Colunista do O POVO, Alan Neto é o mais polêmico jornalista esportivo do Ceará. É comandante-mor do Trem Bala, na rádio O POVO/CBN e na TV Ceará. Aos domingos, sua coluna traz os bastidores da política e variedades.
Colunista do O POVO, Alan Neto é o mais polêmico jornalista esportivo do Ceará. É comandante-mor do Trem Bala, na rádio O POVO/CBN e na TV Ceará. Aos domingos, sua coluna traz os bastidores da política e variedades.
QUANTOS clássicos, como este de hoje, ao cair da tarde, beirando a noite, entre Ceará x Fortaleza, ficaram impregnados na minha retina? Impossível saber o número exato, tantos foram que perdi as contas. E o mais emocionante de todos eles? Também impossível saber qual. Primeiro, porque trata-se da nossa melhor mercadoria, quem sabe a única que ainda nos restou. E levantemos as mãos para os céus.
O DE hoje vale pela Copa do Nordeste, ainda bocejante, os dois em grupos distintos, precisamente aí onde acertaram no alvo, quer dizer, fatalmente a dupla se defrontaria. A diferença é a de que o Nordestão engatinha, mas aí é problema de tabela. Ou seja — tanto poderiam jogar hoje, como o fariam mais adiante, quando a competição esquentasse.
MELHOR fosse logo ou deixasse lá pra frente, quando os dois times estariam mais afinados e entrosados em suas linhas? Tanto faz, como tanto fez. Hoje ou mais adiante, a expectativa seria a mesma, em nada atenuaria a rivalidade, Sem ela não teria a menor graça e não passaria de um jogo qualquer. O timbre rivalidade faz toda diferença.
COLOCAR na balança quem está melhor dos dois me remete à frase do genial Moésio Gomes ao proclamar — "O peso das camisas equilibra o clássico". De tantas frases que rotularam nosso clássico maior, fico com esta do Moésio, por sinal, esteve dos dois lados, como jogador e técnico e no Ceará, apesar do protesto veemente do seu pai, coronel Mozart, tricolor das raízes, quando sagrou-se campeão, outro feito inesquecível, historinha já contada aqui algumas vezes.
VOLTEMOS aos dias de hoje. Será o primeiro Clássico-Rei do ano mas não ficará só nele. Outros virão. Quem sabe mais uns três ou quem sabe até quatro. Ainda há, entre os dois em formação, algumas dúvidas e certezas. Os técnicos — Vojvoda de um lado, Tiago Nunes do outro — catam a formação ideal. Há um esboço do que poderá ser. Treinador nunca está satisfeito com o que tem e procura sempre algo melhor.
FAZ parte do ofício. Os estilos também se diferem. Vojvoda trouxe da Argentina a cartilha de como se joga lá e tenta adaptar o Fortaleza dentro desse estilo, privilegiando a intensidade, o que exige de cada jogador um esforço maior. Pelo sim, pelo não, vem dando certo, contudo longe do ponto onde quer chegar.
ESTA cartilha exige troca de posições constantes, montado num, até certo ponto indecifrável, 3-5-2, com subidas e descidas constantes dos laterais ou dos que revezam na posição. Não há uma posição fixa deste ou daquele jogador, exceção dos que atuam mais ofensivamente, os chamados homens de área. Vojvoda não se contenta apenas com um, quer dois fazendo a mesma função. Vá entender o que se passa na cabeça de técnico de futebol.
TIAGO Nunes opta pelo tradicional, com variações táticas que ele passa aos seus comandados. Como explicar, na teoria, torna-se relativamente fácil. Na prática, bola rolando, nervos à flor da pele, o enredo muda de figura. No futebol há uma distância abissal entre a teoria e a prática.
PRESUME-SE um bom clássico, desde que as precauções de cada lado não se excedam. Se alguém fizer um levantamento — os historiadores, então, são bambas na matéria — concluirá que no encontro entre tricolores e alvinegros há mais empates registrados do que vitórias de cada lado. E se há, a diferença é muito diminuta. Faz parte da tradição. Não é só privilégio nosso. Por aí afora acontece o mesmo, caso contrário não surtiria o menor efeito a palavra clássico. Pressupõe o quê? Equilíbrio de forças.
ASSIM como o histórico registra poucas goleadas, última das quais atravessada na garganta de um deles, ansioso pra ir à forra. Faz parte do figurino, açulando ainda mais a rivalidade entre as duas torcidas. Como água e óleo, não se juntam jamais. Impressão que deixa é a de que cada jogador duplica suas energias dentro das quatro linhas.
SOMADAS essas características, a tendência é a de que poderemos ter um clássico do porte da tradição histórica de alvinegros e tricolores. A lamentar, apenas, a redução do Castelão, por conta do vírus, precaução tomada pelo Governo para evitar aglomerações. Não é isso que irá tisnar a importância da nossa melhor mercadoria, desde que os dois resolvam, em campo, pôr em prática um bom futebol.
CONFIRMADO furinho, o Fortaleza fechou a contratação do atacante Kayzer. Já se somam cinco para uma mesma posição, enquanto anuncia, finalmente, a estreia do argentino Silvio Romero. Neste segmento de contratar reforços, o Fortaleza passa a perna no maior rival, privilegiando, quase sempre, quem atue de forma ofensiva. E o Ceará não irá reagir? Robinson de Castro, naquele seu jeitão de ser, sai pela tangente — "O que temos em nosso elenco está de bom tamanho". Não demora muito e a torcida alvinegra rufará seus tambores de guerra. Quem sobreviver, verá...
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