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Os bons tempos do Campeonato Cearense
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Colunista do O POVO, Alan Neto é o mais polêmico jornalista esportivo do Ceará. É comandante-mor do Trem Bala, na rádio O POVO/CBN e na TV Ceará. Aos domingos, sua coluna traz os bastidores da política e variedades.

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Os bons tempos do Campeonato Cearense

MILONGAS à parte, voltemos ao chão da realidade, pra deixar o torcedor atualizado, se é que a ele isso esteja interessando muito
Fortaleza joga contra o Ceará hoje, sábado, 05, pela Copa do Nordeste; veja onde assistir ao vivo ao jogo, horário, provável escalação e últimas notícias.  (Foto: Aurelio Alves)
Foto: Aurelio Alves Fortaleza joga contra o Ceará hoje, sábado, 05, pela Copa do Nordeste; veja onde assistir ao vivo ao jogo, horário, provável escalação e últimas notícias.

NOSSO Estadual de há muito, perdeu o encanto dos anos anteriores, somada a motivação que deixou de existir, pois o torcedor está se lixando pra ele. Teria que acontecer um dia, os tempos são outros, os Estaduais se transformaram apenas em recheios para iniciar a temporada e de cabo eleitoral para os presidentes de federações se perpetuarem no poder. Mauro Carmélio não podia fugir a esta regra. Na cadeira onde está sentado, se perpetuará.

O PODER tem mais encantos que desencantos. Só em ser chamado de "presidente" já o deixa todo empavonado. Mauro é boa gente e foi colocado ali, primeiro, porque foi preparado pelo tio Fares, pra sucedê-lo um dia. Depois porque Mário Degésio, das boas amizades que fiz no futebol, encarregou-se de fazer a travessia.

UMA tarde, numa das cabines do Castelão, perguntei-lhe porque não se arriscaria a permanecer no cargo, bastava-lhe uma canetada. Degésio, de cuja carona me servi tantas vezes, respondeu de forma sarcástica - "Além de não ter saco pra aguentar aquelas conversas sem pé nem cabeça, ninguém entra lá se não for pra pedir alguma coisa e nem sempre é possível de atender Prefiro não perder meu cochilo da tarde".

EXPLICA-SE. Mário gostava dos bastidores, não da linha de frente. Deixava isso a cargo do general Aldenor Maia a quem reelegeu tantas vezes entendeu. Além do mais, sabia que se pretendesse o cargo teria que entrar em disputa com Lívio Amaro, á´época o manda-chuva do América. Se batesse de frente perderia o amigo.

PREFERIU, então, manter intacta amizade COM o Lívio por perto. Sempre torci para que os dois, um dia, fossem para UM duelo nas urnas. Nunca aconteceu porque à Degésio faltava o apetite de ser presidente. Interinamente o foi, até passar para Fares Lopes que já preparava o sobrinho Mauro para o cargo. Nem sei quanto tempo Carmélio está no poder. Consta, foi reeleito, agora para o quarto mandato, mais quatro anos.

COMBINOU-SE assim. A presidência seria do Fortaleza, enquanto a vice em poder do Ceará. Alguém, por acaso, sabe quem é o vice-presidente atual da FCF? Não vem ao caso, nem ao torcedor importa, preocupado com coisas mais sérias neste futebol onde as coisas sérias são empurradas com a barriga.

CONTANTO o calendário seja seguido, cumprindo-se o figurino determinado pela CBF, o resto mais é tocar a banda conforme o zabumbeiro mandar. Logo, é um cargo que, mordomias à parte, quer dizer, um interminável faz de conta, ninguém está interessado nele. O bigode do Carmélio já embranqueceu mas ele já mandou dizer que não o pintará, muito menos o raspará. Virou marca registrada.

O TOM DA BANDA

MILONGAS à parte, voltemos ao chão da realidade, pra deixar o torcedor atualizado, se é que a ele isso esteja interessando muito. Realidade aí, o nosso Estadual, pobre, mas nobre. Não é o melhor do planeta, mas acaba sendo em nome deste meu bairrismo atávico. Tempos bons aqueles do Torneio Inicio, quando o Gumercindo com sua banda dava o tom do desfile e o Alzir Brilhante, aparecia no pelotão da frente, trazendo atrás de si uma cordilheira de árbitros.

COMEÇAVA as 13 horas, não tinha hora pra terminar. Podia até ser uma bagunça geral, mas no final dava tudo certo com o público ali a espera da chamada grande decisão. Os jogos eram retalhados em dois tempos de 15 minutos. Se houvesse empate, decisão por pênaltis.´Fiquem a imaginar a bagunça do entra e sai de times, ao todo acima de dez. Meu irmão Flávio Ponte cuidava de me levar. Lá pras tantas sumia sem antes ralhar - "Você não se levanta da cadeira, até eu voltar". Era quem me tirava as dúvidas. Fez de tudo para que torcesse pelo Ceará, mas não houve jeito. Procurava sempre uma outra alternativa, tipo Gentilândia ou Usina, até o Ferroviário atravessar a linha do meu coração.

NÃO por rebeldia, mas ficava a matutar - que graça tem torcer pelos mais fortes se são os preferidos da maioria dos torcedores? Flávio alterava o tom da voz - "Se não for Ceará, Fortaleza você também não é". Sempre fui metido a rebelde sem causa, espécie de Robin Hood sem arco, nem flecha. E se acabei optando pelo Ferrão, muito mais por lealdade à Ruy do Ceará, história que já contei aqui algumas vezes.

A BOLA ROLA

DE volta ao chão da realidade, o tempo devorou, infelizmente, o legado de um passado de encantos mil e histórias sem fim. Muitas até parecem folclore. O que nos restou foi um Estadual sem a menor graça, onde a bola rola mais quadrada que redonda, até os favoritos - Ceará e Fortaleza - entrarem em cena. A decisão será entre os dois ou alguém ainda tem dúvida?

TURMA do baixo claro esfria o sol enquanto tricolores e alvinegros arrumam suas casas. Estão também se lixando para o que está acontecendo. Só no final da semana passada iniciaram seus treinamentos, ainda capenga por conta da Covid que assola e não tem vacina que dê jeito.

TÃO inusitado é este campeonato a ponto de não aproveitarem o domingo, ontem, marcando a rodada pra hoje segunda-feira. Tal ideia só pode ter sido vertida da cabeça de algum gênio de plantão. Desta espécime o futebol cearense está entupido. Neste segmento, somos insuperáveis...

 

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