Logo O POVO+
Historinhas enquanto o futebol do Brasileirão não volta
Foto de Alan Neto
clique para exibir bio do colunista

Colunista do O POVO, Alan Neto é o mais polêmico jornalista esportivo do Ceará. É comandante-mor do Trem Bala, na rádio O POVO/CBN e na TV Ceará. Aos domingos, sua coluna traz os bastidores da política e variedades.

Alan Neto esportes

Historinhas enquanto o futebol do Brasileirão não volta

Tipo Opinião

.PARA desanuviar a mente e sair deste rame-rame chato do futebol cearense, algumas historinhas colecionadas ao longo do tempo, sem precisar datas, nem me peçam, por favor esqueçam. Não gravo datas, quanto mais anos. Mas as historinhas são verídicas, os personagens são reais, uma pitada de folclore aqui, outra acolá, não tira pedaço, muito pelo contrário.

PRIMEIRA FRASE

.QUANDO falei pela primeira vez num microfone? Na saudosa Rádio Iracema, foi sem querer. Ainda estava na fase de engrossar a voz. Jogo aqui, Flamengo x Ceará. Locutor de pista sentiu-se mal, correu pro banheiro. Eu lá por perto pra apanhar as escalas dos times, pois repórter amador. Foi quando o Flamengo fez uma mudança. Lá de cima, o narrador perguntou ao pista - "Quem entra, quem sai?". Como o repórter não estava no local, peguei o microfone e sapequei — "Entra Papagaio e sai o Dida". Narrador espantou-se — "Quem está falando aí? É mesmo Papagaio o apelido dele?". Respondi na hora — "Se não for, faz de conta que é..."

O ATREVIDO

.OUTRA vez foi em Sobral. Estava lá já como repórter de pista. Jogo Fortaleza x Guarany, no Junco. Ao final, as tradicionais entrevistas. De microfone em punho, fui ao encontro de Erandy, então o maior ídolo do Fortaleza. Enchi-me de coragem e o Erandy todo pimpão. O que ele jamais esperava aconteceu. Perguntei - "É verdade que no futebol pernambucano você tinha o apelido de canela de vidro...". Pra quê! Erandy saiu de lá com um palavrão tão cabeludo que sequer tive tempo de fechar o microfone".

RECORDE DE PÚBLICO

.JÁ comandava o programa esportivo da Iracema quando quis fazer algo diferente. Fortaleza contratou, na época de Carlos Castilho, três reforços após longa temporada - Miguel, Serginho e Dimas Filgueiras. Com ajuda do Silvio Carlos, os levei para o auditório da emissora. Caí na besteira de passar o dia anunciando a presença do trio ao vivo. Só não imaginava que fosse tanta gente. Bateu todos os recordes de público, a ponto de ter que mandar fechar o portão da entrada principal para evitar o pior. Dos três, Dimas e Serginho se fixaram aqui. Miguel, que era atacante, tinha as pernas tortas. Silvio Carlos o batizou de Miguelito, o garoto de ouro. Na estreia, um fiasco. Segundo jogo, a mesma coisa. Só veio deslanchar no terceiro jogo, quando marcou seu primeiro gol. Demorou pouco, porque torcedor é cruel com artilheiro que não sabe balançar as redes. Aguenta até o quinto jogo, não mais do que isso.

REI DA ROLETA

.ROMÁRIO tinha fama de ser boêmio e de adorar uma roleta. Flamengo veio jogar aqui. Resolvi tirar a prova dos nove, montando campana no Marina Park após a partida em que tomou parte. Ao meu lado o amigo de todas as horas, José Maria Melo. Lá pra 1 hora da madrugada, Romário pegou um táxi. Resolvemos segui-lo. Foi bater na boate Guarani, famosa pelas roletas e baralho. Fábio Leite, grande figura e seu proprietário, permitiu que entrássemos. Deu a cada um de nós fichas de 100 cruzeiros na época. Recomendou apenas que não tivesse foto. Nossa intenção era a de saber se Romário bebia ou não. Cara no chão. Ele adora uma roleta e, ao seu lado, copos de coca-cola. Era abstêmio. Ficou lá até 4 da manhã, sem beber um gole de álcool.

PERGUNTA INCONVENIENTE

.DEPOIS da famosa entrevista com Pelé, que deu primeira página e de Tostão, que só queria tocar piano, fomos (eu e meu irmão Sérgio) atrás de Rivelino, maior ídolo do Corinthians, lá no Savanah, o hotel preferido dos grandes clubes. Após o almoço, fomos ao encontro de Riva, muito solícito, por sinal. Pergunta vai, resposta vem, quando Sérgio, meu irmão, resolveu interferir, pedindo pra tomar parte. De lá disparou - "Você é gago assim de nascença?". Riva, que não era gago mas tinha voz de taboca rachada, levantou-se do sofá - "Não tem mais entrevista, não tem mais nada. Acabou aqui...".

SURRA QUE NÃO LEVEI

. IVONÍSIO Mosca de Carvalho, espécie de faz tudo no Ceará, me deu a "bomba" pra soltar no meu programa das 5 horas - "Ceará acabara de fechar a contratação da dupla Joãozinho e Erandy, do rival Fortaleza". Embarquei na canoa. Mais tarde haveria rodada dupla, com Ceará na preliminar e Fortaleza na principal. Quando cheguei ao PV, lépido e fagueiro, estava lá um grupo de tricolores ensandecidos, comandados pelo Luiz Rolim, o homem do charuto e Bodinho, o da banca. Me cercaram com mais uns 20. Queriam saber se a notícia tinha fundamento. Não tive outra saída e propus - "Deixem pra dar a surra em mim depois do jogo acabar e vocês verão se é verdade ou mentira. Se for mentira, podem dar a surra". Acordo feito, final do jogo, o Ceará anunciou a contratação da dupla. Quem pagou o pato foi o presidente do Fortaleza, que saiu do PV num camburão da PM. Dia seguinte, renunciou ao cargo, mas o furo havia se confirmado. Ufa!

 

Foto do Alan Neto

Não para... Não para... Não para de ler. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?