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Econofísica: um modelo para aplicação no desenvolvimento regional
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Alexandre Sobreira Cialdini é secretário do Planejamento e Gestão do Estado (Seplag-CE). É economista formado pela Universidade de Fortaleza (Unifor), com mestrado em economia pelo Caen, da Universidade Federal do Ceará(UFC). Também possui mestrado em Planificação Territoral e Desenvolvimento Regional, pela Universidade de Barcelona, especialização em políticas fiscais pela Cepal, pós-graduação em finanças públicas avançadas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), do Rio de Janeiro, e doutorado na Universidade de Lisboa. Já teve passagem na pasta de Finanças das prefeituras de Caucaia, Fortaleza, Eusébio e São Bernardo do Campo (SP). Cialdini é auditor fiscal concursado da Secretaria da Fazenda do Ceará (Sefaz-CE)

Econofísica: um modelo para aplicação no desenvolvimento regional

Estudos preliminares estimam que o complexo multimodal representado por Transnordestina, Porto Seco, ZPE e Porto do Pecém envolverá investimentos de R$ 1,75 bilhão em dez anos, com retorno de R$ 7,2 bilhões no mesmo período

A Econofísica é um campo de pesquisa dinâmico que faz a interface entre a física e a economia, no qual técnicas analíticas e computacionais da física são empregadas para estudar as propriedades dos sistemas econômicos.

O rigor, a precisão e o prestígio da física sempre exerceram grande fascínio sobre nós, economistas. O físico Isaac Newton, por exemplo, criou o modelo gravitacional que influenciou o modelo de comércio gravitacional, o qual prevê naturalmente o comércio entre parceiros, utilizando uma interpretação metafórica da lei universal de Newton - aplicada a países, regiões ou empresas.

Esse modelo foi desenvolvido em 1962, quando o físico e economista Jan Tinbergen, vencedor do primeiro Prêmio Nobel de Economia em 1969, propôs um estudo econométrico sobre o padrão que prevaleceria nas relações entre países sem barreiras comerciais. Segundo ele, “os fluxos de comércio estão diretamente relacionados com a dimensão econômica dos países envolvidos e inversamente proporcional à distância entre eles”.

Tinbergen identificou os países mais afetados por medidas protecionistas, confrontando os resultados com o modelo gravitacional de Newton, segundo o qual “cada partícula do universo atrai todas as outras com uma força (F) diretamente proporcional (k) ao produto de suas massas (m1 e m2) e inversamente proporcional ao quadrado da distância (r).

A adaptação dessa lei ao comércio internacional sugere que o volume de trocas é diretamente proporcional ao Produto Interno Bruto (PIB) -- as “massas” dos países – e inversamente proporcional à distância entre eles. Assim, grandes economias tendem a comercializar mais entre si.

A distância, por sua vez, funciona como um obstáculo: quanto maior, menor tende a ser o comércio, já que custos de transporte e fatores logísticos influenciam negativamente os fluxos.

Nesse contexto, eu e o pesquisador Raimundo Costa (físico), em parceria com outros estudiosos, estamos desenvolvendo um modelo para analisar os efeitos do quadripé Transnordestina–Porto Seco--ZPE–Porto do Pecém, com base na organização dos Arranjos Produtivos Locais (APLs) em seis dimensões: a) territorial; b) diversidade de atividades e de atores econômicos, políticos e sociais; c) conhecimento tácito; d) inovação e aprendizado interativo; e) governança; e f) grau de enraizamento.

Os estudos preliminares estimam que esse complexo multimodal envolverá investimentos de R$ 1,75 bilhão em dez anos, com retorno de R$ 7,2 bilhões no mesmo período. Em apenas quatro anos, espera-se uma profunda transformação no PIB do Estado e da região, com efeitos diretos em 28 municípios.

O modelo gravitacional em desenvolvimento demonstra que os fluxos comerciais crescem quando os custos de transporte diminuem e quando há grandes economias interconectadas. Os portos secos atuam exatamente nesses dois aspectos, ampliando fluxos e fortalecendo a rede de comércio regional.

Foto do Alexandre Cialdini

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