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Ceará e Fortaleza: dois extremos ao lidar com a quase queda
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Colunista do O POVO, Alan Neto é o mais polêmico jornalista esportivo do Ceará. É comandante-mor do Trem Bala, na rádio O POVO/CBN e na TV Ceará. Aos domingos, sua coluna traz os bastidores da política e variedades.

Alan Neto esportes

Ceará e Fortaleza: dois extremos ao lidar com a quase queda

Tipo Opinião

.VALE a pena dar uma volta nos ponteiros do relógio do tempo porque as histórias são parecidas e o contexto é (quase) o mesmo. Protagonistas? Ceará e Fortaleza. Personagens? Robinson de Castro e Marcelo Paz, respectivamente presidentes do Alvinegro e do Tricolor.

.ANO, 2020. Ceará esteve à beira do abismo do rebaixamento, quando foi salvo no último gongo pelo Cruzeiro, envolto em crise financeira, salários atrasados, jogadores formando grupinhos, os mesmos que derrubaram Rogério Ceni.

.POIS bem. O Ceará acabou se salvando menos por mérito dele, sim, porque o Cruzeiro fez de tudo pra ser rebaixado. Aliás, continua lá até hoje. Nem o turrão Felipão deu jeito.

.O QUE aconteceu? Dia seguinte, Robinson de Castro marcou coletiva com a imprensa, espaço aberto para que fizessem perguntas à vontade, embora fosse ele o protagonista.

.ACONTECEU o inesperado. Quando todos imaginavam que o presidente alvinegro fosse cantar loas a permanência do Ceará no Brasileirão, ele desceu a lenha, sem dó nem piedade.

RAJADAS

.ENTRE outras coisas, que a memória ainda conseguiu guardar, desatou o nó do desabafo, mandou rajadas pra todos os lados — "Estou aqui não pra comemorar a permanência do Ceará na Série A e sim pra dizer que estou morrendo de vergonha com a campanha feita pelo clube, cuja classificação devemos não a ele, e sim ao Cruzeiro". Esqueceu de agradecer o clube mineiro, embora devesse.

.NÃO ficou aí. Disparou mais balas da sua metralhadora giratória — "Quero anunciar pra vocês que a partir de agora o Ceará passará por uma reformulação completa e total em todos os seus setores, a começar pelo elenco, passando pela parte administrativa. Esta lição nós aprendemos".

.O QUE aconteceu depois todos sabem. Dispensou uma récua de jogadores medíocres, passou a contratar reforços mais qualificados, a começar pelo comando técnico. Foi então que surgiu em cena Guto Ferreira, de há muito no seu radar.

.MEXEU no vespeiro da parte administrativa, contratando executivos de peso. O primeiro cuidaria do futebol, com bom currículo por ter atuado durante três anos no Internacional. Com ele viria um gerente de futebol da sua confiança. O terceiro executivo já estava em casa, João Paulo, homem responsável pelo equilíbrio das finanças alvinegras. Três executivos bem pagos.

.QUANTO ao restante da diretoria, todos ficariam em seus postos apenas pra fazer figuração. Estabeleceu como primeira tarefa a indicação de bons jogadores ao executivo de futebol. E mais — com os três despacharia diariamente, começo de noite.

.DETALHE. Todos teriam direito a agir em seus setores livremente, mas a última palavra seria dele, Robinson. Fez mais uma, quem sabe inédito, no futebol brasileiro — pagaria os salários dos atletas antes do final do mês. Depois daí todos se puseram a trabalhar, fazendo funcionar seus segmentos.

BOM TAMANHO

.PELO sim, pelo não, a fórmula deu certo. O Ceará termina o ano na Sul-Americana, confirmado no Brasileirão há cinco rodadas. Podia ter chegado à pré-Libertadores, se ousasse mais. Mas a Sul-Americana ficou de bom tamanho.

OUTRO LADO DA MOEDA

.ANO, 2021. Fortaleza acaba de passar pelas mesmas agruras do rival, ano passado. Permaneceu no Brasileirão — tudo bem, menos pelos seus méritos. Sim, pela combinação de resultados, especialmente a colaboração dada por Vasco e Goiás. Caso contrário teria descido de volta à Segundona.

.QUAL a reação do presidente Marcelo Paz? Por acaso marcou uma coletiva? Nunca. Por acaso desculpou-se junto à torcida pelo (quase) vexame do time? Até agora nada.

.PARA surpresa geral, anunciou daria novo crédito de confiança ao técnico Enderson Moreira ao invés de lhe dar as contas, após a acachapante goleada do Bahia, aqui dentro por 4 a 0, por pouco não levando o Tricolor ao abismo.

.REFORMULAÇÃO, no elenco? Por enquanto nem um pio. Contratar executivos para os setores fundamentais? Nada. Mas como? Ao profissionalizar toda diretoria, em torno de 14 membros, serviu pra inchar a folha tricolor, onde todos teriam salários, a partir dele, pois ninguém é de ferro.

.QUANTO custa esta folha extra? Segredo de maçonaria. Mas daria pra contratar no mínimo 3 bons executivos, pagando, quem sabe, a metade.

PONTA DA LÍNGUA

.CADA qual dentro do seu terreiro impondo suas diretrizes de gerenciar um clube de futebol da dimensão de Fortaleza e Ceará. Em cada cabeça uma sentença. Mas cabe perguntinha absolutamente idiota — qual das duas filosofias deu certo?

.É O suficiente olhar pra tabela final do Brasileirão e a resposta está na ponta de língua.

 

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