Jornalista, professora e consultora. Mestre em Políticas Públicas, especialista em Responsabilidade Social e Psicologia Positiva. Foi diretora de Redação do O POVO, coordenadora do Unicef, secretária adjunta da Cultura e assesora Institucional do Cuca. É autora do livro De esfulepante a felicitante, uma questão de gentileza
Foto: Reprodução/Rede Globo
Maria Bruaca vira o jogo em Pantanal quando descobre a traição do marido Tenório e e web vibra com atitude da personagem
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A novela Pantanal, da Rede Globo, tem trazido à discussão um tema que incomoda a mulher desde sempre. Desde que o ser masculino colocou na cabeça (dele) que é superior à mulher, para além da força física (em alguns casos, nem isso), e que o seu órgão genital, por adentrar no da mulher, dá-lhe o direito de fincar bandeira no território feminino como se dele fosse dono.
Pílula anticoncepcional. Camisinha. DIU. Ligação de trompas. Voto feminino. Calça comprida. Cabelo curto, colorido, raspado. Desquite. Divórcio. União estável. Mudar para o apartamento do outro. Voto. Trabalho fora. Trabalho dentro. Nada disso, ao longo das últimas décadas e de um novo século, mudou, ainda, essa primazia de liderança que parte da população masculina pensa ter.
Bruaca! É assim que a personagem Maria, interpretada por Isabel Teixeira, é chamada por Tenório, o marido, vivido pelo ator Murilo Benício. Muitos não conheciam o termo. Avivando a memória alheia, o dicionário Michaelis traz que a palavra carrega cinco definições. E três delas depreciam as mulheres.
As três pejorativas são carregadas de machismo: "mulher velha e feia; bruxa, jabiraca, mocreia", "mulher velha, maldosa e fofoqueira" e "prostituta, geralmente idosa, que não consegue atrair muitos clientes." As outras, mais técnicas, dizem que bruaca seria “cada um dos sacos de couro cru usados para o transporte de objetos, víveres e mercadorias sobre cavalgaduras, presos a cada lado das suas cangalhas" e "bolsa de couro cru para ser usada a tiracolo."
O machismo com que Tenório trata a sua mulher (aliás, uma das duas, porque o personagem é bígamo) começa que ele chama, literalmente, a Maria de bruaca. O desprezo se estende à cama. Ele rejeita as tentativas de chamego da mulher. Sequer olha para a camisola sedutora dela.
No desenrolar da novela, Maria descobre a outra, se revolta, chora, se deprime. E decide virar o jogo. Sem ter retorno aos seus desejos na cama do casal, ela muda penteado, se enfeita e encontra chamego em outros. Sacia sua vontade. Rompe o medo. Quebra o lacre que lhe foi imposto, como se fosse objeto.
Os que têm bom senso torcem para que a Maria da novela, ex-bruaca, siga na conquista da sua identidade, apartada de qualquer condicionamento masculino para que se defina. Torcem que todas as Marias tenham percepção de si, do seu valor. E que a afirmação feminina sufoque o menosprezo, relacionamentos afetivos sob violência psicológica e o assédio que o machismo ainda tenta impor à mulher.
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