Colunista do O POVO, Alan Neto é o mais polêmico jornalista esportivo do Ceará. É comandante-mor do Trem Bala, na rádio O POVO/CBN e na TV Ceará. Aos domingos, sua coluna traz os bastidores da política e variedades.
Colunista do O POVO, Alan Neto é o mais polêmico jornalista esportivo do Ceará. É comandante-mor do Trem Bala, na rádio O POVO/CBN e na TV Ceará. Aos domingos, sua coluna traz os bastidores da política e variedades.
ALGUÉM do Ceará, um dia, teria que vir a público para se pronunciar sobre os efeitos da queda do clube para a Série B. Deveria ser o presidente Robinson de Castro, que abriu mão para que o presidente do Conselho Deliberativo, Evandro Leitão, o fizesse. Os dois são amigos de longas datas e um não faria isso sem o consentimento do outro. Isso posto, se o Evandro disse o que disse, não foi pouca coisa, Robinson consentiu, deve ter assinado embaixo.
SEGURAMENTE, por não ter a fluência do ex-presidente, e atual presidente da Assembleia Legislativa, Robinson deu sinal verde. Amigo, quando se é, concorda e corrobora. Não irá contestá-lo, nem seria de bom tom, para a situação não ficar ainda mais embaraçosa.
CONTUDO, alguém teria que vir a público para cumprir esse papel. Detalhe: o Conselho Deliberativo é o órgão superior do clube, sem esquecer que, por ter sido presidente do Alvinegro, em dois mandatos, talvez três, a memória apagou, deu-lhe maior respaldo.
NÃO podia era alguma voz forte e acreditada do Ceará ficar insensível ao que se passou, deixando a sua torcida ainda mais revoltada. Palavras por vezes proferidas, no momento certo, podem consolar ou assim como podem passar ao largo. Entretanto, quando se é uma voz acreditada como a do Evandro, o torcedor sabe medir, pesar, tirar suas conclusões.
ELE falou o que qualquer torcedor gostaria de ter dito, resvalando para algumas palavras duras, especialmente ao elenco, algumas indiretas, mesmo que suavizasse o tom, à diretoria executiva. Até para não tumultuar ainda mais o quadro atual. Afinal, estava ali no posto um amigo de longas datas, a quem, por sinal, fez dele seu sucessor.
REPERCUSSÃO teve efeitos, sim. Primeiro, por ter dado uma satisfação à torcida do Ceará, menos porque tivesse perdido o pódio para o maior rival, sim, e principalmente, por ter esbarrado onde esbarrou. Série B, o tombo é bem maior e os efeitos incalculáveis. No rol dos quais o financeiro. Em termos técnicos e morais, então, extrapolam.
APONTAR erros e defeitos depois do que aconteceu é ter cacife suficiente para fazê-los. Evandro tem de sobra, pela experiência de quem ocupou o trono, sofrido dissabores, não iguais, evidente. Robinson de Castro não o contestará, nem deve, para evitar que o incêndio em Porangabuçu se alastre ainda mais.
SE terá aprendido com os erros, claro que sim. Com os erros, muitas vezes, se aprende bem mais do que com os acertos. Robinson não é nenhum neófito em futebol, portanto, encontrará vários meios para corrigi-los. Assim todos esperam. Quem já não errou, lembra a passagem bíblica, proferida pelo Senhor, que qualquer um sabe na ponta da língua. Uma das sábias e populares da Bíblia.
A FALA de Evandro veio no momento certo, na hora certa. Esperou um pouco para que a poeira cedesse um pouco, que a revolta se atenuasse, para, então, vir a público. Sua voz pesa entre os torcedores. Não foram em vão as tantas frases desfiadas, somadas ao desabafo oportuno com tempo de sobra para que possam ser meditadas e cada um que faça seu juízo de valor.
TEVE a coragem de apontar os erros na formatação do elenco, comportamento de determinados jogadores extracampo, como se fossem insensíveis, com o cuidado de não citar nomes. Desnecessário, também. Qualquer um sabe. Existem os que conseguiram cumprir suas missões dentro das quatro linhas, uma minoria, vá lá que seja. Assim como existiram aqueles de quem a torcida esperava bem mais e se omitiram, de forma até vergonhosa.
SERIAM eles, então, as maiores culpados? Nem tanto assim. Se numa equipe de futebol um erra, todos erram, afinal, companheiros da mesma profissão que se encontram hoje, se separam amanhã, se reencontram futuramente. É a chamada roda-viva do futebol. Neste ponto, entre eles, há um código de ética, que não precisa ser escrito para ser entendido. Pequeno exemplo — um jogador jamais falará mal do outro, seja em qual for a situação, ou o momento. Se na bonança, todos comemoram. Na tempestade, esperam que tudo passe, como na vida. O futebol faz parte desta gigantesca roda gigante.
O QUE terá de ser feito, a diretoria saberá na formatação de um novo elenco. Poderá haver limpeza geral? Ficarão aqueles que foram melhor avaliados. Que são poucos, não esquecer. O desfile de malas, em forma de conta-gotas, ou aos borbotões, acontecerá, não demora. O tempo passa rápido, logo, logo, as atividades serão reiniciadas. E o começar de novo virá nessas esteira. Quanto ao rebaixamento, este vai demorar um bom tempo para ser digerido. Um tombo desastroso, afinal, não se cura apenas passando o medieval mercúrio cromo.
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