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Briga contra o rebaixamento remete ao barco que vê em frente uma ponta de iceberg
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Colunista do O POVO, Alan Neto é o mais polêmico jornalista esportivo do Ceará. É comandante-mor do Trem Bala, na rádio O POVO/CBN e na TV Ceará. Aos domingos, sua coluna traz os bastidores da política e variedades.

Alan Neto esportes

Briga contra o rebaixamento remete ao barco que vê em frente uma ponta de iceberg

Tipo Opinião

.RETA final deste Brasileirão feito aos trambolhões, enfim, entra na fase de afunilamento. Após 30 rodadas aos trancos e barrancos, restam apenas 8 jogos para cada participante, pouco importando aí em que situação se encontram, confortáveis, para muitos, desconfortáveis para os que brigam desesperadamente na zona de desespero. Fortaleza, infelizmente, neste rol.

.REMETE à história do navio que navega em mar turbulento e mais à frente enxerga a ponta do iceberg. Ou dele desvia ou, inevitavelmente, afundará. Não vem ao caso, nem adianta rememorar os erros, que foram muitos, cometidos por sua diretoria, especialmente no tocante a troca de técnicos, a insistência num perdedor. Em última instância traz de volta outro cujo histórico é mais de perdas do que de ganhos. Agora, está na casa do sem jeito. Terá que ir com o Enderson até o final, na base do salve-se quem puder.

ZONA DE CONFORTO?

.CEARÁ, ao contrário, está em zona mais confortável, a ponto de se dar luxo de perder para o Bragantino dentro do Castelão, levando vareio de bola. Fez de conta que nada aconteceu, como se uma derrota não devesse ser levada a sério.

.ALVINEGRO tem os mesmos 8 jogos, os mesmos 24 pontos a disputar do Tricolor, com a diferença de que os adversários são outros. Esta zona de conforto — que Deus livre o Alvinegro —, se trouxer em seu bojo três derrotas seguidas, as coisas começarão a ficar pretas. Soberba demasiada é sinal de terreno .OU Guto Ferreira não viu, de onde estava, os erros crassos cometidos pela equipe, ao ser envolvida pelo Bragantino com facilidade? Porque o clube paulista queria vencer e o Ceará fez de conta que estava ali no Castelão apenas a passeio, se lixando pelo que pudesse acontecer. Nenhum setor do time funcionou, exceção do goleiro Richard, que evitou um vexame muito maior, quem sabe até mesmo uma goleada homérica.

PEQUENAS CURIOSIDADES

.ALGUMAS curiosidades que saltam aos olhos nessas 8 rodadas que restam. Reparem bem para alguns dados interessantes, pinçados dos alfarrábios do Miguel Júnior, guardião da minha memória.

- NENHUM clube matematicamente pode ser considerar rebaixado, mesmo os que estão nas últimas colocações, atolados na areia movediça, mas ainda respirando.

.ASSIM como nenhum clube pode se considerar campeão, porque a briga lá no pódio, envolve pelo menos 6 equipes, apesar da liderança ainda estar com o São Paulo. Já esteve melhor. Foi perdendo pontos, permitiu que Internacional e Atlético-MG encostassem nele. Um pouco mais atrás o Flamengo.

.NA briga para não cair, 7 são os que se debatem desesperadamente neste mar revolto — Botafogo, Coritiba, Goiás, Bahia, Fortaleza, Vasco e Sport, não necessariamente nessa ordem. Quatro cairão. Que os deuses tricolores saiam em seu socorro, além da oração de São Francisco.

EQUILÍBRIO DA BALANÇA

.ATENTEM agora para este detalhe tão importante. Apenas 5 clubes não trocaram de técnicos — Ceará, Santos, Grêmio, Atlético-MG e São Paulo. Coincidência ou não, são os que mantém mais equilíbrio na competição, embora o Ceará ainda não esteja a salvo, porém, quase.

.QUE lição se pode tirar? Que se o time vai bem, inexoravelmente passa pelo trabalho do seu treinador. Outro lado da moeda. Clube que troca de técnico constantemente está a procura de entrar no olho do furacão. Detalhe — Fortaleza trocou duas vezes.

ETERNO SOLDADO

.DIMAS Filgueiras, afetado pelo Alzheimer, tem tanta história no Ceará que enumerá-las daria um livro.

.DUAS delas. Quando o Ceará se propôs a contratar Clodoaldo, que havia saído do Fortaleza por pregar mais uma daquelas peças, Eulino Oliveira, então na presidência, mandou Dimas a Ipu, terra natal do Capetinha, com a missão de trazê-lo para o Alvinegro de qualquer maneira. Lá se foi o Filgueiras. Em lá chegando, após descer na rodoviária, alugou um jumento, meteu um chapéu na cabeça, comprou um par de óculos, foi em busca de Clodoaldo. Foi fácil achá-lo. Mais fácil ainda foi convencê-lo a trocar de camisa. Foi a maior rasteira de todos os tempos. A troca de camisas não fez o Capetinha mudar em nada seu belo futebol.

.A OUTRA. Ceará atravessava séria crise administrativa, atolado em dívidas, por total irresponsabilidade de um presidente que por lá passou. Ninguém queria assumir o gigantesco abacaxi. Foi quando Dimas entrou em cena.

. "SEM presidente o Ceará não ficará. Se ninguém quiser assumir a presidência do clube é só o Conselho Deliberativo se reunir e me eleger. Quem tem uma torcida como esta que o Ceará tem não pode temer nada".

.FOI aí que entrou em cena Antônio Góis, que resolveu encarar os problemas. Acabou como um dos 3 maiores presidentes da história do Ceará.

 

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