Além do copinho: corridas precisam se preocupar com impacto ambiental
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Jornalista formada na Universidade Federal do Ceará (UFC). Repórter com foco em saúde e coordenadora de Cidades do O POVO. Eleita no TOP 3 +Admirados da Imprensa de Saúde, Ciência e Bem-Estar do Nordeste. Nesta coluna, trata de assuntos ligados ao mundo da corrida de rua, provas, novos produtos, tecnologia e cuidados com a saúde
Além do copinho: corridas precisam se preocupar com impacto ambiental
Tema não é prioridade na maioria dos eventos. Mas medidas como uso de materiais recicláveis e redução do plástico são possíveis e estão começando a ser adotadas
Foto: Adobe Stock
Algumas corridas deixam um rastro de resíduos sólidos no percurso
Para onde vão os copinhos de água que você consome durante uma corrida? Os eventos do esporte aumentam em quantidade e porte, com cada vez mais atrativos. Mas a preocupação com o impacto ambiental e a sustentabilidade não está entre as prioridades. Pelo menos não para a maioria. Em que medida o posicionamento ambiental das organizações importa para você, corredor?
Me causou estranheza recente evento do qual participei. Perguntei para o estafe onde estavam sacos de lixo, mas me informaram para jogar no chão mesmo, que depois seria recolhido. De outro modo, grande evento do qual vou participar no fim do ano já avisou que não terá copos descartáveis. Cada um ganhará um copo reutilizável e deve levar para o percurso.
Gabriela Donatello, head de Marketing da Ticket Sports, maior marketplace de eventos esportivos da América Latina, é direta ao dizer que a sustentabilidade e o impacto ambiental não recebem a importância devida nos eventos de corrida no Brasil atualmente.
Ela explica que os organizadores brasileiros acabam tendo "preocupações maiores", como com as licenças, o que faz com que esse tema fique em "segundo plano". Segundo ela, medidas como o uso de materiais recicláveis e a redução do plástico são possíveis e estão começando a ser adotadas, ainda que lentamente.
Gabriela cita exemplos internacionais, como a Maratona de Londres, que tem um compromisso "lixo zero", evitando plásticos nos kits e copinhos. Ela reconhece que existem "pequenos passos no Brasil" dados por alguns organizadores mais estabelecidos.
André Comaru, fundador do Coletivo Nossa Iracema, que ensina educação ambiental para a comunidade através de artes plásticas sustentáveis explica que a questão vai além do simples descarte de copos e garrafas, sendo um reflexo de nossa relação tóxica com o planeta e da falta de educação ambiental abrangente.
Comaru, que é publicitário especializado em gerenciamento de eventos, propõe soluções práticas, como a redução do plástico, a responsabilidade compartilhada entre organizadores, patrocinadores e participantes, e a inclusão digna de catadores na gestão de resíduos dos eventos.
Como organizações podem mitigar o impacto ambiental das corridas:
Responsabilidade compartilhada e educação ambiental: é fundamental haver responsabilidade compartilhada entre a organização e os participantes. A comunicação sobre as práticas de sustentabilidade do evento deve ocorrer antes da corrida;
Diálogo com fornecedores: conversar previamente com os fornecedores (insumos do kit, alimentos/bebidas no evento) para trocar insumos descartáveis por aqueles que podem ser reaproveitados ou reciclados;
Eliminação do plástico descartável: retirar o plástico, como copos e garrafas descartáveis, e oferecer opções reutilizáveis torna o evento "absolutamente mais limpo". Corridas "lixo zero" já foram realizadas em vários lugares do mundo;
Inclusão de catadores: trazer as associações e redes de catadores para dentro do evento é essencial. Eles devem ser contratados com pagamento de diária, equipamento, uniforme, alimentação, hidratação, uma central de triagem e visibilidade;
Coletores seletivos e estratégia de descarte no percurso: instalar coletores seletivos (separados por reciclável, não reciclável, orgânico etc) na estrutura do evento. Especificamente para o descarte de copinhos/garrafas durante a corrida. Calcular 50 a 100 metros após cada ponto de hidratação e colocar uma força-tarefa de catadores uniformizados prontos para receber o material. O que passar disso é trabalhado depois, mas essa medida pode reduzir em pelo menos 90% o que cairia no chão.
Para que as ações sejam efetivas, é preciso transformar sustentabilidade em pilar do evento. Para ele, é importante que organizadores e participantes entendam o "porquê" de fazer eventos sustentáveis, que envolvem apelo social — como apoio aos catadores e limpeza urbana — e a questão internacional de combate à crise climática, poluição marinha e saúde do planeta.
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