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Brasileirão se perde no vazio das ilusões perdidas
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Colunista do O POVO, Alan Neto é o mais polêmico jornalista esportivo do Ceará. É comandante-mor do Trem Bala, na rádio O POVO/CBN e na TV Ceará. Aos domingos, sua coluna traz os bastidores da política e variedades.

Alan Neto esportes

Brasileirão se perde no vazio das ilusões perdidas

Tipo Opinião

.DE lado com a Copa do Brasil, competição de cartas marcadas, razão pela qual não pode ser levada tanto a sério, tirante as cotas que os clubes embolsam, opto em focar minha lupa muito mais no Brasileirão, mesmo que aos trancos e barrancos, porém competição mais levada a sério. Lamento não ter público, aliás, não só privilégio nosso.

ILUSÕES PERDIDAS

.COMO se sentem os jogadores dentro de campo olhando pras arquibancadas vazias? Ricardinho, no rol dos mais veteranos, porém, ainda bola cheia, me deu a melhor de todas as respostas. Ei-la: "Passa a nós a impressão de ser um campeonato fantasma, tipo faz de conta". Tradução — sem torcedor nos estádios o Brasileirão se perde no vazio das ilusões perdidas.

CHÃO DA REALIDADE

.VINDO para o chão da realidade, após a décima rodada, já se pode ter uma antevisão de como está a Série A, comparada a um imenso tobogã, neste sobe e desce incessante. Precisamente aí onde está o segredo do negócio que a mente fértil da crônica esportiva batizou de — cada jogo é como se valessem três pontos. Quem tiver este foco não está errado.

NO PÓDIO

. QUEM parte na frente ganhando todas, ou quase, tipo Internacional, disparou na ponta, já prenunciando que é um dos cotados. Pode ser ainda cedo, contudo, nos mostram os números. Em seus calcanhares estão São Paulo, Atlético Mineiro e a boa surpresa o Vasco da Gama com um equipe vinda das bases, enxertada por umas três contratações, dentre as quais o artilheiro Cano. Quem tem um goleador em sua equipe tem (quase) tudo. Diferentemente do bonzinho e do esforçado, o artilheiro conhece cada palmo da chamada zona do agrião, popularizada pelo grande João Saldanha.

E OS NOSSOS?

.PARTE que nos toca, o que mais me interessa, por enquanto, Ceará e Fortaleza estão bem no longa metragem, no rol dos 10 primeiros colocados, Ceará em nono, Fortaleza, décimo. Um ali rosnando no calcanhar do outro. Nada mal. Se servir de consolo, por enquanto, bem entendido, estão na zona da Sul-Americana.

QUILÔMETROS RODADOS

.SÃO 38 rodadas, 19 cada turno, a quilometragem do Brasileirão, assinala que 26% já foram percorridos, quer dizer 1/4 da Série A. Pode ser pouco, mas pode ser um bom prenúncio, se eles se mantiverem nessa marcha, preferivelmente vencendo mais que perdendo, de permeio um empate, que não faz mal, mas também não engorda. Levando em conta que, ano passado, nas 10 rodadas os dois estavam na 13ª e 14ª posição, sempre juntinhos, houve progresso.

E AS DECEPÇÕES?

.ASSIM como existem as boas surpresas, acontecem, também, as amargas decepções. Uma delas, ou talvez a principal, caso do Corinthians, que tanto apanha, quanto dão nele. Diretoria não aguentou a pressão da torcida, somada a péssima campanha, despachou o técnico. Sem surpresa. A culpa recai sempre sobre o treinador. Como uma diretoria não pode dispensar os pernas de paus, preferível mandar embora o comandante da equipe. Aliás, o entra e sai de técnico este ano deve bater todos os recordes. Prova provada de que o nível técnico do Brasileirão não é lá esses balaios todos.

TODOS PERDERAM

.CHAMA a atenção os famosos alfarrábios do paciente Miguel Júnior de que este ano no Brasileirão não existe nenhum clube invicto. Todos que estão nessa imensa roda-gigante perderam pontos em derrotas. Até o líder Internacional. Caso raro um clube tirar um campeonato tão longo rompendo a fita de chegada invicto. Único caso consta ter sido este mesmo Internacional, anos atrás, quando Falcão reinava em campo. Será? Pedirei ao Minhoca, nosso estatístico, pra conferir.

ALTOS & BAIXOS

.ANO passado, com o português Jesus, o Flamengo voava em campo, passando o trator por cima dos adversários. Tanto que ganhou todas as competições, mas na decisão do Mundial, perdeu por Liverpool, que tem um timaço. Vai demorar o Mengão repetir esta façanha, mesmo porque foi obrigado a trocar de técnico e o atual, Domènec, trouxe modelo que não bate com o do português.

GANHA OU PERDE

.Atentem para o detalhe: o Atlético Mineiro, que investiu alto no Sampaoli, está entre os três primeiros. O argentino joga pra ganhar de forma aguda. Reparem a coincidência — o Inter, atual líder, é comandado também por um argentino. Lá eles têm outra cultura do futebol — menos tico-tico no fubá, quer dizer toque para os lados, e sempre jogando pra frente em busca do gol. Naquela do ou ganha ou perde. Certo ou errado? Absolutamente certo. Me faz lembrar o grande César Morais, que copiou o 4-3-3 no futebol cearense. Seus times jogavam sempre de forma aguda. Sem essa de artilheiro fazer papel de pivô quando seu lugar é dentro da área. Grande Guri! 

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