.CANETA na mão de há muito teria acabado com decisão por pênaltis, faria voltar o gol de ouro — aquele de quem fizer o primeiro gol ganha — embora melhor solução fosse terceiro jogo sem pênalti, sim, saldo de gols.

.MAURO Carmélio, nas competições etiquetadas pela FCF, de há muito exterminou decisão via penalidades, uma das raras coisas boas que fez em sua gestão anódina, cujo tempo até perdi as contas.

.PRIVILÉGIO não só dele. Quem senta naquela cadeira, ou de outras federações, só sai dali morto. Há casos de presidentes que já atravessaram as três décadas. Tem um motivo? Vários. Principal deles — mordomia tem seus encantos.

CASOS RAROS

.DECISÃO São Paulo 10x9 Fortaleza é um desses casos raríssimos em futebol. Mergulho nos alfarrábios fabulosos do Miguel Júnior, perfeccionista como todo bom sagitariano. Deparo-me com dois casos. Um no exterior. Outro aqui mesmo no Brasil.

.DISPUTA mais longa por pênaltis na história do futebol aconteceu em 2005, Copa da Namíbia, país africano. Decisão entre o KK Palace e o Civiks. Ao todo, 48 cobranças (pasmem), nas quais 33 foram convertidas, 15 perdidas.

. NO Brasil, em 1987, Campeonato Módulo Amarelo, que corresponde, hoje, a Série B, final entre Sport e Guarani. Nos pênaltis, quando cada time atingiu 11, optaram por entrarem num consenso dividindo o título. Posteriormente, clube paulista renunciou a ideia, deixando para o Sport o título do Módulo Amarelo.

O ESCOLHIDO

.PENÚLTIMO pênalti, quando já chegava ao décimo para o Fortaleza, restavam dois atletas que não haviam batido. Lateral Gabriel Dias e jovem atacante Igor Torres. Ceni, claro, optou pelo mais experiente, indicando Gabriel. Penalidade mal cobrada no canto onde o goleiro Volpi pressentiu que a bola iria.

.EM pênalti, mérito maior é pra quem bate ou pra quem perde? Claro pra quem defende pois quem bate tem 7 metros diante de si pra escolher onde chutar. Cabe ao goleiro se virar pra defender, maioria das vezes no bambo caindo no lado onde a bola pretendia passar. Foi o caso de Volpi.

ÚLTIMO GONGO

.CENI deixou Wellington Paulista no banco, já que perdeu a posição para David. Ao pressentir que a decisão seria por pênaltis, após o gol do zagueiro Roger Carvalho, de cabeça, nos acréscimos, tratou de mandá-lo a campo levando em conta que WP, com saracoteio e tudo, dificilmente erra. O árbitro não viu o aceno da placa anunciando a entrada do atacante, enquanto Ceni berrava à beira do campo. Até que o apitador deu conta da situação, mandou o WP entrar. Ele não perdeu a pose. Foi lá, deixou sua marca.

A PROVA DE FOGO

.CENI podia ter escolhido Boeck para a decisão, já que o titular Felipe Alves, estava suspenso. Preferiu manter Max Walef, por trabalhar bem com os pés, copiando Felipe Alves. No Fortaleza, Max sempre treinou bater pênalti, daí não ter hesitado quando chegou sua vez. Mesmo ocorreu com Volpi, do São Paulo, ótimo goleiro, apontado como o sucessor de Ceni debaixo das traves. No duelo dos goleiros cada qual fez o seu.

QUEM É QUEM

.DAS nove penalidades do Fortaleza quais os melhores batedores? Pelo meu olho clínico — Wellington Paulista, de tantas jornadas, e zagueiros Roger Carvalho e Paulão. Aliás, se Quintero não voltar logo, Roger toma-lhe a posição.

COISAS DO DESTINO

.DECISÃO por pênaltis nos áureos tempos de Ceni, goleiro do São Paulo, a responsabilidade era sempre dele. Faltas também. Tanto que é o goleiro recordista em gols de falta em todo mundo. O destino, porém, prega das suas. Agora técnico, Ceni perdeu para o São Paulo, de quem jamais venceu, justo numa decisão de penalidades. Sair cabisbaixo foi sua única alternativa.

CHUVA DE GOLS

.DECISÃO pela Copa do Brasil deste ano, São Paulo x Fortaleza, registou-se o maior número de gols da história entre eles em apenas dois jogos. Total de 29, somando-se, empate (3x3) primeiro jogo no Castelão. Mais 2x2 de domingo. Inserindo-se os 19 das penalidades alcança a casa dos 29. Raramente haverá repetição da rede balançar tanto por muitos anos. Quem sabe nunca.

A DIFERENÇA

.SE o Fortaleza tivesse eliminado o São Paulo receberia a cota de R$ 3,3 milhões, que pagaria uma folha de pagamento. Reparem para a diferença. Essa mesma cota paga a metade do salário do veterano Daniel Alves. Eita geografia massacrante!