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Copa do Brasil, o torneio em que os clubes recebem fatias generosas na boca do cofre
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Colunista do O POVO, Alan Neto é o mais polêmico jornalista esportivo do Ceará. É comandante-mor do Trem Bala, na rádio O POVO/CBN e na TV Ceará. Aos domingos, sua coluna traz os bastidores da política e variedades.

Alan Neto esportes

Copa do Brasil, o torneio em que os clubes recebem fatias generosas na boca do cofre

Entre um torneio milionário e outro que pouco empolga, clubes cearenses todos preferem a competição nacional
Tipo Opinião
Fortaleza encara hoje o Ypiranga, após despachar o Caxias, ambos do Rio Grande do Sul (Foto: EVERTON SILVEIRA/AE)
Foto: EVERTON SILVEIRA/AE Fortaleza encara hoje o Ypiranga, após despachar o Caxias, ambos do Rio Grande do Sul

- COMO tudo no futebol brasileiro é feito sem um mínimo planejamento, a bola não para de rolar por competições diferentes. Que loucura! Em plena disputa da Copa do Nordeste, de repente a Copa do Brasil volta à cena. Há um perguntinha idiota que cabe bem dentro deste contexto — qual das duas tem mais importância para os cearenses?

- CEARÁ, Fortaleza e até Ferroviário responderão em coro: Copa do Brasil. Por duas razões, simples de responder. Primeira — pela dimensão nacional que a competição encerra, com muito maior visibilidade do que o Nordestão, um torneio, apenas, para consumo da Região.

- A OUTRA razão, certamente a de maior relevância, o lado financeiro. As cotas são polpudas e recebidas no ato. Ou seja — vencedor passa na boca do cofre da CBF, recebe o seu quinhão, sem descontos, limpíssimo.

- QUEREM um exemplo? O Ferroviário atuou, até agora, apenas uma vez, conseguiu classificar-se. Com a cota recebida pagou uma folha de pagamento e ainda sobrou-lhe troco. Se passar na próxima, contra o América-MG esfregará as mãos e lamberá os beiços.

- COPA do Brasil compensa financeiramente quem dela participa, ninguém reclama, nem quer ficar de fora. A CBF é ou não é uma mãe? Já disse uma vez, repito mil — é páreo duro pra Casa da Moeda. Também não me perguntem de onde vem tanto dinheiro. É segredo guardado debaixo de mil chaves. Aos clubes pouco importa tal detalhe. Recebendo a parte que lhes toca, o resto mais não interessa.

FEIRA LIVRE

- MAL teve tempo de virar a chave do Nordestão, saborear a vitória sobre o chamado todo-poderoso Bahia — da boca pra fora, bem entendido —, o Fortaleza já volta a campo hoje a noite pra enfrentar o Ypiranga, de Erechim. Menos mal que o jogo será no Castelão, pois se fosse pra voltar ao Rio Grande do Sul, que castigo alemão!

- YPIRANGA jogará aqui pela primeira vez. Contudo, chegou a tal condição de disputar a Copa do Brasil por ter sido o terceiro colocado do Gauchão. Lá, como aqui, encontram sempre um brecha pra meter mais um. A Copa do Brasil, com 90 clubes em disputa, virou monumental feira livre do futebol. Teve começo, quando terá fim, mais fácil ganhar na loto.

- FATO de vir de tão longe, pouco conhecido, de atuar fora de seus domínios, não invalida a participação do Ypiranga. Entrou pela porta da frente da Copa do Brasil e vem disposto a surpreender. Todos dizem a mesma coisa.

- APARENTEMENTE o Fortaleza é o favorito. Quem garante? Por jogar em casa? Por ter mais visibilidade do que o adversário? Tudo isso pode até contar, mas na teoria. Recomenda-se confiar desconfiando. Enderson Moreira pelo tempo que tem na estrada do futebol conhece cada palmo deste chão.

OLHO GORDO

- AO Fortaleza, a vitória hoje à noite interessa muito mais do que todas as outras já catalogadas na Copa do Nordeste. Motivo? Fator financeiro. Está em jogo a nada desprezível cota de R$ 1,7 milhão. Uma bolada rechonchuda. Se o Tricolor vencer, terá garantida mais da metade da sua folha de pagamento. O Ypiranga, que não é bobo, deve estar de olho arregalado nesta prenda.

- OBRIGAÇÃO de vencer o Fortaleza não tem, mesmo atuando na Castelão. Leva, porém, uma baita vantagem, por este motivo e alguns outros mais. Por exemplo? Após a vitória sobre o Bahia, o time elevou o moral e Enderson Moreira se sente mais seguro, após livrar-se de tantas pressões.

- SE aceitar conselho, que é como rapé, basta não mexer na formação que derrotou o Bahia com invenções que, por vezes, o compromete. Se estava esperando o time mais ou menos ideal, encontrou o caminho. Basta reprisá-lo. Simples assim.

PONTA DOS CASCOS

- NORDESTÃO, os dois clubes cearenses estão muito bem na fita. As vitórias do Fortaleza sobre o Bahia, aqui, e a goleada acachapante do Ceará sobre o Sport, deixaram ambos na próxima fase. Não se trata de nenhuma surpresa. Pelo nível técnico da competição, estavam (quase) na obrigação.

- A DIVISÃO de grupos enseja a que alguns clubes posem de favoritos. É o caso da dupla cearense. Esta divisão foi feita exatamente com esta finalidade. Pode pintar alguma zebra, sim, porque sem ela o futebol não teria a menor graça.

GOL HISTÓRICO

- NA longínqua Salgueiro, no final de semana, coube ao Ciel, ele mesmo, marcar um gol histórico, que ocupou todos espaços da mídia brasileira neste domingo frugal.

- DO meio do campo tentou acertar o gol do adversário, naquela do se colar, colou. A bola foi se aninhar no fundo das redes. Este gol ganhou fama por Pelé ter tentado e não conseguido.

- DETALHE. Ciel não é o primeiro a ser autor da façanha, como alguns enfatizam. Lorota. Alguns conseguiram. Aqui mesmo, anos atrás, Cláudio Adão arriscou e fez. E Arturzinho, com a camisa do Fortaleza, repetiu o feito.

 

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