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Gentileza deve ser tema do cotidiano
Foto de Ana Márcia Diógenes
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Jornalista, professora e consultora. Mestre em Políticas Públicas, especialista em Responsabilidade Social e Psicologia Positiva. Foi diretora de Redação do O POVO, coordenadora do Unicef, secretária adjunta da Cultura e assesora Institucional do Cuca. É autora do livro De esfulepante a felicitante, uma questão de gentileza

Gentileza deve ser tema do cotidiano

Falar sobre o assunto, ser empático e acolhedor faz a diferença na vida de qualquer pessoa, de qualquer idade
Tipo Crônica
O Dia Mundial da Gentileza - 13 de novembro - foi criada por um grupo de ativistas em Tóquio, no ano de 1996, com o objetivo de estimular a gentileza, empatia e sensibilidade entre as pessoas. (Foto: Profeta Gentileza)
Foto: Profeta Gentileza O Dia Mundial da Gentileza - 13 de novembro - foi criada por um grupo de ativistas em Tóquio, no ano de 1996, com o objetivo de estimular a gentileza, empatia e sensibilidade entre as pessoas.

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Há dez anos optei por uma grande mudança profissional, que me permitisse novas vivências. Apesar de, à época, ter cantado o refrão “deixa a vida me levar, vida leva eu”, cantada por Zeca Pagodinho, tinha, dentro de mim, sonhos para além da mensagem da música. Elegi três desejos: abraçar a literatura, falar sobre gentileza e ter um programa de rádio. Somente este último acabou sendo adiado, ou substituído por outros que foram se somando.

O plano de falar sobre gentileza começou a se concretizar em 2015, quando, todo dia 15 de cada mês eu contava no Facebook uma história que focasse no tema, vivida por mim ou que tivesse sido contada por alguém. Um desses dias 15, já às 23 horas de uma jornada cansativa, me deixei impregnar pela preguiça e decidi deixar para escrever na manhã seguinte. Fui salva pela mensagem de uma ex-colega de trabalho “não vai ter história hoje não?”.

Na sequência dos meses, os textos mensais foram ganhando mais seguidores, comentários. Comecei a perceber que os casos envolvendo gentileza, delicadeza e sensibilidade para com o outro “pareciam” me procurar. Até que ouvi uma sugestão que trouxe para a realidade outro dos meus desejos “por que essas histórias não se transformam em livro?”.

Procurei o Projeto Eu sou cidadão, amigos da leitura, da Associação para o Desenvolvimento Municipal – APDMCE. Apresentei uma proposta para escrever um livro sobre gentileza para adolescentes. Ideia aceita, a orientação era que não poderia ser piegas. Me comprometi e cumpri.

Assim nasceu o meu primeiro livro, juvenil, “De esfulepante a felicitante, uma questão de gentileza”, lançado na Bienal Internacional do Livro do Ceará, de 2017, na presença de cerca de 1.500 estudantes de escolas públicas de mais de cem municípios cearenses. Com tiragem de 6 mil exemplares, foi distribuído gratuitamente. Depois, ganhou edição comercial, com a Editora Dummar, do Grupo O POVO.

"A gentileza é atemporal. É um valor que cada pessoa deveria amiudar, tornando frequente a reflexão sobre atos empáticos, para que se perceba como receber e fazer gentileza representam uma potente diferença na vida de qualquer um"

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O movimento de falar de gentileza nos mais de cem municípios que participavam do projeto, levou a debates nas escolas, desfiles nas ruas, peças de teatro, programas de rádio. Gerou, inclusive, a apresentação de projetos em câmaras municipais, para instituir o 13 de novembro como o Dia Municipal da Gentileza, a exemplo da data que já é celebrada em nível mundial.

Além de ter contribuído para levar a reflexão sobre gentileza para crianças, adolescentes, suas famílias, professores, diretores, gestores públicos e comunidades, o livro ampliou meu vocabulário, para palavras como “felicitância”, “felicitante”, “maravilhança”.

Atualmente, com três livros, dois contos longos e participação em coletâneas e revistas literárias, integro coletivos de escritoras, como o Mulherio das Letras Ceará, Escreviventes e Lamparinas. E tenho observado, com imensa alegria, que estas palavras têm sido empregadas por várias dessas escritoras, nos mais diferentes estados, e se espalhado, como uma lufada de sentimentos bons.

É justo por isso que estou trazendo este tema para o artigo de hoje. A gentileza é atemporal. É um valor que cada pessoa deveria amiudar, tornando frequente a reflexão sobre atos empáticos, para que se perceba como receber e fazer gentileza representam uma potente diferença na vida de qualquer um. Quem não gosta de ser apoiado, reconhecido, bem tratado simplesmente porque existe, ser cumprimentado, acolhido por conhecidos e desconhecidos?

Falar de gentileza faz a gente se sentir mais apropriado da nossa humanidade, se sentir parte do todo. Não se deve ter vergonha de falar sobre isso. Infelizmente alguns torcem o nariz como se fosse uma temática menor, porque ainda não entenderam a própria essência de ser humano.

Mas, com certeza, não existe ninguém que não goste de receber uma gentileza. E quanto mais a gente faz, mais recebe.

Foto do Ana Márcia Diógenes

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