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Pia batismal internacional do Ceará lá na Argentina, contra o Arsenal
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Colunista do O POVO, Alan Neto é o mais polêmico jornalista esportivo do Ceará. É comandante-mor do Trem Bala, na rádio O POVO/CBN e na TV Ceará. Aos domingos, sua coluna traz os bastidores da política e variedades.

Alan Neto esportes

Pia batismal internacional do Ceará lá na Argentina, contra o Arsenal

Tipo Opinião
Felipe Vizeu tem 32 jogos e cinco gols pelo Ceará (Foto: Fausto Filho / Ceará SC)
Foto: Fausto Filho / Ceará SC Felipe Vizeu tem 32 jogos e cinco gols pelo Ceará

.PARA valer mesmo será hoje o batismo de fogo do Ceará na Sul-Americana. Explicando para ser melhor entendido. Atuando em Sarandí, na Argentina, se a memória não me trair pela milésima vez, o Alvinegro fará seu primeiro jogo internacional, longe dos seus domínios e dos olhos da sua torcida. Nesses meus 100 anos de estrada, não me recordo de ter havido outro fora da cancela do Brasil.

.QUE fatores poderão influenciar em tudo isso? Alguns, ou vários. O psicológico, então, é um prato cheio. Achar que um jogador não sente os efeitos de tudo isso é querer compará-lo a um robô ou a um alienado.

.ADVERSÁRIO é diferente, o estádio também, o país é outro, o clima é adverso em todos os sentidos. Cabe até a pergunta um tanto boboca — Ceará terá levado um psicólogo na delegação? Se não levou, derrapou feio.

. AFINAL, é a primeira vez para a maioria dos jogadores. Como eles encararão tudo isso? Com indiferença, com desdém, alheios, dispersos, tanto faz como tanto fez? Só quem não conhece o assunto, acha que o psicológico é uma mera peça de ficção, pode entender que é indiferente para eles, profissionais calejados. Infelizmente, não é.

CAMINHO & TRAVESSIAS

.GUTO Ferreira, experiente na profissão, deve entender do assunto, muito embora seu currículo em jogos internacionais ainda não lhe dê o estofo tão imprescindível. Esta Sul-Americana deverá lhe ensinar novos caminhos e outras travessias.

.FATO de só se mirar por tapes dos adversários, todos fazem isso. Ajuda, sim, mas não é tudo. A estrada vai além da imaginação. Ele também sabe disso, ou se não sabe, fatalmente retirará lições preciosas a partir de hoje.

RETRATO FALADO

. ADVERSÁRIO do Ceará, o Arsenal, é de Sarandí, nos arredores de Buenos Aires, espécie de Maracanaú, se fosse aqui. No Campeonato Argentino é o lanterna entre os 13 clubes. Em 11 jogos, só venceu 3, empatou 2. Sua defesa é o ponto mais fraco, pois sofreu 20 gols, embora tenha vencido as últimas duas partidas.

. EVIDENTE que o time argentino vai tirar proveito da situação de emergente do Ceará na competição, a exemplo do que aconteceu aqui, com o Wilstermann, que só conhecia Fortaleza através do mapa. O nível técnico dos dois é muito parecido, apesar da bagagem do clube boliviano ser mais volumosa.

.ARSENAL manda seus jogos para o estádio Julio Grondona, ex-presidente da Confederação Argentina de Futebol, espelho da nossa CBF inclusive com suas mazelas. A capacidade do estádio não chega a superar o PV, azul de todos nós. O Arsenal conquistou apenas um título de expressão nacional em 2012 — Torneio Clausura da Argentina. Em 2007 foi campeão desta mesma Sul-Americana, cujo figurino era outro.

PRATO FEITO

.CEARÁ não deverá mudar sua forma de jogar, nem Guto mexerá naquele time que derrotou aqui o Vitória, no último sábado. Vizeu, de todos os atletas alvinegros, é o que tem mais bagagem em Sul-Americana, deverá ser mantido. Sua experiência deverá ajudar aos que entrarão em cena pela primeira vez atuando fora do Brasil.

. CEARÁ está com o prato feito, pronto para ser servido. Haverá a precaução natural, quer dizer, amarrar mais o setor defensivo, reforçar a meia-cancha, num 4-4-2 disfarçado, embora válido. Alvinegro buscará a vitória, evidentemente, mas o empate ficará de bom tamanho. Perder? Já faz tanto tampo que o Ceará, do Guto, não sabe o que é ser derrotado. Deve ter perdido esta cartilha.

.FUSO horário será o mesmo, a temperatura deve ser diferente, enfim, quando a bola rolar, o sangue ferve dos dois lados. Um buscando a vitória em seus domínios. O outro se desdobrando para não chamuscado.

O PRIMEIRO NÃO

.FORTALEZA, confirmando as previsões, foi em busca de Fernando Diniz. Recebeu o primeiro não, com os agradecimentos de praxe. O rumo dele poderá ser o Santos. Bom técnico, sim, embora xérox do Guardiola, naquela de passes curtos bem sincronizados. Guardiola fez escola e imitar o que é bom não é defeito.

.TRICOLOR embrenha-se em novas tentativas, mas já sinalizou positivamente que pretende um técnico de ponta, pois é isso que o Brasileirão requer. Luxemburgo deve estar nessa fila e teria muita repercussão, pelo currículo encorpado.

.SAIR caro para os cofres tricolores, razão cabe ao grande Silvio Carlos — investimento alto, lucro alto. De treinador fichinha, basta. E que Marcelo Paz não se atreva a dar ouvidos as indicações do Papellin, que tem uma queda pelo Barroca. Já não chega o estrago que o Enderson fez?

.A PROPÓSITO de Enderson. Em desabafo nos microfones da vida, ele disse ter ficado surpreso com sua dispensa, após o bom índice de aproveitamento do Fortaleza. Pelo visto, fez ouvidos de mercador ao clamor geral da torcida tricolor exigindo sua saída. Ao gosto do torcedor, ele sequer devia ter vindo. Deu na melada que deu. Torcedor é sábio.

 

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