títulos com Ceará e Fortaleza nos últimos anos, encontrou o parceiro ideal para assumir a Sociedade Anônima do Futebol, com robustez financeira e um projeto esportivo completo, envolvendo aquisição de bons jogadores — Caio Alexandre, ex-Leão, e Erick Pulga, ex-Vovô, por exemplo —, trabalho a longo prazo de Rogério Ceni e estrutura extracampo.
Somente a venda da SAF pode fazer os outros clubes rivalizarem com este Bahia turbinado? Há casos e casos. Mas, naquele dos rivais nordestinos, por exemplo, sem investimento externo, criatividade, metodologia bem definida e margem de erro quase zero serão cada vez mais necessários.
O futebol tem o imponderável, é verdade. Este mesmo Bahia não conseguiu ir longe nem na Libertadores, nem na Sul-Americana deste ano, mas faturou o Estadual, o Nordestão e está em quinto lugar na Série A. Nem todas as contratações irão funcionar, os treinadores passarão por oscilações, mas o projeto tem um rumo definido, capitaneado pelo CEO Ferran Soriano, ex-dirigente do Barcelona e hoje chefão do Manchester City — dois trabalhos exitosos.
Nem todos conseguirão uma negociação deste nível, com um grupo de tamanha expertise e tanto sucesso. O Botafogo, do norte-americano John Textor, ganhou Libertadores e Brasileiro ano passado, mas está envolto em polêmicas. O Vasco viu fracassar a parceria com a 777 Partners, que enfrenta problemas mais sérios mundo afora.
O Cruzeiro se reergueu com Ronaldo, que revendeu para Pedro Lourenço. O rival Atlético-MG foi comprado por quatro empresários bem-sucedidos torcedores do Galo, o que não minimizou as crises extracampo, com dívidas e atrasos salariais.
Os investimentos estrangeiros esfriaram nos últimos anos, após uma primeira onda. Há outros clubes com SAF formada, mas ainda sem venda, como Fortaleza, Fluminense e Athletico-PR, por exemplo. Os três, por coincidência, tentaram venda de uma fatia minoritária, sem adesão do mercado. Agora já estão abertos a uma negociação majoritária. Há vida sem SAF, mas uma injeção financeira relevante e um projeto esportivo bem formatado podem mudar o futuro de um clube.
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