Logo O POVO+
Flamengo x Fortaleza: o reencontro de Ceni com o Tricolor
Foto de Alan Neto
clique para exibir bio do colunista

Colunista do O POVO, Alan Neto é o mais polêmico jornalista esportivo do Ceará. É comandante-mor do Trem Bala, na rádio O POVO/CBN e na TV Ceará. Aos domingos, sua coluna traz os bastidores da política e variedades.

Alan Neto esportes

Flamengo x Fortaleza: o reencontro de Ceni com o Tricolor

Ex-técnico do Leão agora comanda o todo-poderoso bicampeão brasileiro no duelo desta quarta-feira, no Maracanã
Tipo Opinião
Antes de ir para o Flamengo, Rogério Ceni colecionou títulos pelo Fortaleza (Foto: Alexandre Vidal / Flamengo)
Foto: Alexandre Vidal / Flamengo Antes de ir para o Flamengo, Rogério Ceni colecionou títulos pelo Fortaleza

.FLAMENGO x Fortaleza, no Maracanã, é o prato principal da rodada de hoje pelo Brasileirão. Para a torcida tricolor, bem entendido. Os dois teriam, fatalmente, de se encontrar um dia, seguindo o que determina a tabela da competição. Lá ou aqui, não viria ao caso. Ocorre que será no ex maior estádio do mundo, assim quis os deuses do futebol.

.O QUE tem de especial este jogo para que atenções se voltem tanto pra ele? Simples explicar. É o reencontro do técnico Rogério Ceni com o clube que o projetou no futebol nacional, dando-lhe a primeira grande chance de, na nova profissão, apesar de o São Paulo, berço de Ceni, como goleiro, ídolo e mito, ter lhe oferecido esta a oportunidade.

.INFELIZMENTE na nova profissão, para o qual tanto se preparou, fazendo estágios em clubes europeus, Ceni no São Paulo fracassou, de lá saindo enxotado pelos protestos da torcida que, antes, tanto o aplaudira.

.O TORCEDOR é sábio e faz suas diferenças. Uma coisa é ser idolatrado como o maior goleiro que o São Paulo teve em todos os tempos, a ponto de ser recordista em gols, de falta ou pênaltis. Outra bem diferente é ser treinador de futebol. A diferença chega a ser quase abissal.

.O TORCEDOR perdoa o atleta pelos erros que comete, em nome da fidelidade ao clube do seu coração. A outra é vê-lo travestido de técnico no comando da equipe. O erro fatal de Ceni foi o de meter na cabeça que iria iniciar sua carreira no São Paulo, por dívida de gratidão ou vaidade doentia, vá lá que seja. Não estava ainda preparado pra ser treinador. Redundou em fracasso.

BENDITO CAMINHO

.PRECISAMENTE aí onde o Fortaleza atravessou o seu caminho, em lance arriscado do presidente Marcelo Paz. Balançou as estruturas do Pici, não só por se tratar de Ceni, especialmente pelos ribombar que a jogada de marketing causaria. O trabalho de convencimento do presidente tricolor o levou a São Paulo, tentando convencê-lo, durante três dias.

.BARREIRA principal que encontrou, conta e risco da vaidade de Ceni, era começar num clube do Nordeste, para ele sem expressão nacional. Coisa de jogador que foi famoso, mas como técnico ainda cursava o jardim de infância. O aprendizado na Europa foi útil. Faltava o principal: pô-lo em prática.

.DÚVIDA cruel do ex-goleiro. E se fracassasse também no Fortaleza? Sua carreira, ainda engatinhante, rolaria abismo abaixo. Marcelo usou um argumento que acabou convencendo. Qual? Faria um contrato de risco, cujo item principal, seria o de permanecer no Tricolor pelo tempo que quisesse, somando-se a isso o fato de implantar no Pici tudo o que aprendera no São Paulo em termos de estrutura. Teria carta branca.

XEQUE-MATE

.FOI o xeque-mate que o convenceu a aceitar. Não por acaso foi dele, Ceni, a ideia de transformar o Estádio Alcides Santos num Centro de Excelência, modelo trazido do São Paulo. Deu-lhe sinal verde pra atuar em todos os setores, inclusive na culinária do clube passando em revista o cardápio preparado para os jogadores.

.ÁGUA mole em pedra dura, Ceni acabou aceitando vir. A repercussão foi estrondosa pelo nome, pela fama, pelo seu passado, repercutindo em todo o Brasil. Faltava o principal. E como técnico daria certo ou não? Deu e os frutos começaram a aparecer com títulos acumulados em vitórias seguidas. A era Ceni no Pici, não será esquecida.

FILHO PRÓDIGO

.ATÉ tentou voo mais alto, quando chamado pelo Cruzeiro. Não deu certo por encontrar um clube em crise e uma casa bagunçada. Marcelo Paz, como a história do filho pródigo, o trouxe de volta ao Pici para uma espécie de reinicio do que havia deixado no caminho. De novo, acertou na mosca.

.EPISÓDIO referente a ida para o Flamengo, tisnando a sua imagem, pela forma como saiu pela porta dos fundos, foi compreensível. Como rejeitar um convite de um clube da dimensão do Flamengo? Ninguém declinaria. Fato de ter feito ingratidão a quem o projetou é bobagem. Não há isso em futebol profissional. Acontece às pencas.

.MARCELO Paz soube entender isso e o liberou, sem queixas, nem lamúrias. Era a chance tão almejada. Risco maior era, no comando de um clube de massa, Ceni voltasse a fracassar como o fez no São Paulo. Desta vez a sorte não lhe foi madrasta.

.DESDE que deixou o Fortaleza é a segunda vez, hoje, que irá confrontá-lo na borda do campo. Remete a história da criatura e o criador. Sim, porque se foi o maior ídolo no São Paulo como jogador, foi no Fortaleza onde aprendeu os caminhos para se tornar um técnico de renome. Esta dívida de gratidão é irresgatável.

 

Foto do Alan Neto

Não para... Não para... Não para de ler. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?