Jornalista, professora e consultora. Mestre em Políticas Públicas, especialista em Responsabilidade Social e Psicologia Positiva. Foi diretora de Redação do O POVO, coordenadora do Unicef, secretária adjunta da Cultura e assesora Institucional do Cuca. É autora do livro De esfulepante a felicitante, uma questão de gentileza
Foto: Nayef Al-ABOUD / AFP
CAPA - Guerra na Síria completa 10 anos neste dia 15 de março com mais de 388 mil mortes, dentre eles 22 mil crianças segunda observatório de direitos humanos.
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Existem lugares que fazem parte da nossa caminhada. Escrever no O POVO, quinzenalmente a partir de hoje, só reforça essa percepção. Agradeço a oportunidade de estar com os leitores, trazendo histórias, fatos do cotidiano e reflexões. Para esta estreia, uma reflexão sobre o que nos constrange e o que nos move.
Semana passada, a imagem de uma grávida, tocando a barriga, sendo carregada em uma maca, me trouxe desassossego. Mãe e bebê morreram. Na guerra entre Rússia e Ucrânia, o horror se espalha em hospitais, prédios, abrigos e filas de fuga, em meio ao frio. Paira um constrangimento no ar: o destino de 1,5 milhão de crianças e adolescentes que fugiram da Ucrânia, segundo o Unicef, e que são quase metade dos 3,4 milhões de refugiados neste conflito.
Em 11 anos de guerra na Síria, 6,6 milhões deixaram o país, dentre os mais de 13 milhões que abandonaram suas casas, a partir do início do conflito, em 2011. Entre os refugiados, 2,5 milhões são crianças. É o segmento mais frágil, tanto em guerras como em calamidades.
"Em assuntos constrangedores, como este, é imprescindível encurtar a distância entre o que nos constrange e o que nos move"
O pesadelo das guerras assusta e se soma ao rastro deixado pela pandemia da Covid-19 em todo o mundo, que já fez mais de 6 milhões de mortos. O Brasil só fica atrás dos EUA em vidas perdidas. Em relação à infância e adolescência, especificamente, relatório do Conselho Nacional de Saúde e Conselho Nacional de Direitos Humanos, de 2021, aponta que, entre março de 2020 e abril de 2021, 113 mil crianças e adolescentes brasileiros perderam o pai, a mãe ou ambos para a doença.
A pandemia da Covid-19, assim como a guerra, traz uma realidade constrangedora de dor para os ainda mais frágeis: os órfãos. De uma hora para outra, crianças e adolescentes foram apartados de suas estruturas familiares. Alguns, incorporados à vida de parentes e vizinhos solidários, mas outros ficaram só com suas memórias.
Em assuntos constrangedores, como este, é imprescindível encurtar a distância entre o que nos constrange e o que nos move. Nesse sentido, soube semana passada da criação, aqui no Ceará, da Articulação em Apoio à Orfandade de Crianças e Adolescentes pela Covid-19 – a Aoca. O movimento conta com o apoio de mais de 168 entidades, e pretende que as políticas públicas deem conta de amparo socioemocional, educacional, jurídico, alimentar, saúde física e mental para crianças e adolescentes órfãos da Covid-19.
Entre as primeiras demandas está conhecer o número real de órfãos da doença no Estado. A estimativa é de 8 a 10 mil crianças, mas, até o momento, as informações ainda são precárias. A Aoca solicitou, e aguarda retorno, uma audiência com o governador Camilo Santana e o prefeito José Sarto. Que as distâncias sejam encurtadas.
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