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Incertezas povoam o futuro de Ceará e Fortaleza no segundo turno da Série A
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Colunista do O POVO, Alan Neto é o mais polêmico jornalista esportivo do Ceará. É comandante-mor do Trem Bala, na rádio O POVO/CBN e na TV Ceará. Aos domingos, sua coluna traz os bastidores da política e variedades.

Alan Neto esportes

Incertezas povoam o futuro de Ceará e Fortaleza no segundo turno da Série A

Alvinegro, de técnico novo, tenta encontrar um caminho para crescer. Tricolor, de treinador argentino, busca reencontrar o futebol vibrante da primeira perna da légua tirana nacional
Tipo Opinião
Tiago Nunes, técnico do Ceará (Foto: Aurelio Alves)
Foto: Aurelio Alves Tiago Nunes, técnico do Ceará

FORTALEZA e Ceará viraram a chave do primeiro turno, sem muito o que reclamar da campanha que realizam. Tricolor perto do topo, enquanto o Alvinegro se enrosca entre a turma do meio. Teoricamente poderia ser o contrário. E por qual razão não foi? Futebol tem suas incertezas e interrogações.

POR falta de melhor elenco não foi. O do Alvinegro teórica e financeiramente é superior. Ocorre que as peças não engrenaram, ou por incompetência de quem comandou, ou por terem sido mal escaladas. Como cada treinador tem sua escola própria, time pode se perder no meio do caminho, que não tem volta. Foi o que ocorreu com o Ceará.

FREIO DE MÃO

INSISTÊNCIA e persistência com Guto Ferreira foi o ponto crucial. Mesmo abusando de fazer a equipe atuar com o freio de mão permanentemente ligado, faltou ao Ceará a ousadia que todo time de futebol é quase obrigado a ter se quiser correr riscos de alçar voos mais altos.

HÁ técnicos que preferem não tentar alçar um limite maior, talvez por entender até onde a limitação do seu elenco consegue chegar. Na concepção dele, claro. Do jogador, a visão pode ser outra, desde que explorado o potencial que nele existe. Este o motivo principal que levou o Alvinegro a apelar muito mais para jogar pra não perder do que tentar o caminho da vitória. Hoje, o Ceará, maior herança deixada por Guto, é o time que mais empatou no Brasileirão. Pode chegar a algum lugar, claro, menos o do pódio entre os melhores. Não decepciona, mas ainda longe de brilhar.

APOSTA NO ESCURO

FORTALEZA, num lance muito mais de sorte, naquela do se der, deu, porque pior que estava não podia ficar, resolveu procurar uma solução fora do Brasil, precisamente na Argentina. Lá foi encontrar o desconhecido Vojvoda cujo cartel, como técnico, era pouco conhecido.

TENTATIVAS feitas com os dois últimos que passaram pelo Pici (Chamusca e Enderson) foram frustrantes. Havia necessidade de dar uma sacudida no elenco e por qual razão não buscar fora do Brasil? Guiado por este pensamento, após pesquisar quem no mercado argentino estava livre, encontrou Juan Pablo. Uma aposta no escuro que acabou dando certo.

EXPLICAR o porquê desta metamorfose pode ser simples, assim como não. Menos que a bagagem do argentino recomendasse, tangido ao Tricolor muito mais pela vontade de mudar. Um treinador vindo de outro País, talvez fosse a chave que o clube tanto procurava. Vojvoda acabou preenchendo todos esses quesitos.

ÁGUA PARA O VINHO

PRIMEIRO quesito a ser preenchido por ele seria provocar no Tricolor uma mudança radical na forma de jogar. Que ele aplicasse aqui a filosofia do futebol da Argentina, cuja forma de atuar nas quatro linhas tanto difere dos brasileiros.

TANGIDO pelos bons ventos do Pici, com o mesmo elenco que estava ao seu dispor, Juan Pablo conseguiu o dom da transformação do perfil tricolor. Simplesmente fez o time atuar de forma aguda, abolindo a troca de passes inúteis para os lados, buscando o caminho do gol com insistência e intensidade, a palavra mais usada nos últimos meses.

TRANSFORMAÇÃO foi surpreendente e para melhor. Da água para o vinho. Do time amorfo, sem brilho, opaco, o Fortaleza mudou radicalmente. Os próprios resultados obtidos estão aí a provar que a diretoria, mesmo sem querer, acabou por acertar no alvo. Diferença entre ele, Vojvoda, e os que passaram pelo Pici foi visível. Que o diga a campanha da equipe, hoje entre as quatro melhores.

OVO DE COLOMBO

E POR qual razão o Ceará não achou em Guto Ferreira este ovo de Colombo que o rival encontrou de forma tão simples? Porque em cada cabeça de treinador há uma sentença. Fazê-lo mudar a forma de ser é mais fácil tentar escalar o pico de uma montanha. Decifrando para ser entendido. Há treinadores que pouco estão ligando se vai mandar sua equipe a campo para perder se a sua intenção é a de vencer. Futebol sempre foi assim, desde seus anos dourados. Vojvoda não fez mais do que desencavar essa fórmula porque é assim que se joga na Argentina. Aplicou aqui, deu certo e deu sorte.

OUTRO lado da história revela o Ceará, tentando mudar sua maneira de jogar. A troca de treinador foi a primeira providência. Infelizmente, até agora não deu certo. A troca pode funcionar se Tiago Nunes mudar seus conceitos. Pelo andar da lenta carruagem alvinegra, tudo faz crer que a cartilha dele se identifica muito mais com a do seu antecessor. Estaremos diante de uma xerox do Guto? Parece...

 

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