l VINA, sempre ele, abriu o placar no começo do jogo, quando as equipes ainda bocejavam no Maracanã. Kelvin, joia alvinegra das bases, decretou os 2x0 em cima do Flamengo, a poucos minutos do final do jogo. Estava sacramentada, ali, a soberba vitória do Ceará sobre o Flamengo, feito que entrará pra história.

l ESTA vitória deverá provocar um abalo sísmico no Flamengo. Quem sabe até a queda de Ceni sem qualquer condição de continuar à frente do rubro-negro. Para o Ceará, passo gigantesco não só para sacramentar sua permanência no Brasileirão, quanto buscar uma vaga na Sul-Americana. Alvinegro cheio de moral, recomenda-se saírem da frente.

FORÇA MÁXIMA

- NÃO foi um resultado qualquer para se procurar desculpas amarelas na tentativa de justificar a derrota. O Flamengo foi ao Maracanã com sua força máxima, pois sua meta era encostar no líder São Paulo que perdera para o Santos. Razão pela qual escalou o que tinha de melhor e mais forte.

- O QUE deve ter imaginado o Flamengo? Que o Ceará não lhe provocaria cócegas, nem comichões. Um adversário fácil de ser batido, se possível até de goleada histórica. O enredo dessa história foi outro completamente diferente porque o futebol também provoca surpresas, dissabores, hecatombes, tremores de terra e manada de zebras.

- FOI mais além na sua imaginação fértil o Mengão. Como assim? Só o fato de entrar em campo com sua força máxima já deixaria o Ceará tremendo dos pés a cabeça. Se assim pensou, e deve, errou feio o alvo. Encontrou pela frente um Ceará aguerrido, bem armado taticamente, tomando, claro, suas necessárias precauções.

PRIMEIRO AVISO

l GOL de Vina, em lançamento na medida de Léo Chu, da esquerda, pegando a defesa do Flamengo de calça curta, foi o primeiro aviso. A bola veio na medida certa para o arremate fatal. O goleiro nem viu por onde a bola passou. Este gol fortaleceu, ainda mais e moralmente, os comandados de Guto Ferreira. Se alguém teria que correr atrás do prejuízo já não era o Ceará, sim o Flamengo.

l COMO havia tempo de sobra pra empatar, virar o placar, quem sabe desaguar numa goleada pra que tanta pressa? Caiu do cavalo outra vez. Havia tempo sim, mas esqueceu que do outro lado havia uma equipe cheia de brio, com suas linhas delineadas, sem temer arrufos ou pseudos favoritismos.

l ATÉ porque, se havia tempo de sobra a favor de uma reação, havia este mesmo tempo de sobra para o Ceará se armar, ainda mais, até os dentes. Multiplicar-se em campo, segurar o resultado. Se acontecesse um pretenso empate já se daria por satisfeito. Foi outro tiro pela culatra.

TUDO OU NADA

l COMO a vantagem (1x0) prevaleceu no primeiro tempo, na fase final o Flamengo redobrou os esforços pra virar o placar adverso. Guto Ferreira já esperava por isso e, tolo não é, tomou suas precauções. Como assim? Fechou o cerco em duas linhas de quatro, até de cinco jogadores, apostando no desespero do Mengão.

l DESESPERO, todos sabem, não escolhe cara e tem faca de dois gumes. Tradução - não é só privilégio dos chamados clubes de pequeno porte. Os grandes sofrem dessa síndrome da mesma maneira. Pior ainda é ver o tempo passando, as chances surgindo, todas elas perdidas. Chutes a esmo, sem direção, todos querendo resolver sozinhos e o Ceará bem plantado desfazendo as investidas a qualquer preço.

l A RIGOR, as chances apareceram, sim, mas todas elas na base do cada qual querendo resolver por si. Quem por acaso chegou a ver uma defesa milagrosa do goleiro Richard? Pouca ou nenhuma mesmo. No grito, na marra, no nome, na fama o Flamengo não faria o Ceará abrir, como deve ter imaginado. Ali atrás a dupla Pagnussat e Luiz Otávio dois gigantes. Na meia cancha, loas para Charles, Fernando Sobral, Fabinho, e William Oliveira. Os dois laterais completaram a cena.

lTIME disciplinado taticamente, com suas linhas bem afinadas e postadas em todos os seus setores, sabe o que fazer em campo. Até nas diferenças, Vina - o melhor
em campo e o garoto Kelvin souberam decretar a vitória do Ceará e a melancólica derrota do Flamengo.
Vai sobrar pro Ceni...

DOS MALES, O MENOR

l SÁBADO aqui, na estreia as pressas de Enderson Moreira, o Fortaleza arrancou um empate (0x0) com o Grêmio. Bom resultado para quem estava chegando sem tempo pra nada. Como é do ramo, não nasceu ontem, Enderson manteve o mesmo time que enfrentou o Sport. Repetiu o esquema tático, jogou para o alto a sua
sorte. Só não queria era perder. O empate, dos males,
foi o menor de todos.