Colunista do O POVO, Alan Neto é o mais polêmico jornalista esportivo do Ceará. É comandante-mor do Trem Bala, na rádio O POVO/CBN e na TV Ceará. Aos domingos, sua coluna traz os bastidores da política e variedades.
Colunista do O POVO, Alan Neto é o mais polêmico jornalista esportivo do Ceará. É comandante-mor do Trem Bala, na rádio O POVO/CBN e na TV Ceará. Aos domingos, sua coluna traz os bastidores da política e variedades.
IMPRESSÃO que se deu foi a de que Sport e Ceará tinham sido escalados na base do par ou ímpar, à moda antiga. Explicando melhor. Juntaram-se vários jogadores que nunca tinham jogado juntos, muito menos se conheciam e apresentados, ali, em campo, pela primeira vez. Cada qual escolhiam os seus, sequer foram apresentados uns aos outros.
O RESTANTE deixaria que a bola, de pano ou de borracha, tanto faz, rolasse, cada um deles escolheria a posição para jogar e o resto mais que se danasse. Dava a nítida impressão também que estavam se conhecendo ali mesmo e que jamais se tinham visto antes.
TODA decisão é muito igual, principalmente se ela vai para a via das penalidades máximas, como aconteceu ontem à noite, na Ilha do Retiro, para se conhecer um vencedor. Alguns fatores, ou vários deles, contribuem para que seja que conhecido um deles o ganhador. Competência, afinal, é o que mais prevalece, mesmo que venha a servir de pano de fundo, ou seja um argumento para justificar a conquista, especialmente se, no desenrolar do tempo normal, o que se viu em campo foi um futebol de uma pobreza técnica, entre dois times parecidos, em tudo por tudo. Inclua-se aí o fator ruindade.
RARAMENTE nunca se assiste uma decisão, seja que espécie for ou o rótulo que queiram dar, que venha a encher os olhos dos torcedores. Incontáveis fatores colaboram para que aconteça. A decisão de ontem à noite da Copa do Nordeste não podia também fugir a essa regra. Como, na verdade, não fugiu, disputada num clima de muita tensão.
AS duas equipes parecem ter combinado para errar muito e acertar pouco, tamanha a preocupação em cada passe, cada chute a gol. Neste segmento, então, foi de doer, precisamente onde a mediocridade reinou nos tantos minutos disputados.
COMO se os dois times também combinassem de que ninguém faria gol ou, se acontecesse, seria por mera obra do acaso. Precisamente o que aconteceu. Por pênaltis, a decisão, mesmo debaixo de expectativa, um festival de roer as unhas seria até menos doloroso. Sim, porque, enfim, teriam a desculpa de que o fator sorte, ou azar, vá lá que seja, deixariam os atletas menos responsáveis. Enfim, não se perde pênalti porque se quer. São tantos os motivos que até cansativo e perda de tempo seria desfiá-los.
DEPREENDE-SE, pois, que tanto Sport, que atuava em casa, quanto o Ceará, que era o visitante, fariam uma partida de mais toques irritantes de bola do que no modelo de fazer de tudo para vencer. Era tocar a bola, fosse de que maneira fosse, contanto o tempo passasse. Já notaram como jogo ruim dá uma cansaço só em ver festival de botinadas, corpo a corpo, passe errados, então, uma grandeza. Uma pelada, como, aliás já se previa.
ESQUEÇAM, por favor, o que se convencionou chamar de fator campo. Ou seja, se o Sport atuava em casa, tinha o apoio da sua torcida vibrante, este fator seria positivo? Nem tanto assim. Torcida ajuda, sim, s empurrar o time a uma resultado positivo. Só não pode é entrar em campo, se tanto o time da casa, qual o Sport, queria tudo, em pensamento, bem entendido, menos perder. Vencer ficaria relegado a segundo plano.
O MESMO panorama ocorreria se a decisão fosse disputada no Castelão. Adversários parecidos não mudam o panorama de um jogo. Os jogadores entram instruídos para não perder a posse da bola, obstruírem os adversários, especialmente no setor nevrálgico, caso a meia cancha, onde, a rigor, as jogadas se iniciam. Se fecham esse setor, o futebol deixa de existir.
CABE perguntinha absolutamente idiota. Que jogadas foram criadas pelos dois adversários que traduzissem em perigo ou domínio deste ou daquele? Nenhuma novidade em se tratando de decisão de um título, seja lá qual for o rótulo que seja dado. O de ontem era a Copa do Nordeste, que, entre outras coisas, revela qual o melhor time da região. Levando em conta o critério de que, por quais vias, também não vem ao caso, desaguaram na final. E se lá chegaram, fizeram por onde merecer. Acreditemos que sim, estribados no regulamento do Nordestão.
NÃO deslustra a conquista do Ceará, claro, especialmente se foi fora dos seus domínios, diante de uma torcida vibrante como é a do Sport. Se alguém teria que ser usado, buscar a vitória de qualquer jeito, este seria o time da casa. Ao Ceará caberia fazer o que fez. Se precaver, tolher as ações do adversários e buscar, em contra-ataques, furar o bloqueio do Rubro-Negro. Em muitas ocasiões até tentou. Que o Sport tomasse a iniciativa. Nada que enchesse os olhos da sua própria torcida, que esperava muito mais, pois, afinal, tudo colaborava para que o Sport se impusesse em campo. Ledo engano. O Sport se cercou de medos e receios, tanto quanto o Ceará. Que dois times parecidos!
O resultado acabou por castigar quem encheu a Ilha do Retiro e foi obrigado a assistir um jogo onde o fator mediocridade foi o prato frio. Uma partida modorrenta, recheada de toques de bola inúteis. Se tivessem combinado antes do jogo começar que o resultado seria aquele, não se perderia tanto tempo. Na decisão por pênaltis, sorte lançada, deu Ceará na cabeça. Detalhe — mas não será por causa do resultado de ontem que irão ressuscitar que a tão decantada rivalidade. A poeira do tempo acabou por dar fim a esse besteirol...
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