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Por quem suas máscaras dobram?
Foto de Ana Márcia Diógenes
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Jornalista, professora e consultora. Mestre em Políticas Públicas, especialista em Responsabilidade Social e Psicologia Positiva. Foi diretora de Redação do O POVO, coordenadora do Unicef, secretária adjunta da Cultura e assesora Institucional do Cuca. É autora do livro De esfulepante a felicitante, uma questão de gentileza

Por quem suas máscaras dobram?

Usar ou não usar a proteção ainda pode ser decisivo para que se proteja, da covid, pessoas com comorbidades
Tipo Opinião
Máscara: uso relaxado apesar da proteção aos mais vulneráveis (Foto: Raquel Portugal)
Foto: Raquel Portugal Máscara: uso relaxado apesar da proteção aos mais vulneráveis

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“A morte de qualquer homem me diminui,
porque sou parte do gênero humano.
E por isso não perguntes por quem os sinos dobram;
eles dobram por ti”

A citação, extraída de um poema do livro “Meditações”, do inglês John Donne, do século 17, ganhou visibilidade no romance do norte-americano Ernest Hemingway, Por quem os sinos dobram (1940). Dentre os significados da expressão, o dobrar de sino é quando a morte de alguém é anunciada ou para anunciar que uma missa vai começar. Podem ser acionados por lamento, mas podem ser também por presságio. E estes podem ser bons ou nãos. Nos dicionários, indicam sinais para acontecimentos futuros.

E daí, me veio uma correlação. Por quem usamos máscaras? Por quem devemos nos dobrar a usar máscaras, a depender da ocasião? Não faltam respostas. Os idosos e as pessoas com comorbidades continuam sendo os mais alcançados pela nova etapa da Covid-19.

Se a doença pode ser contornada por vacinas e maior conhecimento científico, não é possível esquecer as quase 692 mil mortes, no Brasil, causadas pela pandemia. Também não se pode fechar os olhos para as 20 mortes, em 24 horas no país, registradas no último domingo, 18 de dezembro.

Houve um interstício na pandemia e isso levou a que a maioria de nós abandonasse as máscaras descartáveis. Estava todo mundo cansado mesmo de respirar sempre abafado, com dificuldade. A boa notícia do despencar do número de mortes propiciou essa leveza.

Conversando dia desses com o jornalista Carlos Ely Abreu, vimos que, mesmo neste intervalo, a máscara ganhou conotações de classe social. Via-se babás com máscara, mas não os pais da criança; via-se balconistas de farmácias, mas não os clientes. Muitas vezes nem os clientes que estavam em busca de fazer exame de covid.

O certo é que as curvas acentuaram um pouco, trouxeram novos números. Só que “pouco”, no Brasil, pode significar 20 pessoas mortas pela pandemia em um só dia. Pessoas com nome, endereço, história. Se a gente não cuidar, o efeito borboleta pode causar estragos.

Voltando à analogia dos sinos, um de seus derivativos é o termo salvo pelo congo, usado quando uma situação negativa pode ser evitada. Entre a questão do sino e do congo, minha aposta é na humanidade de olhar para o outro.

Estou usando a minha em locais fechados, supermercados, farmácias, e deixando o nariz livre nas calçadas, praças e praia.

Foto do Ana Márcia Diógenes

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