
Colunista do O POVO, Alan Neto é o mais polêmico jornalista esportivo do Ceará. É comandante-mor do Trem Bala, na rádio O POVO/CBN e na TV Ceará. Aos domingos, sua coluna traz os bastidores da política e variedades.
Colunista do O POVO, Alan Neto é o mais polêmico jornalista esportivo do Ceará. É comandante-mor do Trem Bala, na rádio O POVO/CBN e na TV Ceará. Aos domingos, sua coluna traz os bastidores da política e variedades.
QUE se esperava um clássico equilibrado, era pedra cantada. Foi assim, contudo, mas nem tanto. Fortaleza venceu de 2x0, bem poderia ter chegado aos três. Pikachu, sempre ele, liquidou a fatura com os dois gols marcados, um dos quais de pênalti. Tornou-se o artilheiro isolado do Tricolor, embora não sendo atacante, mas faz de conta que é. Sim, pela forma como atua, em todas as áreas do campo, a ponto de até artilheiro se transformar.
NENHUMA surpresa se ele sempre foi assim, desde a época do Paysandu, seu clube de origem. Dentro de campo, há momentos em que parece só ter ele, como se tivesse o dom de se multiplicar.
MAS o Ceará sabia disso, o técnico Marquinhos Santos, com especialidade. Se o deixou à vontade é porque achava, lá com os botões dele, que o Pikachu não merecia vigilância especial. Outro erro infantil, para não dizer crasso.
PORÉM, não só foi isso. O Fortaleza venceu, por algumas razões. A principal delas porque tem melhor time, mais encorpado, mais entrosado, melhor postura tática dentro de campo. Neste ponto, méritos para o Vojvoda, cujo elenco bem o sabe das qualidades de cada um. O que é explicável. Há bom tempo no comando da equipe, impôs ao Fortaleza um novo ritmo e uma outra forma de atuar.
PRINCIPAL item, não ter receio de perder, muito menos se resguardar com medo de ser derrotado. Talvez seja este seu maior mérito ao transformar o Tricolor numa equipe de personalidade forte, que vai a campo com o objetivo de vencer, afastando a hipótese de atuar pelo empate e a derrota faz parte de uma partida de futebol.
ELEMENTAR a lição, até de cartilha do ABC, de que qualquer equipe de futebol que entra em campo cheia de receios, faz um jogo amarrado cujo objetivo é precisamente o de não ser derrotado, está pedindo pra perder. A outra hipótese a de empatar. Precisamente o oposto o maior rival. Essa diferença chega a ser visível.
OS gols surgiram naturalmente. Primeiro valendo-se do excelente preparo físico do Pikachu, depois, porque ele é, hoje, o ponto de maior referência do Fortaleza. A rigor, ninguém sabe mesmo qual é a sua verdadeira posição se está em todo lugar. Deveria ser atacante, mas não é. Deixá-lo atuar à forma como sabe e como gosta, este o filão que o técnico argentino sabe explorar muito bem.
MAS qual mesmo a surpresa se o Pikachu sempre foi assim? Alia o excelente preparo físico, que o deixa até mesmo — exagero à parte — na frente dos demais, somado ao incrível faro de gol. Ou o Marquinhos Santos, treinador do Ceará, não soube estudar o adversário que iria enfrentar, deixando-o inteiramente à vontade, para fazê-lo se impor em campo? Só pode. Pois se pensou assim, entrou solenemente pelo cano. Bem feito.
Nosso clássico maior sempre se caracterizou pelo equilíbrio de forças. Não foi bem o que aconteceu ontem. O que queria, então, o novo técnico do Ceará? Propor o jogo para que seu adversário caísse na armadilha ou esperar o que viria de lá para só então dar o bote? Errou de novo e duplamente.
DESCULPA de que só agora está começando a conhecer o elenco, bobagem que não convence. Há que, sim, reconhecer que seu time foi pior e por esta razão perdeu. Onde, por exemplo, está o poder de fogo do Ceará? As estatísticas comprovam que não existe ou se há, com ele no comando, as cartas não foram marcadas.
SE o Alvinegro está na dependência do Vina jogar bem ou mal, para poder propor o jogo, este cavalo ele pode tirar da chuva. Ele só não resolve e, passando pela fase que passa, aí é que as coisas pioram. Cabe outra pergunta inútil. Qual é mesmo o sistema tático que o Alvinegro quer mostrar sob o novo comando técnico? Até agora, ninguém sabe. Preferível aquele Ceará do Dorival.
PEGOU pela frente uma equipe como a do Fortaleza, que está bem montada taticamente faz algum tempo, ou seja, desde que o Vojvoda resolveu lhe dar uma nova cara e um outro estilo de ser. Que faz parte da escola argentina, vá lá que seja.
HÁ setores no Fortaleza que parecem funcionar até por telepatia. Isso vale dizer que é uma equipe bem montada e muito bem estruturada. Méritos para o seu treinador, claro.
SE o Marquinhos sabia disso, por qual razão não tratou de determinar alguém pra ficar vigiando os passos do Pikachu? É uma estratégia, sim, para quem vai a campo sem querer perder. Um técnico usa de todas as ferramentas ao seu alcance pra fazer a equipe que dirige funcionar.
RESUMO de toda esta ópera. No nosso clássico maior, venceu quem foi melhor, quem soube explorar as partes mais vulneráveis do adversário e, principalmente, impor seu ritmo de jogar, sem fazer nada de diferente do Fortaleza que todos estão acostumados a ver jogar. O resto mais é bazófia e desculpas amarelas.
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