Colunista do O POVO, Alan Neto é o mais polêmico jornalista esportivo do Ceará. É comandante-mor do Trem Bala, na rádio O POVO/CBN e na TV Ceará. Aos domingos, sua coluna traz os bastidores da política e variedades.
CLUBES de futebol não sabem o que quer. Brigaram tanto para tirar o poder da CBF criando duas Ligas. Batizaram-lhes de Liga Forte Futebol e a outra, Libra, que vem a ser Liga do Futebol Brasileiro. Quais água e óleo, não conseguiram juntar as duas numa só Liga. Motivo, divisão de dinheiro. Foi aí que o bicho pegou.
COMO o assunto é um tanto complexo, recorro a um dos meus três salva-vidas, precisamente Brenno Rebouças, o nerd. Ele é aquele tipo que já nasceu feito. Vive futebol as 24 horas. Não morasse tão distante, Maranguape, teria lugar cativo da minha mesa do Trem Bala da TVC.
GOSTO de pessoas assim. Brenno é prestativo, solidário, simples, amigo e, o que é melhor, grato aos que lhe abriram caminho para fazer o que mais gosta, rádio, com incursões pelo jornal, através de textos fáceis de serem digeridos.
RECORRO a ele para explicar a história das Ligas, criadas precisamente para se contrapor à CBF. Como há sempre obstáculos pela frente, as duas Ligas tentaram organizar o Campeonato Brasileiro que está batendo na porta, contudo os clubes não chegaram a um acordo, precisamente porque as duas Ligas não se fundiram numa só.
PARA um entendimento melhor. Os clubes de maiores pesos nas camisas optaram pela Libra. Enquanto alguns poucos grandes e os emergentes optaram pela Liga Forte Futebol. Quando o dinheiro fala mais alto, chutam-se para o alto entendimento, coesão e, especialmente, o comum acordo. Arranca-rabo virou fichinha.
ACHARAM a pior das soluções, caso da divisão das duas Ligas. A CBF a tudo assiste de camarote, gargalhando. Sim, porque ela, antes da criação das Ligas, era tida como a inimiga pública número 1 dos clubes. Quando a verdade dos fatos veio à tona, o buraco era mais embaixo.
A TÍTULO de ilustração, Ceará e Fortaleza estão na Liga Forte Futebol, na turma dos emergentes. Porém, em boa companhia. A outra Liga — rotulada de Libra — lá estão Flamengo, Grêmio, São Paulo e Corinthians. Os dois clubes cearenses estão no mesmo barco de Fluminense, Atlético-MG, Internacional.
QUINHÃO que coube à CBF foi a de organizar outras competições, tais Copa do Brasil, Copa do Nordeste, Supercopa, além de cuidar com exclusividade da seleção brasileira. Ou seja — os farelos do imenso bolo confeitado.
ANOS atrás, quando entrevistei Havelange com exclusividade, melhor presidente que a CBF já teve em sua história, ele enxergou toda essa confusão. Numa simples frase, definiu tudo — "Ou se organiza agora, enquanto é tempo, ou mais adiante surgirão complicações e os problemas ganharão dimensões incalculáveis". Não deu outra.
COPA do Nordeste, criada numa reunião histórica no Marina Hotel, anos atrás, alcançou a sua edição de número 23. Numa encontro entre presidentes de federações do Nordeste e dirigentes locais, fluiu da cabeça do grande Clóvis Dias a criação de um Nordestão, logo após o término dos Estaduais, que viriam em primeiro plano.
A aprovação foi unânime. Ideia inicial de Clóvis, estariam presentes apenas o campeão e o vice. Assim foi feito por um tempo, quando, então, por interferências indébitas, elasteceram o número de clubes.
MOTIVO alegado foi o de que se os clubes de maiores apelos populares não chegassem ao título de campeão e vice em seus Estados, a Copa seria um fiasco. Fazia sentido. Assim se passaram 20 anos. Os alfarrábios de Miguel Júnior registram com precisão, recheados de detalhes preciosos.
(1) - FORTALEZA trouxe o goleiro Kozlinski (que não se perca pelo nome) quando o maior problema é um zagueiro, faz bom tempo. Papellin, por acaso, não terá lembrado este detalhe ao Marcelo Paz?
(2) - JANDERSON, uma das boas figuras do novo time do Ceará, poderá ir para o América-MG. Às vésperas da Série B, o que já não está tão bom assim vai piorar. Acorda, JP!
(3) - DELEGAÇÕES de Fortaleza e Ferroviário foram e voltaram de Recife no mesmo voo. As querelas do clássico de domingo ficaram no gramado do Castelão.
(4) - VAI ter disputa na eleição para a nova diretoria executivo do Ceará. João Paulo Silva não correrá mais em pista livre, evitando até a chata aclamação. Oposição alega que nada mudará, por ser ele, JP, da mesma escola de Robinson de Castro, do qual foi tesoureiro.
(5) - ATACANTE é o que não falta no Fortaleza. Total de 8 para Vojvoda, que adora um rodízio, empanturrar-se à vontade.
(6) - AOS olhos dos cartolas, nenhum jogador do futebol do Interior chamou atenção. Um deles continua dando sopa — Léo Reis, do Iguatu. Autor do gol mais bonito, até agora, em todas as competições no futebol brasileiro.
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