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Chuvas & trovoadas povoam os caminhos recentes de Ceará e Fortaleza
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Colunista do O POVO, Alan Neto é o mais polêmico jornalista esportivo do Ceará. É comandante-mor do Trem Bala, na rádio O POVO/CBN e na TV Ceará. Aos domingos, sua coluna traz os bastidores da política e variedades.

Alan Neto esportes

Chuvas & trovoadas povoam os caminhos recentes de Ceará e Fortaleza

Tipo Opinião

- COMO por encanto, ou desencanto mesmo, Ceará e Fortaleza despencaram na Série A, para quem, como os dois, estavam relativamente bem na competição. De repente, deu-se o dilúvio. Fosse ao menos um deles, ainda se tinha alguma desculpa, mesmo que esfarrapada. Por qual razão logo os dois? Sinal de que estão vindo por aí chuvas e trovoadas.

- NO Fortaleza culpa-se a saída do Ceni, tão repentina, desonerando toda a equipe. Explica, porém, não justifica. Com Ceni o Fortaleza já estava em queda de produção por vários motivos. O principal deles a não fixação de uma mesma equipe, posto que, a cada jogo, lá estava um time diferente. A história revela, em cores reais, que nunca se soube o dia, nem contra quem, uma mesma escalação foi repetida.

BONDE ANDANDO

- CONTUDO, o cerne da questão não reside aí, embora passe inexoravelmente por este quesito. Se uma equipe não é repetida ao menos cinco vezes será quase impossível ganhar aquilo que é rudimentar em futebol — entrosamento. Ceni se foi, às pressas foi trazido o Chamusca, café requentado de tantas vezes, na tentativa de dar uma nova feição ao Tricolor.

- NÃO é tarefa fácil pegar o bonde andando em pleno frisson de uma competição como é o Brasileirão. Repete-se aquele bordão do trocar o pneu com o carro andando. Chamusca vai precisar de tempo, que a Série A não tem, pois os jogos são quase seguidamente, com intervalos diminutos. Precisamente aí onde porá à prova seus conhecimentos e sua competência.

JOGADA DE RISCO

- NÃO fosse o suficiente, está trocando uma Série B por uma Série A. A diferença é abissal, a partir da qualidade dos times e da própria competição. Para Chamusca, uma jogada de risco que resolveu enfrentar. Trocar o que era que certo por algo duvidoso, o risco ainda é maior. Mas a vida é um enxame de desafios. Se resolveu aceitar que, então, arque com as consequências.

FALTA DE EQUILIBRO

- OUTRO lado da questão. Consta que os dias de Guto Ferreira estão contados no Ceará. O time, a exemplo do rival, também despenca. Um tem a desculpa da saída do seu ex-treinador. Engole-se. E no Alvinegro, o técnico é o mesmo faz um bom punhado de tempo e a equipe continua sem um equilíbrio técnico nas quatro linhas.

- PRINCIPAL e mais grave defeito de Guto é o mesmismo. Nele se atrela, não há meio de sair. Fácil concluir — o Ceará joga daquela maneira desde que ele assumiu. Não há uma alternativa tática para, pelo menos, passar ao torcedor que alguma coisa está mudando.

- SER técnico não é uma função fácil. Qualquer um pode até se rotular na teoria. Na prática, o caminho é bem mais pedregoso, tão cheio de travessias e acidentes de percursos. A visão que Guto tem passa a impressão de ele só olhar numa mesma direção, jamais para os lados.

- TRADUZINDO para ser melhor entendido. Se fixa numa equipe, com ela aquela vai até a exaustão. É o chamado modelo de "samba de uma nota só". E quando procede mudanças, difícil ser para melhor. Troca-se seis por meia dúzia, sem esquecer que as alternativa táticas são de qualidade duvidosa. Sai um ruim, entra outro pior. A paciência do torcedor encheu até as tampas.

VENDER BELEZA

- VEJAM o caso do atacante Vizeu. Robinson de Castro fez um esforço tenaz, fugindo até mesmo do seu gênero, para trazê-lo da Itália. O atleta pediu 15 dias para entrar em forma, se aclimar ao elenco e à cidade. Este tempo já passou e Vizeu ficou à disposição do técnico.

O QUE fez então Guto Ferreira. O deixou mofando no banco para colocá-lo no desenrolar da partida, optando por outro de menor qualidade técnica. Alguém precisa avisar ao técnico que Vizeu não veio vender beleza e que atacante sabe seu campo de ação dentro das quatro linhas. Guto finge que não é com ele. Com Sobis aconteceu a mesma coisa.

ERROS ELEMENTARES

- COMO se não bastasse, a defesa, lá atrás, sofre gols incríveis a cada jogo, tamanha é a falta de entrosamento entre seus integrantes. A meia-cancha não produz o suficiente, pra completar Vina contraiu a Covid. Erros elementares que a visão bitolada de Guto Ferreira não consegue enxergar.

- SE é hora de fazer alguma coisa pra motivar o elenco, esta hora é chegada. Ficar repetindo os mesmos erros, a descida será mais rápida. Como não há mais jogo de volta, os pontos perdidos são irrecuperáveis. Os dois despencam de vez, prenúncio nada lisonjeiro de que o pior pode ainda estar por vir.

SOMA RÁPIDA

- ATÉ agora Fernando Prass tomou 30 gols debaixo das traves do Ceará em 20 jogos. Noves fora, qualquer outro, no seu lugar, já teria perdido a posição. E por qual razão é intocável — pelo nome, pela idade, pelo respeito a sua história? Prass virou uma peneira.

 

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