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Fortaleza de Chamusca apostou no retrato (in)fiel do Fortaleza de Ceni
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Colunista do O POVO, Alan Neto é o mais polêmico jornalista esportivo do Ceará. É comandante-mor do Trem Bala, na rádio O POVO/CBN e na TV Ceará. Aos domingos, sua coluna traz os bastidores da política e variedades.

Alan Neto esportes

Fortaleza de Chamusca apostou no retrato (in)fiel do Fortaleza de Ceni

Tipo Opinião

.LEMBRAM aquela história, espalhada pelo próprio treinador Chamusca, de que aproveitaria o tempo de folga para dar ao Fortaleza uma nova compactação, isto é, uma nova cara? Bazófia. Quem embarcou nessa história de trancoso, especialmente nós, da imprensa esportiva, entrou numa tremenda canoa furada.

.APROVEITARIA o jogo contra o Corinthians para mostrar a nova formatação tática do time dos sonhos, dele, fique bem claro, mais organizado em suas linhas que lá pras tantas chamou de "entrelinhas dos setores em desalinho". Que linda definição! Coisa de poeta.

.EXPECTATIVA em torno da grande surpresa transformou-se dolorosa decepção. Quando foi anunciada a formação do Tricolor, lá estava montado num surrado 4-2-4, com dois volantes para os desarmes e lançamentos, mais na frente quatro atacantes, na tentativa de surpreender o Corinthians. Quebrou a cara.

.O QUE encharcou a cabeça de Chamusca anunciando uma coisa e requentando uma outra, tantas vezes usada? Por acaso pegaria de surpresa o time paulista, detonaria o tal tabu de 15 anos, se possível com uma goleada homérica? O que o Chamusca mandou mesmo à campo foi um retrato (in)fiel do ex-técnico Ceni. O fantasma do mito estava de volta. Nem o Chamusca o espantou pras catacumbas.

DESALINHO

.NÃO que o sistema tático 4-2-4, que remonta das antigas, não seja ofensivo, não busque o gol com mais insistência. Pode funcionar, sim, desde que suas linhas (ou entrelinhas, no dizer do técnico) estejam afinadas. Pior é que não estavam. O que se viu foi uma desarrumação completa e total, como se todos fossem estranhos, nunca tivessem atuados juntos, salvando-se apenas o Osvaldo, com seus dribles curtos, pra dentro da área. Pena que chute tão mal.

.CARTILHA do Ceni havia sempre um ou dois jogadores que desciam para darem respaldo à meia-cancha, dentre eles Romarinho, mesmo apressado em resolver as coisas sozinhos. Individualmente é bom jogador, nem se discute, coletivamente se perde em dribles desnecessários e repetitivos. Este repertório ficou manjado.

SOB MEDIDA

.JÁ se sabia que o Corinthians vinha mal das pernas, logo um adversário sob medida para que o tabu fosse detonado e o Chamusca, finalmente, dissesse o que veio fazer de volta, cinco anos depois. Pouco mudou ou não mudou nada mesmo.

.PARTICULARMENTE esperava o Tricolor viesse num 4-3-3 ou mesmo 4-4-2, com um jogador especialista em lançamentos. E ele estava ali no banco. Chama-se João Paulo, bom reforço mandado pela Ponte Preta. Percebeu-se isso quando entrou em campo, já com bastante atraso, em dois ou três ótimos lançamentos.

A DECEPÇÃO

.NÃO é por acaso que o Corinthians se acha em posição de tanto incômodo no Brasileirão. Longe, distante mesmo daquele time poderoso dos anos anteriores. Restaram poucos. Cássio, o ótimo goleiro de sempre, o lateral Fagner, que mais apela do que joga, os dois zagueiros madeiras de dar em doido. Daí pra frente é um amontado de jogadores fracos e medíocres.

.DESTA leva nem mesmo o galalau Jô se salva. Joga com o nome, arvora-se de dono do time, reclama por tudo, chega a ser irritante. Diante de um árbitro pusilânime, ele casa e batiza. Acabou sendo expulso, ainda assim, por pouco não arranca o apito da boca do soprador.

.DO lado de fora, um técnico silente, mais chegado a um manequim sem vida, Vagner Mancini, que mal fala, pouco orienta, dando a entender que sua voz de comando não ecoa entre os jogadores. Mancini foi ótimo meio-campo, mas um técnico que nunca se firmou no comando das equipes pelas quais passou. Nem quando era jogador tinha queda para líder.

COMO A BOLA SOFREU...

.QUEREM saber mais? Não escondo. Atravessariam a madrugada e ninguém faria gol um no outro. De um lado um time que não queria vencer. Do outro, uma equipe que não queria ganhar. Zero a zero onde botinadas não faltaram, reclamações trovejaram, empurrões aos borbotões, futebol zero à esquerda. Duas expulsões ainda foram poucas. Como a coitada da bola sofreu...

TESTE DE MEMÓRIA

.PARA a torcida do Fortaleza ficar sabendo. Sabem desde quando o Tricolor não vence no Castelão? Pronta-resposta — desde que se sagrou bicampeão contra o Ceará. Lá se vão quase dois meses.

RASTILHOS

.ZAGUEIRO Jackson, para se diferenciar dos demais jogou com duas chuteiras de cores diferentes. Qual das duas sofreu mais? ... /// BERGSON voltou ao seu normal. Contando o tempo de jogo que ficou em campo, não chutou uma mísera bola em direção ao gol de Cássio ... /// ENTRA e sai preparador físico, e o Osvaldo continua sem aguentar dois tempos de jogos. Depois, culpa a imprensa de implicar com ele...

 

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