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A via crucis do Fortaleza
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Coordenador do Esportes O POVO. Jornalista curioso sobre os bastidores do mundo da bola e apaixonado pelo jogo nas quatro linhas

A via crucis do Fortaleza

Tricolor vive entre a esperança e a desilusão a cada rodada do Brasileirão e vê o futuro na Série B cada vez mais próximo
Tipo Opinião
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Atacante Breno Lopes no jogo Fortaleza x São Paulo, no Castelão, pelo Campeonato Brasileiro Série A 2025 (Foto: Lucas Emanuel/FCF)
Foto: Lucas Emanuel/FCF Atacante Breno Lopes no jogo Fortaleza x São Paulo, no Castelão, pelo Campeonato Brasileiro Série A 2025

Rodada após rodada, o torcedor do Fortaleza puxa o celular para olhar os resultados dos concorrentes no Brasileirão e alterna entre a esperança e a desilusão. A confiança e a decepção também aparecem com frequência a partir dos resultados do próprio time, que caminha, a passos morosos, mas firmes, para a Série B de 2026.

Na briga com Vitória, Santos e Juventude, já aconteceu de tudo: tropeços dos concorrentes e vitória tricolor; triunfos dos rivais e empate ou derrota do Leão; e resultados ruins para todos. O time do Pici já foi dado como rebaixado muitas vezes e ganhou sobrevida em outros momentos.

O fato é que o Fortaleza vive uma via crucis em 2025 e a queda da elite nacional seria o desfecho de um ano cruel, com raros momentos positivos e sem taças, o que não ocorria desde 2014.

Nem a ida para as oitavas de final da Libertadores pela segunda vez na história empolgou os tricolores, diante do vice-campeonato estadual, do vexame na Copa do Brasil, da queda nas quartas do Nordestão e da péssima campanha na Série A.

O descenso parece questão de tempo, mas o sofrimento se arrasta à espera do dia 7 de dezembro e ganha contornos amargos em algumas rodadas, como o gol sofrido aos 44 minutos do segundo tempo no Clássico-Rei — ampliando o jejum no duelo para dez partidas — e a falha de Brenno contra o Grêmio, além das derrotas com um homem a mais para São Paulo e Vasco. Golpes duros, como definiu Martín Palermo.

Com mais seis jogos pela frente, o Tricolor vive a agonia de não conseguir emplacar uma sequência positiva para ganhar fôlego e de ainda não ter uma definição matemática do futuro. Mas o destino se mostra cada vez mais encaminhado em uma temporada de brigas políticas, trocas de técnicos, declarações infelizes, desconexão com as arquibancadas e erros. Muitos erros.

O próximo ano já é pauta no Pici, em uma avaliação de cenários possíveis — permanência e rebaixamento —, sobretudo pela parte financeira. A queda causaria um baque relevante nas receitas do clube, começando pela cota do Campeonato Brasileiro. O Fortaleza hoje tem uma estrutura de mais de 400 funcionários, compras de jogadores a pagar e um elenco inchado (38 atletas) e caro (folha salarial mensal de mais de R$ 12 milhões).

A retomada e a reconstrução, portanto, também não serão fáceis. A temporada de eliminações, decisões equivocadas e muitas derrotas gerou desgaste para ídolos tricolores, dentro e fora de campo. Será o momento de rupturas e fim de ciclos no Pici após anos de muito sucesso e um 2025 catastrófico.

Os cinco pontos de distância para o Vitória, primeiro time fora da zona de rebaixamento, e o jogo atrasado contra o Atlético-MG ainda mantêm algum fio de esperança — em caso de vitória, a diferença cairia para dois pontos —, mantendo a alternância de humor do torcedor do Fortaleza. Dirigentes, comissão técnica e jogadores não podem jogar a toalha, mas até eles já devem ter percebido os sinais de um futuro sentenciado.

Foto do Afonso Ribeiro

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