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Historinhas de outros tempos: Alan Neto encontra Zico e Carlos Alberto
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Colunista do O POVO, Alan Neto é o mais polêmico jornalista esportivo do Ceará. É comandante-mor do Trem Bala, na rádio O POVO/CBN e na TV Ceará. Aos domingos, sua coluna traz os bastidores da política e variedades.

Alan Neto esportes

Historinhas de outros tempos: Alan Neto encontra Zico e Carlos Alberto

Colunista rememora entrevistas e conversas com os dois ex-craques em visitas ao Ceará, Enquanto o camisa 10 do Flamengo se irritou, o capitão da Copa de 70 desfiou confidências
Tipo Opinião
Segundo Alan Neto, Zico não gostou de ser pressionado (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Segundo Alan Neto, Zico não gostou de ser pressionado

- DOS tantos convidados por Sérgio Ponte na sua Noite das Personalidades Esportivas, exceção de Pelé, sempre trouxe quem bem quis. Zico, no auge da carreira, umas duas vezes, sempre se valendo da amizade do jogador com o cantor Fagner.

- ZICO, ídolo do Flamengo, tentou cobrar cachê pra vir, porém Fagner interveio, dizendo que Sérgio era seu amigo particular, que o evento era sério, tinha muita credibilidade. Só assim ele abriu mão. Com a bola nos pés, era insuperável, dentro da faixa de campo, embora suas experiências, quando convocado para a seleção, fracassaram.

- EXPLICA-SE. Tem jogador de clube e jogador de seleção. Zico não era dos tais. Na seleção sua bola parecia diminuir, a camisa parecia pesar, enfim não conseguiu deslanchar.

- QUANDO foi vendido para o Unidese, da Itália, por nota altíssima, não demorou tanto tempo, logo retornou ao Mengão. Alegou saudades da família, clima frio, falta de ambiente, enfim essas mil coisas que explicam, mas não justificam. Zico era caseiro. Quer dizer, só se sentia bem com a camisa do Mengão.

- JAMAIS deu para técnico de futebol, não tinha cacoete de comandar um elenco. Os dois filhos que teve, nenhum conseguiu emplacar na profissão. Aliás, isso é comum. Simples fato do torcedor esperar do filho mais o que do pai ou pelo menos igual. Tal pai, nem sempre dá bom filho. No futebol, bem entendido.

- FALANDO, Zico também era limitado. Dizia apenas o trivial, nada mais do que isso, com respostas vazias, sem consistência. Nas entrevistas, pouco dele se arrancava.

- DEPAREI-ME com ele numa dessas ocasiões. Tentei arrancar alguma coisa, debalde. Uma inconfidência, quem sabe, nada. Então mudei o rumo da prosa.

- ALI, diante de mim, microfone aberto, talvez imaginasse fosse perguntar algo parecido com "qual seu jogo inesquecível?", "qual o gol mais bonito da sua carreira no Maracanã?", esses lugares comuns que todos perguntam pra encher a bola.

- FUI direto ao ponto. "Zico você sempre jogador de um clube só, o Flamengo. Quando saiu de lá pra Itália não se deu bem e voltou logo, isto é, fracassou. Na seleção do mesmo jeito. Tem explicação?"

- O GALINHO ruborizou. Talvez não se deparasse com um jornalista que chegasse a tanto e saiu-se galhardamente (?) com essa — "Porque você não vai perguntar a sua mãe?"

- FAGNER interveio a tempo, retirou Zico do local. Ele, bufando de raiva, me descompondo com todos os palavrões do mundo.

- PEDIU ao Fagner pra ir embora, bradando — "Antes que eu dê umas porradas nesse sujeito".

ÚLTIMA PALAVRA

- SE Zico era assim, o lateral Carlos Alberto era totalmente diferente. Quando, então, tomava duas doses de uísque, a língua se soltava.

- SÉRGIO promoveu um jantar pra poucos convidados em seu apartamento. Lá estava eu. Tinha a curiosidade de conversar com Carlos Alberto, lateral da inesquecível seleção de 70, dele arrancar algumas inconfidências.

- PRINCIPAL delas. Porque, Rivelino foi escalado na ponta-esquerda, quando era meia de ligação, mas para a posição havia Gérson, considerado intocável. Como resolver a questão?

- CARLOS Alberto abriu o jogo. "Zagalo, que era cobra criada, sabia que não podia ensinar nada a quem, como Pelé, Tostão, Jairzinho, Gérson, eu, éramos do ramo. Ele, particularmente, não queria barrar Rivelino, não só pra não se queimar com a torcida corintiana, ademais não merecia. Riva passava pela melhor fase da carreira.

- O QUE fez o Velho Lobo? Chamou nosso grupo, expôs o problema. Rivelino não estava, claro. A solução saiu da boca do Gérson — 'Escala o Riva como falso ponta, eu fico me revezando com ele na meia. Dará certo. Pode deixar que combino com ele'. Zagalo sorriu. Antes de deixar o quarto já tinha desatado outro nó — Tostão e Pelé ficariam se revezando como centroavante, Tostão caindo mais pra esquerda, enquanto o Pelé entraria pelo corredor a sua disposição".

- CARLOS Alberto concluiu — "Bastaram três treinos. Vencemos a Copa mais fácil de todas elas, pois aquela seleção não perderia pra ninguém. Jogávamos por telepatia. Zagalo teve mérito, claro, por saber lidar com todos nós, mais como amigo do que como treinador.

Foto do Alan Neto

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