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Fortaleza e Sport abrem final do Nordestão, que poderia ter sido o Campeonato do Nordeste
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Colunista do O POVO, Alan Neto é o mais polêmico jornalista esportivo do Ceará. É comandante-mor do Trem Bala, na rádio O POVO/CBN e na TV Ceará. Aos domingos, sua coluna traz os bastidores da política e variedades.

Alan Neto esportes

Fortaleza e Sport abrem final do Nordestão, que poderia ter sido o Campeonato do Nordeste

Nordestão é uma competição interessante, ao menos para preencher um espaço em aberto no calendário. Bem melhor seria se fosse transformada em Campeonato do Nordeste, extinguindo desenxabidos Estaduais
Contrato da Liga do Nordeste com a CBF para realização da Copa do Nordeste se encerra este ano, mas a edição de 2023 está garantida (Foto: FABIO LIMA)
Foto: FABIO LIMA Contrato da Liga do Nordeste com a CBF para realização da Copa do Nordeste se encerra este ano, mas a edição de 2023 está garantida

RETA final da Copa do Nordeste, alcunha Nordestão, chega hoje a sua última etapa, com a classificação entre Fortaleza e Sport. Faz justiça aos dois melhores, ou, se quiserem, os menos ruins da competição.

NORDESTÃO é uma competição interessante, ao menos para preencher um espaço em aberto no calendário. Bem melhor seria se fosse transformada em Campeonato do Nordeste, extinguindo desenxabidos Estaduais.

ESTA ideia não é minha, nem é nova. Dista uns trinta anos, esposada pelo Clóvis Dias, a quem sempre gosto de citar, menos por ter sido dirigente do clube do meu coração, caso o Ferroviário, sim, porque sempre fluiu da sua mente ideias avançadas no tempo.

CLÓVIS enxergava bem mais adiante do que os demais, que preferiam olhar para seus próprios umbigos. Ou seja — o que interessava ao seu clube e o resto que se lixasse ou fosse plantar batatas. Esta ideia do Clóvis foi esposada num encontro reunindo os principais dirigentes dos clubes nordestinos no Marina.

ATÉ lembro que todos se entreolharam, talvez surpresos, mas, no fundo, queriam entender mais como seria transformado em realidade, pois encontrariam obstáculos pela frente.

PRIMEIRO deles as próprias federações, por interesses políticos. Explicando melhor. Os demais clubes, que seriam extintos, sempre foram os maiores cabos eleitorais para que os presidentes das entidades se eternizassem em seus cargos, pois o peso do voto era um só. Após discussões intermináveis, acabaram em nada.

O EMBRIÃO

PROJETO do Clóvis seria escolher, de cada Estado, os três principais clubes, totalizando algo em torno de vinte ou mais, se elaboraria um regulamento, seguindo depois o trâmite normal. Sua intenção era nítida. Criar-se uma competição mais robusta, tendo como pano de fundo a rivalidade, que viria por osmose.

MORREU no nascedouro. Deve ter gerado, a partir daí, algo parecido, mas sem toda esta pompa e em dimensões menores. Logo batizou-se de Nordestão, que até hoje sobrevive. A rivalidade tão almejada em proporções maiores, se o campeonato emplacasse, foi diluída, embora deixasse um rastro positivo.

O NÓ górdio, jamais desatado, foi exatamente a extinção dos clubes menores, que deixariam de existir. Neste rol já estavam o Calouros do Ar, Gentilândia, América, que tempos depois foram sumindo do mapa por absoluta falta de uma estrutura mais densa.

PARA quem, até então, não sabia a razão do Nordestão existir, de que forma foi gestado, a historinha contada, rigorosamente real, vai servir para matar a curiosidade de muita gente. Continuo até hoje dando cavaco por qual razão o Campeonato do Nordeste não se transformou em realidade, comboiado pela ideia luminosa do Clóvis.

ATITUDE SALVADORA

APROVEITO o embalo pra contar outro fato ocorrido com o Clóvis, quando presidia o Ferrão, também rigorosamente real. Numa partida de futebol, pelo Estadual, ao ver o Ferroviário sendo goleado pelo Ceará, ainda no primeiro tempo, temendo por um vexame mais vergonhoso, desceu às pressas das cadeiras, jogo em pleno andamento, dispensou o técnico ali mesmo, na borda do campo. Não vem ao caso quem era o treinador, à época bastante conhecido.

COMO não havia auxiliar-técnico na ocasião, sequer existia, ele mesmo passou a exercer o papel de treinador, comandando a equipe. Os jogadores em campo, ao vê-lo posando de técnico, pelo sim, pelo não, redobraram seus esforços, evitando um mal maior.

FERRÃO perdeu, o placar não foi modificado, porém a postura da equipe passou a ser outra bem diferente. O vexame maior foi evitado. Sabe lá o que é olhar para o banco e ver o dono do clube dando ordens, mesmo que na base do grito? Uma cena, quem sabe inédita, dentre tantas histórias que o futebol conta.

DARIA pra escrever, não um livro, sim um almanaque, se minha memória despedaçada fosse de armazenar fatos reais ou folclóricos, vá lá que seja, com tanta nitidez. Vez em quando vou lembrando e passo a contar em forma de folclore. Que pode até não ser rigorosamente verdadeira, mas mentirosa também não é.

O QUE VEM DEPOIS?

JÁ começaram a dar o ar da graça as próximas atrações, antes do início do Brasileirão. São elas Libertadores e Sul-Americana. Trazem o timbre de internacionais por envolver clubes da América do Sul. Nas duas, o futebol cearense estará representado por Fortaleza (Libertadores) e Ceará, que dá o repeteco na Sul-Americana, da qual sentiu o gosto ano passado, infelizmente, logo despachado. O Fortaleza terá seu batismo no andar de cima.

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