NÃO tem para onde correr. Quando Ceará e Fortaleza se enfrentam o retrato do clássico é quase sempre o mesmo. Se foi assim ao longo dos tantos anos de disputa não seria agora que iria ser diferente. Desta vez deu Fortaleza (2 a 1) como poderia ter dado o Ceará se não fosse tão precavido ou demasiadamente cauteloso. Tanto faz, como tanto fez.

FORTALEZA também pouco mudou o time das vezes anteriores. Com a diferença de que, agora, naquela do arriscar mais, Vodjova fez algumas mudanças as quais, pelo sim, pelo não, deram resultados. Não tanto assim que fizesse o Tricolor ter uma guinada de 180 graus.

LONGE disso. Menos ruim que o Ceará, vá lá que seja. O suficiente para conseguir a vitória, aliviar a barra do Vojvoda pois, se o Fortaleza tivesse perdido mais uma, o argentino estaria em maus lençóis junto a inflamada torcida tricolor. Três derrotas seguidas, não tem paciência de torcedor que aguente.

O QUE, então o Fortaleza, fez para evitar repetir a dose dos clássicos anteriores? Vojvoda resolveu tornar seu time mais ofensivo, ou menos defensivo, para buscar o triunfo. Foi, convém lembrar, ajudado pela má atuação do Ceará que deixou transparecer, claramente, ter dado um branco em toda equipe. Especialmente no primeiro tempo quando foi envolvido muitas vezes pelo rival.

GOL da vitória do Fortaleza, que selou o destino do clássico, logo aos dois minutos do segundo tempo, fez o Tricolor respirar mais aliviado, embora não tanto assim, pois ainda havia um longo caminho a percorrer. Caberia ao Ceará correr atrás do prejuízo, muito mais forçado pela precaução do adversário. Ou faria isso ou podia haver um vexame maior abrindo a guarda total.

ALVINEGRO, então, partiu para o tudo ou nada. Não podia era continuar patético diante da maior ofensividade Tricolor, abrindo clareiras em sua defesa. Fez, então, o que já era de se esperar. Time grande, à beira do desespero, não pode, nem deve, ficar de mãos atadas se está as voltas com o placar adverso. Fortaleza, que bem poderia arriscar e abrir maior margem no placar, contentou-se com os dois gols de vantagem, porquanto o segundo que acabou sendo o da vitória foi marcado no começo do segundo tempo.

CHAMOU o Ceará para seu campo, fechou mais a defesa, reforçou a meia cancha com a entrada de dois volantes pegadores, que o tempo fosse seu maior aliado, na valorização de minutos e até segundos. Não custaria nada borrifar um pouco de catimba, ingrediente, também natural em decisões, quando os nervos afloram à pele.

REZA a lenda que vantagem de dois gols num clássico é muito perigoso, pois chamariz para o adversário entrar no redemoinho, sair do receio, até exagerado, para buscar ser mais presente e buscar com mais insistência as redes do rival. Também faz parte do cardápio de um clássico especialmente se os dois se emparelham na reta final.

ESTE filme já foi reprisado em mil ocasiões, nas vezes em que decidiriam saber quem ficaria com a prenda maior. O que fez então o Morínigo pelo lado do Ceará? Promoveu algumas mudanças táticas, contanto desatasse alguns nós que prendiam a equipe, fez entrar quem estava descansado, mesmo que trocasse seis por meia dúzia, apenas e principalmente com a vantagem de ter mais gás.

SALADA RUSSA

ATÉ porque não seriam o Chay, o Hígor Cléber (prazer!) e o Luvannor que desequilibrariam a partida. São jogadores medianos. A única vantagem foi a de que estavam com maior gás acumulado. Aliás, este ano, o Ceará mandou-se a contratar quem lhe aparecia pela frente, tornando o time ser comparado a uma salada russa.

NÃO resolveram, diante de um Fortaleza bem postado nas quatro linhas, somada a vantagem no placar naquela altura do clássico. O gol de Caio Alexandre, logo aos dois minutos do segundo tempo, foi fatal para as esperanças do Ceará. A busca de um mísero gol para esquentar o clima seria o foco principal. Este gol alvinegro só veio aparecer na fase dos acréscimos graças a colaboração do zagueiro Titi, causador da penalidade, presentão que o Ceará adorou.

EMBORA na reta final da partida, já nos descontos, o Ceará, ajudado por sua torcida e pelo desespero dos jogadores foi tentar o gol de empate. Em desespero qualquer um apela para todos os meios. Faz até lembrar os filmes de faroeste de outrora quando o mocinho, perseguido pelos bandidos, chega a beira de um abismo. Ou busca para o salto do cavalo ou será triturado pela sanha os malfeitores. Pode até não ser o paralelo ideal, mas entra aqui, nesse script, a título de ilustração.

VITÓRIA do Fortaleza na primeira decisão, já se sabe, por antecipação, o que se esperar na segunda. Caberá ao Ceará tentar adiar o título do rival. Emoção em demasia, é fichinha no que está por vir.

QUEM? QUEM?.

UM dia, de tanto mexe-mexe no Fortaleza, o técnico Vojvoda encontrará a formação ideal. Quem se lembra da última vez em que repetiu a mesma escalação... /// DOS tantos reforços contratados pelo Ceará, quem saberá contar nos dedos quantos foram, com nome e sobrenome se não for pedir muito... /// UMA lata de doce de buriti, quem revelar por quanto a televisão local comprou os direitos do campeonato para impor ao torcedor o castigo de não ter jogos aos domingos. Nada contra o sábado, que é dia de shopping ou passear na avenida enquanto seu lobo não vem...