Ana Márcia Diogénes é jornalista, professora e consultora. Mestre em Políticas Públicas, especialista em Responsabilidade Social e Psicologia Positiva. Foi diretora de Redação do O POVO, coordenadora do Unicef, secretária adjunta da Cultura e assessora Institucional do Cuca. É autora do livro De esfulepante a felicitante, uma questão de gentileza
Escrevo hoje, justo no primeiro dia do ano. E que prazer eu sinto! É algo tão simbólico quanto descerrar o laço para inaugurar um novo tempo. Datas podem ser consideradas apenas representativas, uma amarração irreal entre um dia no calendário e o sentido que se quer atribuir a ele. Não há como negar, porém, a ansiedade pelos inícios, e o primeiro dia de um ano vem carregado de significados, até para quem os renega.
Iniciar um ano é dispor de espaço e tempo para projeções de novos acontecimentos. Nas agendas de papel ou virtuais, no computador ou no celular, vamos escrevinhando nossos desejos, propostas, consultas, reuniões, aniversários... Ler uma dessas agendas ao final do ano é percorrer o mapa de vivências que cada um teve, inclusive a partir dos eventos cancelados.
Essa abordagem das agendas como registro de nossa passagem por um ano inteiro tem muito a ver com cada dono. Algo como uma digital, única.
Não vi ainda nada publicado sobre como os signos preenchem suas agendas, mas acho que seria um estudo interessante relacionar com a astrologia. Há os que usam religiosamente cada página, e os que as esquecem justo nas semanas mais intensas.
O que me invoca e desperta uma enorme curiosidade é saber como uma pessoa consegue passar um ano inteiro sem escrever nada em uma agenda que está ali, ao seu lado. E quando são dois anos seguidos sem escrever nada? Pois encontrei um caso assim.
Duas agendas, uma de 2005 e outra de 2006, completamente em branco. Elas estavam em meio a outras, de diferentes anos, que se encontravam totalmente preenchidas.
Por uma questão ética, não vou expor a quem pertenciam e, sim, o que geraram em mim. Fiquei pensando para que servem e o que significam as agendas não preenchidas?
Por acaso a vida da pessoa, naquele ano, teria sido uma ausência de acontecimentos? Impossível, né? Ou será que quando são publicações com capas duras, bonitas ou mais caras podem suscitar nos donos um sentimento de culpa de escrever naquelas páginas?
Um ano que se inicia é como ter uma lousa, uma tela em que podemos registrar expectativas, guardar o que vai compondo nossas memórias, rabiscar desafios, cruzar medo e realidade. São os detalhes do cotidiano que nos inscrevem num grande cenário onde a vida acontece e por vezes desacontece.
Assim, de que serviriam agendas não preenchidas? Por que não se lançar ao prazer de preencher o que os dias levam e trazem?
Ou ainda: de que adianta guardar coisas bem novinhas, sem usá-las? É na passagem dos dias, e de como nos inserimos neles, que as páginas do nosso tempo se compõem.
No primeiro dia deste novo ano, desejo que cada um utilize suas páginas, de papel ou virtual, para planejar, aprofundar, correr atrás, mudar de ideia, arriscar, acompanhar, comemorar. Mas, por favor, não deixem suas agendas em branco.
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